Plano de Israel é restringir população de Gaza a 100 mil pessoas
Governo sionista elabora plano de repovoamento presumindo o controle do território por parte de Tel Aviv. Quase 22 mil palestinos morreram desde o início da ofensiva, em outubro
Foto: Naaman Omar/APA images via Creative Commons
A inação das grandes lideranças mundiais ante o genocídio imposto por Israel à popoluação da Palestina tem instigado o governo sionista a desnudar seu plano necropolítico sem nenhum temor. No último dia de 2023, o ministro das Finanças do país, Bezalel Smotrich, apresentou ao jornal local Haaretz um projeto de política de repovoamento da Faixa de Gaza após o término da ofensiva militar. A ideia é reduzir significativamente a proporção de árabes na região em caso de controle israelense pós-conflito com o Hamas.
“Se houver 100 mil ou 200 mil árabes (em Gaza), em vez de 2 milhões, tudo seria diferente”, afirmou o ministro, acrescentando que “para controlar militarmente o território ao longo do tempo, também é necessário ter uma presença civil”.
O ministro, associado ao Partido Religioso Sionista, expressou a intenção de “fazer o deserto florescer” e promover a imigração de israelenses para a região. Ele não chegou a mencionar se a redução populacional se daria através do extermínio de palestinos ou da expulsão de suas terras ancestrais.
Reações
As declarações de Smotrich geraram controvérsia, especialmente ao usar uma expressão que pode ser interpretada como racista. O governo de Netanyahu, anteriormente, já havia contemplado a retirada dos palestinos de Gaza, com a chefe do Ministério da Inteligência, Gila Gamliel, defendendo um “reassentamento voluntário” em novembro do ano passado.
Líderes do Hamas e figuras ligadas à Autoridade Nacional Palestina (ANP) repudiaram as declarações de Smotrich, qualificando-as como “um crime de guerra acompanhado de agressão criminosa”. O presidente da ANP, Mahmoud Abbas, destacou a intenção do governo israelense de forçar os palestinos a abandonarem suas casas e prometeu apelar à comunidade internacional para denunciar o projeto.
Desde o início da ofensiva de Israel contra Gaza, em 7 de outubro, quase 22 mil pessoas morreram na região, segundo estimativa do Ministério da Saúde, governado pelo Hamas. Na Cisjordânia são mais de 316 mortos. Segundo o órgão, o número de crianças vítimas dos ataques está perto de 8,9 mil.