Em ato de censura, Milei retira do ar sites de emissoras da mídia pública
Presidente argentino havia prometido, em campanha, acabar com rádios e TVs estatais
Frame: TV Pública Argentina
Uma ameaça feita durante a campanha eleitoral argentina está se tornando real nos últimos meses: acabar com a mídia pública no país. Na terça-feira (21), o governo Javier Milei deu ordem para retirar do ar os sites e perfis das redes sociais de veículos públicos. Perderam presença nas redes emissoras como a Televisión Pública e a Radio Nacional da Argentina. A Agência Telám, principal veículo de comunicação público do país, está fora do ar desde o início de março, quando os trabalhadores foram dispensados.
O sindicato de trabalhadores que representa esses veículos afirma que a medida configura censura contra a mídia pública. De acordo com comunicado publicado pelas mídias nesta terça, a decisão de “pausar temporariamente” os canais digitais tem como objetivo reorganizar os canais para “melhorar a produção, realização e difusão dos conteúdos que geram”.
“Se unificam os critérios de difusão em redes socais e se reiniciará a comunicação digital logo após uma reorganização interna das empresas”, complementou o comunicado.
O Sindicato de Imprensa de Buenos Aires (SiPreBa) rechaçou a medida e defendeu que o governo está passando por cima do Senado argentino com a intervenção nos meios públicos.
“Denunciamos esta nova mostra de censura e de intimidação que se soma ao silenciamento da Telám”, afirmou, em comunicado.
Batalha contra a mídia pública
O governo argentino está em conflito com a mídia pública, acusando-a de favorecer os adversários políticos de Milei. Além disso, o plano de privatizações inclui a venda dessas empresas.
Seguindo o modelo europeu, a mídia pública na Argentina, assim como em outros países da América Latina, foi criada com a promessa de oferecer à população um conteúdo que, sem interesses comerciais, não seria disponibilizado pela mídia privada, conforme explicou Guillermo Mastrini, professor de comunicação da Universidade de Quilmes, na Argentina.
“Quando você analisa a mídia comercial, as redes privadas, é [representa] a voz de São Paulo e Rio de Janeiro e, no caso da Argentina, de Buenos Aires. Quase ninguém mais tem visibilidade na mídia. A mídia pública é uma mídia que, como não tem objetivo de lucro, tem a possibilidade de mostrar as pessoas que não formam parte dos centros econômicos”, destacou ele à Agência Brasil.
*Agência Brasil