Uma foto, outras histórias
Israel Dutra reflete sobre o apoio irrevogável do PSOL à luta do povo palestino
Foto: Fred Henriques / Facebook
Está circulando, sobretudo em meios bolsonaristas, uma foto que mostra três dirigentes do PSOL na Cisjordânia, em 2018, com a inscrição “PSOL com a Palestina”. Os dirigentes são Guilherme Boulos, Juliano Medeiros e Frederico Henriques.
A ofensiva das redes da extrema direita busca colocar na defensiva os apoiadores da causa palestina e expor ao público geral a narrativa de que Israel tem todo direito a ocupar Gaza, ampliando a sanha colonial que dura décadas.
No Rio Grande do Sul, essa ofensiva vira seus canhões contra dois parlamentares e dirigentes do MES, Roberto Robaina e Luciana Genro – seja nas redes, seja em alguns meios de comunicação.
A nota que o PSOL publicou não hesita sobre o caráter colonialista da agressão, definindo a luta contra o apartheid e o respeito às resoluções da ONU como orientadoras da ação política.
Juliano, como presidente do partido, em outras ocasiões, dividiu comigo o fogo cruzado, sempre tendo uma postura principista quanto ao tema. Não foram poucas as incursões e polêmicas na imprensa, envolvendo inclusive um ex-deputado do PSOL.
Quero falar de Frederico Henriques. Aliás, Fred para os seus camaradas. Professor e militante há mais de 15 anos, dirigente da nossa organização, o MES, sempre foi afeito ao estudo sobre os temas internacionais, participando e atuando em dezenas de eventos. Uma das suas especialidades foi o estudo da questão árabe, a partir do enfoque marxista. Fred esteve em lugares onde poucos estiveram: na Praça Tahrir, durante a revolução democrática que tirou Mubarak do poder, no Egito; nas montanhas do Curdistão turco, como representante do PSOL na relação com a luta do povo curdo; e, nesta feita, com Juliano e Boulos, visitando a Palestina.
Suas qualidades pessoais e comprometimento se confundem com uma tradição, herdada pelo MES, da defesa incondicional do direito à resistência do povo palestino. A bandeira da Palestina acompanha a nossa organização em todos os eventos, nossos militantes são presença confirmada em pequenos e grandes espaços de apoio à essa luta, que é nossa, que é a luta pelo futuro.
E não estamos sozinhos nessa luta. Relembro o velho comunista Milton Temer que enfrentou e venceu processos judiciais pelo “delito de sua opinião” a favor dos oprimidos de Gaza e Cisjordânia. E assim como Milton, Babá e outros tantos ativistas que não temem.
Conto outra história. Quando elegemos a nossa primeira bancada de vereadores em Porto Alegre, Pedro Ruas e Fernanda Melchionna, o ato de posse, em janeiro de 2009, coincidiu com uma das operações do Estado de Israel contra os territórios palestinos. Nossa “posse” foi marcada por uma bandeira palestina e uma faixa – que, recordo, fomos buscar no primeiro dia do ano, Etevaldo e eu, na loja do companheiro Nader Bajas, dirigente dos palestinos no Rio Grande do Sul. A “novidade” dos dois vereadores do PSOL chegou a causar uma confusão com o então vereador da direita sionista Nagelstein, quase terminando em briga. Mas a bandeira da Palestina foi erguida.
Não por acaso, diante dos ataques dos conservadores em Porto Alegre, agora, em pleno 2023, nos orgulha que Roberto Robaina e Luciana Genro sejam defendidos em nota pela Federação Árabe-Palestina (Fepal) diante da perseguição dos sionistas de direita e dos bolsonaristas.
Temos muitas histórias. Em defesa da luta de um povo inquebrantável. A Palestina será livre, do Rio ao Mar. O dever da esquerda é cercar essa luta de solidariedade em todas as cidades e disputar a narrativa em todos os terrenos.
É nosso compromisso. Nossos alicerces são graníticos. Como são os do povo que não parou de lutar ao longo do século.