Castro realiza a maior chacina da história do Brasil
O criminoso Cláudio Castro tem que sair do Palácio Guanabara para a prisão, sob pena de vermos novas chacinas promovidas pelo Estado e envelopadas como política de segurança pública
A incursão de forças policiais comandada por Cláudio Castro na madrugada da terça-feira, 28 de outubro, gerou a operação militar mais letal da história do país. Uma chacina um verdadeiro massacre foi promovido, com números (provavelmente ainda subnotificados) de 128 vítimas fatais.
Um crime cometido pelo Estado, uma violência bárbara que reforça a espiral da política de chamada guerra às drogas, que cerca os morros e favelas do Rio, colocando a população trabalhadora na linha de fogo entre as forças do estado e as facções (sejam milícias ou o tráfico). O número de mortos superou o massacre do Carandiru, nos anos noventa, em São Paulo.
Caos, violência e responsabilidade estatal
Seguido da operação, o caos se espalhou pela região metropolitana do Rio de Janeiro. Centenas de pontos entre a Zona Norte, Lapa, chegando a São Gonçalo foram bloqueados. Ônibus foram sequestrados e recolhidos. A represália do tráfico (o grupo Comando Vermelho) cancelou aulas, gerou pavor e deixou reféns centenas de milhares de cariocas ao longo das últimas 40 horas.
A ONU emitiu uma nota falando em crime bárbaro. A história do maior derramamento de sangue numa única ação agrava outras chacinas, como as que aconteceram anteriormente no morro do Alemão, na vila Cruzeiro e em Jacarezinho. O governador Cláudio Castro ordenou diretamente a operação, buscando mídia e prestígio a custo da letalidade e da disputa de narrativas. A utilização da justificativa de ‘narcoterrorismo” é um passo adiante na trama da extrema direita, a modo Trump, que provoca militar e politicamente a Venezuela e a Colômbia, procurando desestabilizar seus governos e exercer influência direta sobre os dois países. O fio condutor de ambos é a barbárie neofascista.
O que se verificou na operação foi a utilização de armamentos pesados por parte do Comando Vermelho, onde se afirma ter recolhido 90 fuzis e a polícia ainda denunciou o uso de drones de alta tecnologia.
A ação midiática e genocida do governador do Rio, motivada inclusive por seus interesses eleitorais, deve ser condenada como a principal responsável por esse massacre. A operação não só foi um desastre, como teve consequências que rompem qualquer legalidade ao esconderem corpos, manipularem dados, na tentativa de maior criminalização das favelas e comunidades da história do Brasil.
Farsa e genocídio
A ação da PM carioca é uma farsa. Sabemos que a política de “guerra às drogas” ou “guerra ao crime”, só tem como objetivo atuar na escala da militarização das comunidades e da ampliação do genocídio da juventude pobre e negra nas periferias do país.
O tráfico de drogas e armas pesadas envolve toda uma indústria que atua, não só nos marcos da impunidade estatal, ou de sua conivência, mas numa profunda imbricação.
As ações policiais contra as esferas altas do crime organizado- seja a que apreendeu fuzis na casa de Ronnie Lessa, seja a que foi realizada alguns meses atrás na Faria Lima, em SP- não tiveram óbitos e sequer tiros disparados.
A ação das facções, tráficos e milícia, oprime o conjunto das comunidades do Rio e do país, tendo liberdade para circular fortunas, num ramo ilegalizado propositalmente para seguir o fluxo desses verdadeiros milionários, que alimentam a corrupção dentro das instituições policiais, com negócios em diversos ramos: imobiliário, do entretenimento e no mundo dos esportes.
Fora Castro, fim da guerra às drogas e mobilização ativa
Há estruturas do período militar brasileiro que permanecem inalteradas, militarizando a vida social, com a repressão sistemática aos movimentos populares e com uma política de segurança baseada na guerra às favelas e aos pobres. Nesse sentido, como posto na recente atualização programática do PSOL, é fundamental a desmilitarização da polícia e a construção de “uma nova política sobre drogas, que enfrente o genocídio do povo negro e o encarceramento em massa, com foco em saúde pública e no cuidado em liberdade, combatendo o modelo privatista das comunidades terapêuticas, substituindo a lógica da punição por alternativas de justiça restaurativa com perspectiva de gênero e raça e a reparação dos territórios afetados pela repressão policial.” Isso significa discutir seriamente a desmilitarização das PMS e a descriminalização das drogas.
Diversos movimentos sociais, sobretudo ligados ao movimento negro e das periferias, já indicaram a necessidade de uma forte resposta de ruas para o dia 31, onde teremos atos em várias capitais. É fundamental somar-se nesse esforço e na mobilização.
Por fim, como tarefa imediata, construída sob a mais ampla unidade e mobilização social, o “Fora Castro!”. O criminoso Cláudio Castro tem que sair do Palácio Guanabara para a prisão, sob pena de vermos novas chacinas promovidas pelo Estado e envelopadas como política de segurança pública.