Porto Alegre: futura ‘cidade provisória’ vira lixão
Móveis e detritos retirados das ruas após enchente foram levados para área que deveria receber desabrigados
Foto: Jadir Rodrigues/PMPA
Moradores da zona norte de Porto Alegre denunciam a precariedade de condições na região do Porto Seco – onde o prefeito Sebastião Melo (MDB) pretende instalar os flagelados da enchente. Além de não contar com saneamento básico, iluminação, escolas ou postos de saúde, o local está sendo transformado em lixão. E pela própria prefeitura.
Toneladas de lixo retirados das ruas da capital – como móveis, eletrodomésticos, roupas etc, que estragaram na enchente – estão sendo descartados de forma irregular ao lado do Sambódromo no Porto Seco, a céu aberto.
“Esse lixo contaminado prejudica a saúde de quem mora ao redor da comunidade”, comentou um morador.
É mais um fator contrário ao projeto da prefeitura. Especialistas apontam que a cidade provisória deve agravar a exclusão, a violência e o sofrimento das vítimas, e sugerem ações articuladas para oferecer uma solução mais efetiva – como o emprego do estoque de mais de 100 mil imóveis vazios em Porto Alegre. Medidas emergenciais como aluguel social ou o apoio a abrigos e casas solidárias, também deveriam ser consideradas.
Com dinheiro da União
A proposta de Sebastião Melo é instalar cinco mil barracas no Porto Seco para abrigar ao menos 10 mil pessoas. As barracas seriam fornecidas pela Secretaria Nacional de Defesa Civil e todos os custos de operação seriam pagos pela União. Já as Forças Armadas ficariam responsáveis pela segurança – sendo necessário decretar uma missão de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), ato de competência exclusiva do presidente da República. O governo federal não garantiu apoio ao projeto.