Melchionna exige que Itamaraty se empenhe por cessar-fogo na Palestina
Deputada federal entregou carta ao chanceler Mauro Vieira pedindo fim do conflito e de acordos firmados por Bolsonaro com Israel
Foto: Ascom Fernanda Melchionna
Fernanda Melchionna (PSOL-RS) articulou uma reunião entre integrantes da esquerda e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. No encontro, realizado nesta terça-feira (13), a deputada federal entregou uma carta – subscrita por outros 62 congressistas – pedindo o cessar-fogo na Palestina e o fim dos acordos entre Brasil e Israel ”e o rompimento dos acordos de cooperação entre Brasil e Israel, estabelecidos no governo Bolsonaro”.
Segundo a deputada, um dos acordos que devem ser revogados com urgência é o Projeto de Decreto Legislativo 554, de 2021, aprovado em 18 de outubro do ano passado e que tramita para o Senado. Assinada pelo deputado Aécio Neves (PSDB-MG), presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa à época, a proposta aborda a cooperação brasileira e israelense em segurança pública, prevenção e combate ao crime organizado.
“É fundamental que o governo brasileiro não promulgue os acordos de cooperação entre Brasil e Israel, criados ainda no governo Bolsonaro. Levar adiantes estes acordos seria compactuar com o massacre de Israel sobre a Palestina. O encontro também foi importante para marcar o posicionamento de dezenas de parlamentares sobre a urgência do cessar-fogo na Palestina”, disse Fernanda.
Entre os parlamentares presentes na entrega da carta, estiveram Sâmia Bomfim (PSOL-SP), Glauber Braga (PSOL-SP), Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Padre João (PT-MG).
Melchionna ainda defende que o presidente Lula convoque o embaixador israelense no Brasil para consultas e rompa relações comerciais e diplomáticas com o país, tal qual fez a Bolívia.
Mundo pressiona por fim dos ataques
Nesta quarta-feira, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que irá manter a guerra contra o Hamas, apesar da enorme dor e das pressões internacionais.
“Nada irá nos deter”, afirmou.
Desde o início do conflito, em 7 de outubro, mais de 13 mil pessoas morreram – sendo que a esmagadora maioria vivia na Faixa de Gaza, que contabiliza mais de 11.078 vítimas. Na Cisjordânia, os mortos passam de 200.
Em represália a ação do grupo Hamas, que sequestrou cerca de 300 israelenses, o governo sionista lançou ataques a residências, escolas e hospitais na Faixa de Gaza, matando milhares de civis. Do lado contrário, nenhuma ofensiva semelhante foi percebida. A intenção do governo de Israel é usar o conflito como pretexto para expulsar os palestinos do território que “dividem” desde o fim da 2ª Guerra Mundial.
Leia a carta entregue ao premiê:
Hoje, 8 de novembro, se completa um mês desde o início dos bombardeios de Israel à Faixa de Gaza. Como disse o presidente Lula, nada pode justificar este genocídio: mais de 10 mil pessoas já foram mortas em Gaza, cerca de metade delas crianças. Além disso, centenas de milhares de casas foram destruídas e toda a população sofre com as restrições ilegais e desumanas de acesso a água, comida, energia e internet. Na ONU, a ampla maioria dos países aprovou uma resolução chamando por um cessar-fogo urgente, mas Israel declarou que não tem intenção de parar e intensificou os ataques contra o povo palestino. Nesse contexto, a ação da comunidade internacional é de suma importância, de modo que:
1. Ecoamos o chamado por um cessar-fogo urgente e pela garantia de corredores humanitários que possibilitem a entrada de ajuda à população de Gaza e a saída dos brasileiros que ali se encontram;
2. Urgimos ao governo brasileiro que atue energicamente pelo fim do genocídio, da ocupação e do apartheid, em defesa do respeito ao direito internacional e às resoluções da ONU;
3. Solicitamos ao governo brasileiro que chame o embaixador do Brasil em Israel para consultas e que não se promulguem os acordos de cooperação militar e de segurança assinados por Bolsonaro com Israel.
Deputadas/os que assinam:
1. Erika Kokay (PT/DF)
2. Fernanda Melchionna (PSOL/RS)
3. Glauber Braga (PSOL/RJ)
4. Jandira Feghali (PCdoB/RJ)
5. Luizianne Lins (PT/CE)
6. Padre João (PT/MG)
7. Adriana Accorsi (PT/GO)
8. Airton Faleiro (PT/PA)
9. Alencar Santana (PT/SP)
10. Alexandre Lindenmeyer (PT/RS)
11. Alfredinho (PT/SP)
12. Alice Portugal (PCdoB/BA)
13. Ana Paula (PT/PR)
14. Ana Pimentel (PT/MG)
15. Bohn Gass (PT/RS)
16. Carol Dartora (PT/PR)
17. Célia Xakriabá (PSOL/MG)
18. Chico Alencar (PSOL/RJ)
19. Daiana Santos (PCdoB/RS)
20. Dandara (PT/MG)
21. Daniel Almeida (PCdoB/BA)
22. Dr Francisco (PT/PI)
23. Erika Hilton (PSOL/SP)
24. Fernando Mineiro (PT/RN)
25. Guilherme Boulos (PSOL/SP)
26. Helder Salomão (PT/ES)
27. Ivan Valente (PSOL/SP)
28. Jack Rocha (PT/ES)
29. João Daniel (PT/SE)
30. Jorge Solla (PT/BA)
31. José Airton (PT/CE)
32. José Guimarães (PT/CE)
33. Joseildo Ramos (PT/BA)
34. Juliana Cardoso (PT/SP)
35. Kiko Celeguim (PT/SP)
36. Leonardo Monteiro (PT/MG)
37. Lindberg Farias (PT/RJ)
38. Luiza Erundina (PSOL/SP)
39. Márcio Jerry (PCdoB/MA)
40. Marcon (PT/RS)
41. Maria do Rosário (PT/RS)
42. Merlong Solano (PT/PI)
43. Natália Bonavides (PT/RN)
44. Nilto Tatto (PT/SP)
45. Pastor Henrique Vieira (PSOL/RJ)
46. Patrus Ananias (PT/MG)
47. Paulão (PT/AL)
48. Pedro Uczai (PT/SC)
49. Professor Luciene (PSOL/SP)
50. Reginete Bispo (PT/RS)
51. Reimont (PT/RJ)
52. Renildo Calheiros (PCdoB/PE)
53. Rogério Correia (PT/MG)
54. Rubens Otoni (PT/GO)
55. Sâmia Bomfim (PSOL/SP)
56. Tadeu Veneri (PT/PR)
57. Talíria Petrone (PSOL/RJ)
58. Tarcísio Motta (PSOL/RJ)
59. Túlio Gadelha (Rede/PE)
60. Valmir Assunção (PT/BA)
61. Vicentinho (PT/SP)
62. Washington Quaquá (PT/RJ)