Fala de Netanyahu indica que armistício está em risco
Primeiro-ministro de Israel acusa Hamas de querer “extorquir concessões de último minuto” e mantém bombardeios em Gaza. Nas últimas 24 horas, mais de 80 pessoas morreram
Foto: Irna/Fotos Públicas
Menos de horas depois de os palestinos irem às ruas comemorar o pacto de cessar-fogo firmado entre Israel e Hamas, o acordo já está ameaçado. Em comunicado divulgado pela agência de notícias Associated Press, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que seu gabinete não aprovará a medida “até os mediadores notificarem Israel de que o Hamas aceitou todos os itens do acordo”.
Sem apresentar provas ou dar detalhes, ele acusou o Hamas de promover uma crise no pacto ao querer “extorquir concessões de último minuto”. Contudo, lideranças do grupo extremista negam a acusação. Após a manifestação de Netanyahu, o porta-voz do Hamas, Izzat el-Reshiq, publicou mensagem no Telegram afirmando que o grupo está de acordo com os termos do cessar-fogo.
O armistício negociado no Qatar, com a ajuda de mediadores, prevê primordialmente a troca de reféns e prisioneiros e a desocupação da Faixa de Gaza, principalmente na região de fronteira entre Gaza e o Egito.. O plano foi elaborado em três etapas – a primeira, terá duração de 42 dias e está prevista para entrar em vigor no domingo (19), se o acordo for ratificado.
Mais mortes
Pode-se apenas especular os motivos para Netanyahu colocar em xeque o precioso acordo que frearia o genocídio palestino. Um deles é a promessa do premiê de “aniquilar” o Hamas. Outra a sanha israelense de se apropriar das terras da Palestina, sem esquecer a ambição de limpeza étnica.
Seja como for, o extermínio de palestinos não parou desde que o acordo de cessar-fogo foi anunciado. A Defesa Civil de Gaza relatou nesta quinta-feira (16) que Israel realizou bombardeios em várias áreas do território palestino entre ontem e hoje. Pelo menos 81 pessoas morreram – entre elas, 20 crianças e 25 mulheres. Outras 230 pessoas ficaram feridas.
Com os recentes ataques, o número total de mortos na Faixa de Gaza sobe para 46.788, após mais de 15 meses de confrontos. Desde o início da guerra, que começou com o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, 110.453 pessoas ficaram feridas na região.
Pelo imenso poderio bélico e implacável crueldade de em vingar o ataque do grupo extremista levando morte, destruição e fome à inocentes em Gaza, Israel precisa ser responsabilizado, avalia o vereador Jurandir Silva, do PSOL de Pelotas (RS):
“Não podemos esquecer o que aconteceu: mais de 50 mil palestinos assassinados! O genocídio não pode ser apagado pela pausa temporária. Os crimes de Israel e dos EUA precisam ser responsabilizados”.