No Brasil, 37% já tiveram dificuldades de acesso a itens de higiene menstrual
Dia Internacional da Dignidade Menstrual, celebrado nesta terça-feira, alerta sobre desafios das pessoas que menstruam
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De acordo com o senso comum, a menstruação é apenas um “incômodo” mensal para pessoas que menstruam – meninas, mulheres, homens trans e pessoas não binárias. Mas para boa parte dessa população, o período representa um desafio ainda maior por não contarem com condições básicas de cuidado e higiene. É para lançar luz a essa questão que foi instituído o Dia Internacional da Dignidade Menstrual, celebrado a cada 28 de maio.
Em alusão à data, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgou hoje uma pesquisa feita com 2,2 mil pessoas que menstruam no Brasil. Dos entrevistados, 19% relataram não ter tido dinheiro para comprar absorventes; 37% já enfrentaram dificuldades de acesso a itens de higiene em escolas e outros locais públicos; 60% deixaram de ir à escola ou ao trabalho por causa da menstruação e 86% já abstiveram de fazer alguma atividade física pelo mesmo motivo.
Esses obstáculos compõem o cenário da chamada “pobreza menstrual”, que conforme estudo anterior da Unicef atinge 28% das pessoas que menstruam (cerca de 11 milhões). Esse tipo de carência engloba a falta produtos, serviços, água e saneamento básico – questões que envolvem variáveis como desigualdade racial e social.
A escassez de informação sobre o próprio corpo e saúde é outro entrave à dignidade menstrual. Conforme o levantamento da Unicef, 50% das pessoas que menstrual no brasil nunca teve aulas, palestras ou rodas de conversa sobre menstruação na escola, e 77% já se sentiu constrangido no período, o que demonstra que a questão permanece um tabu.
“A falta de informação contribui para o estigma e gera situações de constrangimento. Precisamos desmistificar a menstruação e criar um ambiente acolhedor para pessoas que menstruam. Os dados da enquete reforçam a necessidade de fortalecer as práticas de educação menstrual, sobretudo nas escolas, e construir políticas que promovam a dignidade menstrual para combater desigualdades e empoderar esta e as futuras gerações”, avaliou Ramona Azevedo, analista de comunicação na Viração Educomunicação, que conduziu o levantamento da Unicef.