Frente Ampla vence eleições no Uruguai
Yamandú Orsi, candidato do partido de centro esquerda, venceu o rival do Partido Nacional no segundo turno das eleições realizado no último domingo
Foto: Comício da Frente Ampla (Reprodução)
A Frente Ampla (FA) voltará a governar o país após a vitória no segundo turno da eleições nacionais realizada ontem (24/11). O professor de história Yamandú Orsi venceu o candidato Álvaro Delgado, do Partido Nacional, por uma diferença de quase 4% e colocará novamente o agrupamento de centro esquerda na presidência do país.
Orsi foi o indicado pelo ex-presidente José Mujica e venceu as primárias da FA contra Carolina Cosse, pré-candidata apoiada pelos grupos à esquerda da Frente que perdeu as primárias e entrou na fórmula eleitoral como vice presidente. A extrema direita representada pelo partido Cabildo Abierto de Manini Ríos, que havia conquistado bons resultados nas últimas eleições, desta vez sofre uma grande derrota e passou de senadores e 9 deputados em 2019 para apenas 2 deputados agora.
As eleições foram marcadas também pelo plebiscito sobre a Seguridade Social que buscava garantir constitucionalmente o tema como um direito humano. Apesar de conseguir uma maioria de votos, a mudança não atingiu o necessário para a aprovação. Em entrevista recente exclusiva realizada pela Revista Movimento, a senadora suplente Cecilia Vercellino (PVP/FA) falou sobre o plebiscito:
O Plebiscito da Seguridade Social propunha incorporar à Constituição da República 3 medidas cautelares que iam contra a lei votada pelo atual governo, mas muito além: vincular, vincular as pensões mínimas ao salário mínimo nacional. Em outras palavras, que nenhum aposentado ou pensionista ganhasse menos do que o Salário Mínimo Nacional (esse governo congelou as aposentadorias e pensões durante todo o período, elas não aumentaram durante todo o período); recuperar os 60 anos como idade mínima a partir da qual se pode, se quiser, se aposentar (esse governo aumentou para 65 anos); e a parte principal como proposta de superação, que foi o que gerou toda a polêmica: eliminar o lucro na Seguridade Social, o que implica a eliminação das AFAPs (Administradoras de Fundos de Pensão no Uruguai). Só restam 12 países no mundo com esse modelo de AFAPs e o Uruguai é um deles.
Na FA não há acordo sobre essa questão. Além disso, desde o início eles deixaram claro que não iriam apoiar nenhuma proposta de plebiscito, com ou sem AFAPs. Eles não estavam dispostos nem concordavam em se envolver em outra luta, que consideravam perdida, e que poderia, na opinião deles, desviar a atenção e as forças destinadas a reconquistar o governo. Setores como aquele ao qual pertenço (o PVP) não estavam e não estão de acordo com essa visão de parte da FA e, juntamente com o Partido Socialista e o Partido Comunista, apoiamos desde o início a iniciativa do PIT-CNT, não sem nuances ou discussões, mas a apoiamos sem hesitação, porque, se tivéssemos que perder e se estivéssemos errados, preferíamos fazê-lo apoiando e dando suporte à classe trabalhadora organizada.
O novo governo da FA não terá maioria absoluta no legislativo por duas cadeiras e já declarou a necessidade de combater a pobreza através da reformar do sistema de proteção social para combater o cenário de pobreza (que afeta cerca de 20% dos menores de seis anos) e criar um sistema único contra o crime organizado.