8 de março: Mulheres contra o fascismo! Pelo direito de existir e decidir
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8 de março: Mulheres contra o fascismo! Pelo direito de existir e decidir

As mulheres ocupam as ruas por direitos e contra a extrema direita nesse dia internacional de luta!

Carla Zanella e Paula Kaufmann 8 mar 2024, 07:04

Nesta sexta-feira, 08 de março – dia internacional de luta das mulheres – o movimento feminista, como em todos os anos,  ocupará as ruas de todo o mundo. Na última década, enquanto acompanhamos o fortalecimento da extrema direita internacionalmente, também observamos as feministas sendo alçadas ao patamar de antagonistas destas lideranças e movimentos.  E, a partir desta localização de adversidade,  também foram parte importante das mobilizações contra o programa conservador e neofascista em diversos países.

Sabemos que, no Brasil e internacionalmente, a extrema direita segue fortalecida e articulada em redes transnacionais de caráter ultraconservador e neofascista para atacar os direitos dos trabalhadores, das mulheres,  da negritude, das LGBT+ e dinamitar a capacidade de auto-organização da classe trabalhadora. Expressões disso são o provável retorno de Trump à Casa Branca, a conivência com o genocídio promovido por Netanyahu contra o povo palestino ou mesmo a recente vitória de Milei na Argentina.

Mesmo que no Brasil a derrota eleitoral desse projeto tenha sido conquistada depois de muita luta em 2022, o enraizamento da ideologia bolsonarista segue rendendo frutos. Sintomas disso observamos nos diversos casos recentes em uma série de cidades pelo país de ataques aos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, no recrudescimento do genocídio da população negra, na perpetuação do pânico moral sobre vidas LGBT+. Ademais,  o ato bolsonarista de 25 de fevereiro na Avenida Paulista, muito embora não tenha tido a força que os bolsonaristas esperavam, sendo incapaz de impedir as investidas da justiça burguesa contra a cúpula bolsonarista, demonstrou a aliança leal dos fundamentalistas religiosos ao ex-presidente, e também que seu apoio popular segue forte. 

Nosso caminho pela frente na tarefa de derrotar o bolsonarismo é árduo, mas tem uma importância histórica. Para avançar,  precisamos encarar pelo menos duas necessidades.  A primeira delas é voltar a apostar nas ruas e na mobilização do povo para fazer crescer a luta pela prisão de Bolsonaro e todos seus aliados e cúmplices. Combater a saída de anistia para os crimes cometidos por aquele governo é essencial para caminhar por justiça e para relegar estes senhores para o lugar ao qual pertencem: a lata de lixo da história. O movimento feminista deve ter a tarefa de, com este 8M, inaugurar uma jornada de lutas de exigência de cadeia para Bolsonaro.

A segunda tarefa é defender abertamente e sem medo nosso programa e nossas bandeiras históricas.  A extrema direita cativa mentes e corações dizendo desavergonhadamente e em alto e bom som todo seu programa reacionário,  misógino,  racista, anti-LGBT+ e destruidor. Nossa obrigação é levantar firmemente nossas bandeiras, sem ceder às pressões centristas de apaziguar nossas demandas diante do perigo da extrema direita.  Combateremos a radicalidade destruidora dos fascistas com a radicalidade transformadora feminista.

Sob o mote “Mulheres contra o fascismo! Pelo direito de existir e decidir”, o Coletivo Juntas! ocupará as ruas no dia de hoje, levando nossas bandeiras urgentes e históricas, vinculando a luta das mulheres brasileiras e do mundo.

Os alarmantes índices de feminicídio no Brasil – que crescem principalmente entre mulheres negras – bem como os fortes indícios de alta subnotificação dos casos de violência de gênero apontam para a urgente necessidade de investimentos públicos em políticas nesta área. O perverso novo teto de gastos implementado por Haddad e Lula,  de mãos dadas com o mercado,  na prática irá não apenas impedir mais investimentos no combate à violência como reduzir o já tímido orçamento de políticas para as mulheres.  Chega de ajustes sobre as nossas vidas!

Em 2023 tivemos um avanço significativo na luta pelo do aborto legal no Brasil.  O voto favorável de Rosa Weber à ADPF 442 – ação de autoria do PSOL e da Anis no STF que pede a descriminalização do aborto no Brasil – teve uma importância histórica por refletir um avanço de consciência feminista de parte da nossa sociedade no que diz respeito à justiça reprodutiva. Essa movimentação ensejou um fortalecimento da luta por aborto legal, resultando no mais forte 28 de setembro dos últimos anos. Seguir erguendo a bandeira de justiça reprodutiva para todas as pessoas que gestam é uma obrigação do feminismo comprometido com as trabalhadoras e que não se rende às pressões fundamentalistas.

A luta por Justiça por Marielle precisa seguir latente, e precisamos de respostas urgentes sobre quem foram os mandantes desse brutal assassinato que vitimou nossa companheira e Anderson Gomes, mas, fazer justiça é também garantir que a população negra acesse direitos, condições de igualdade social.

Nossa luta neste 8M também é em solidariedade à luta do povo palestino contra o genocídio promovido por Israel, que dizima dezenas de milhares de mulheres e crianças, com a anuência das grandes potências capitalistas. A luta por uma Palestina livre é uma luta feminista.

Também nos colocamos nas ruas em solidariedade às mulheres argentinas,  que construíram nos últimos anos a multitudinária maré verde,  que inspirou todo o mundo na luta por aborto legal, e agora enfrentam o governo neofascista de Milei.  Estaremos com uma delegação de mulheres do MES e do Juntas!, junto à Setorial de Mulheres do PSOL, em Buenos Aires neste 8M numa construção de solidariedade feminista internacional.

A luta feminista antifascista é crucial para o avanço do das nossas bandeiras históricas e este 8M deve ser um exemplo para o conjunto dos movimentos sociais, apontando o caminho das ruas como aquele fundamental para a derrota da extrema direita.


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