Bernie Sanders e Zohran Mamdani reúnem milhares em Nova York

Bernie Sanders e Zohran Mamdani reúnem milhares em Nova York

Bernie Sanders e Zohran Mamdani reuniram milhares em Nova York em um grande ato da turnê Fighting Oligarchy. O encontro no Brooklyn College reforçou a luta contra Trump, denunciou desigualdades e perseguições pró-Palestina na CUNY, e mobilizou estudantes e trabalhadores em torno de um projeto socialista democrático para a cidade e os EUA

Estados Unidos Hoje da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco

Bernie Sanders e Zohran Mamdani reuniram milhares de ativistas em Nova York no último sábado (6). Foi a primeira vez que a turnê Fighting Oligarchy (Enfrentando a Oligarquia), liderada por Sanders, passou pela maior cidade dos Estados Unidos.

O evento aconteceu no auditório do Brooklyn College, da Universidade da Cidade de Nova York (CUNY). No mesmo campus, pouco mais de um ano atrás, ocorreu um dos principais acampamentos estudantis em solidariedade à Palestina no país. A CUNY, única universidade pública da cidade, é reconhecida como símbolo de acesso ao ensino superior para negros, imigrantes e filhos da classe trabalhadora.

Horas antes do evento, já havia filas de pessoas do lado de fora esperando para entrar. Nessa concentração, um grupo de estudantes panfletava denunciando a recente demissão de quatro docentes da CUNY em decorrência de mobilizações pró-Palestina. Outros membros da faculdade seguem sob investigação e risco de punição.

No auditório, o clima era de entusiasmo. O encontro, afinal, reunia expoentes de duas gerações da esquerda socialista estadunidense. Bernie Sanders, 84, foi prefeito de Burlington, no estado de Vermont, nos anos 1980. Em 2016 e 2020, suas campanhas presidenciais tiveram apelo de massas e impulsionaram a reorganização nacional do Democratic Socialists of America (DSA). Por sua vez, Zohran Mamdani, aos 33 anos, está prestes a tornar-se prefeito de Nova York. Atualmente, é ele quem mais motiva o interesse pelas ideias dos socialistas democráticos, especialmente entre os jovens.

O primeiro a fazer uso da palavra foi Mamdani. Imediatamente, ele solidarizou-se com os professores demitidos da CUNY, ao dizer que “nenhum membro dessa faculdade deve ser punido por lutar pela Palestina”. Foi aplaudido de pé.

Em sua fala, Mamdani mencionou a importância de Sanders para a luta socialista nos Estados Unidos. O candidato relembrou que ele próprio aderiu ao DSA, em 2016, após a campanha de Sanders. Mais tarde, durante a pandemia, candidatou-se pela primeira vez a deputado estadual também sob inspiração do senador de Vermont.

O discurso de Mamdani foi altamente politizado e refletiu a conjuntura de Nova York e dos Estados Unidos. Ele denunciou as políticas federais de Donald Trump e destacou a incapacidade de seu principal oponente nas eleições, Andrew Cuomo, de enfrentá-las. Em um ponto alto, declarou que nenhuma interferência de Trump seria aceita nas eleições ou na autonomia da cidade. “Nós (pessoas de Nova York) vamos escolher nosso próprio prefeito. Nova York não está à venda. Não está à venda nem para Trump, nem para os bilionários, nem para as corporações, e tampouco está à venda para candidatos como Andrew Cuomo”, declarou, para a vibração da plateia.

Por fim, Mamdani convocou o público presente à mobilização, à organização permanente durante e após as eleições e à adesão a grupos como o DSA e outros capazes de dar forma a um projeto amplo de transformação social.

Ao tomar a palavra, Sanders reconheceu a amplitude extraordinária da campanha de Mamdani. Ele também destacou os números da turnê Fighting Oligarchy, que até aqui teve 35 paradas em 21 estados, reunindo um total de mais de 300 mil pessoas. A iniciativa, que frequentemente conta com a participação da deputada federal Alexandria Ocasio-Cortez, é hoje a articulação política nacional mais relevante na denúncia do atual governo Trump.

Além disso, Sanders reforçou os eixos de seu discurso econômico, baseado na denúncia radical da desigualdade crescente nos Estados Unidos e no mundo. O senador não poupou palavras contra Donald Trump e os bilionários, e ainda acusou a cumplicidade tanto do Partido Republicano quanto do Partido Democrata com a lógica perversa do capitalismo. Aplaudido de pé, Sanders repudiou o financiamento estadunidense à máquina genocida de Israel. E, numa síntese política sobre o cenário eleitoral em Nova York, falou: “O que, afinal, os bilionários e poderosos tanto temem em relação a Zohran Mamdani? Eles temem que Mamdani torne-se um exemplo do que poderá acontecer no país todo, e não só nesta cidade.” E completou: “Eles têm o dinheiro. Eles têm o poder. Mas nós temos o povo. E vamos vencer.”

Finalmente, o evento contou com a participação do público, por meio de perguntas e respostas. Trabalhadores, mães, membros da faculdade, imigrantes e estudantes tomaram a palavra. Foram suscitados temas fundamentais, como a preparação dos movimentos sociais para o momento em que a repressão federal de Trump chegar a Nova York, a imigração, o movimento estudantil, a mobilização eleitoral e o caminho para pôr em prática o programa da campanha de Mamdani: congelamento dos aluguéis, tarifa zero nos ônibus, supermercados subsidiados e creches gratuitas para todos.

O encontro Fighting Oligarchy em Nova York foi indiscutivelmente marcante. Para o público presente — e para quem acompanhou de casa —, ficou clara a importância da luta contra Trump e da vitória eleitoral em Nova York. Além disso, lançou-se a perspectiva de preparar, para as próximas eleições e lutas, a multiplicação do número de novos Mamdanis e Sanders por todo o país. Há um enorme trabalho a ser feito.


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