Quênia: A volta das mobilizações
73039714Foto: Gerald Anderson/Anadolu Agency/IMAGO_906

Quênia: A volta das mobilizações

Um ano após as grandes manifestações contra o orçamento, a juventude queniana volta às ruas, apesar da repressão crescente

Paul Martial 30 jun 2025, 14:13

Publicado em Afriques en Lutte

Mais uma vez, a juventude queniana desceu nas ruas em memória das sessenta pessoas assassinadas pela polícia há um ano durante as mobilizações contra o projeto de orçamento. Naquela época, William Ruto, presidente do Quênia, para responder às exigências do FMI no âmbito do reembolso da dívida, criou uma série de impostos que afetavam as classes populares.

O movimento WanTam

Convocados por organizações da sociedade civil e amplamente divulgados pelas redes sociais, os “Maandamano” desta quinta-feira, 26 de junho, ocorreram nas grandes cidades de todo o país. Rapidamente, dezenas de milhares de manifestantes, principalmente jovens, entoaram slogans contra Ruto, que se prepara para um segundo mandato presidencial. Alguns pediam a renúncia do presidente, outros escreviam em cartazes improvisados “WanTam”, expressão popular de “one term”, um único mandato.

Desde sua eleição em 2022, Ruto, durante sua campanha eleitoral, conseguiu criar uma ilusão ao condenar a violência policial, prometendo combater a pobreza e se apresentando como o candidato da juventude precarizada. Uma vez eleito, Ruto mostrou sua verdadeira face. Ele privatizou dezenas de empresas nacionais, consolidou sua rede clientelista e usa a violência como seus antecessores.

As forças policiais reprimiram violentamente a manifestação. As primeiras estimativas divulgadas pela Anistia Internacional Quênia apontam para dezesseis mortos por tiros. A associação feminista Usikimye denuncia uma violência sexual organizada contra as mulheres, com uma dezena de estupros cometidos por bandidos pagos pelo poder.

Aterrorizar a população

Essa violência policial é onipresente. Ela se manifesta por meio de desaparecimentos forçados que muitas vezes terminam com a morte das pessoas sequestradas. Essa violência foi testemunhada por centenas de milhares de quenianos nas redes sociais. Nelas, vemos um policial matando a queima-roupa um jovem vendedor ambulante pacífico durante uma manifestação. Há também o caso de Albert Ojwang, um jovem professor que, por ter criticado um alto dirigente da polícia, foi preso e morreu sob tortura.

Muitos quenianos são detidos em bloqueios de estradas, um método usado pela polícia para extorquir dinheiro em troca da libertação.

Essa repressão é fruto de uma vontade política. Sob Ruto, o número de sequestros quadruplicou. O sinal de três canais de televisão, NTV, KTN e K24, foi cortado porque eles não respeitaram a proibição de fazer reportagens ao vivo das manifestações. Ele não hesitou em entregar ao Uganda Kizza Besigye, um dos principais opositores de Museveni, que agora apodrece na prisão em condições indignas.

Mas isso não impede Macron de organizar, em parceria com Ruto em Nairóbi, a próxima cúpula África-França.


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