Em decisão unânime, STF recusa recurso de Bolsonaro
bolsonaro

Em decisão unânime, STF recusa recurso de Bolsonaro

Rejeição na Primeira Turma da Corte reforça o princípio de que ninguém está acima da lei, mas defesa ainda pode acionar recursos que atrasam execução da pena

Redação da Revista Movimento 7 nov 2025, 19:03

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O Plenário da Primeira Turma do STF rejeitou, nesta sexta-feira (7) o recurso interposto pela defesa de Jair Bolsonaro no âmbito da chamada Ação Penal 2668, que apura a articulação para subversão da ordem democrática após as eleições de 2022. Segundo o UOL, a defesa manifestou “profunda discordância e indignação” diante da condenação que o atingiu.

Com isso, a Corte reforça a postura de segurança institucional ao tolerar menos manobras de protelação de agentes públicos que tentaram atacar a transição democrática. Para a esquerda, esse é um ponto importante: o Estado de direito deve funcionar também para responsabilizar quem supostamente tentou vendê-democracia por poder.

Bolsonaro recebeu uma condenação de 27 anos e três meses de prisão, após o Supremo Tribunal Federal concluir que ele participou ativamente da estrutura que tentou romper a ordem constitucional no país. A Corte reconheceu que o ex-presidente integrou organização criminosa armada, atuou na tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito e na tentativa de golpe de Estado que culminou nos atos de 8 de janeiro.

Além disso, o STF apontou sua responsabilidade pelos crimes de dano qualificado pela violência e grave ameaça e pela deterioração de patrimônio tombado, evidenciando a gravidade dos ataques contra instituições e espaços simbólicos da democracia brasileira.

O que significa recusar o recurso

Quando o STF rejeita um recurso, como no caso, isso impede que a defesa utilize aquela via específica para postergar ou revisar a decisão de mérito. No entanto – e isso é crucial – não exclui todos os recursos possíveis. A defesa ainda pode interpor embargos de declaração no próprio STF para questionar omissões, contradições ou obscuridades da decisão; impetrar habeas corpus, se entender que há ilegalidade ou arbitrariedade na prisão ou nas medidas cautelares; e recorrer perante instâncias ou mesmo à instância internacional, se houver fundamento em direitos humanos ou tratados internacionais.

Ou seja: a rejeição de um recurso não significa que o processo se encerrou. Segundo O Globo, há ainda trâmites que podem atrasar a “penalização efetiva”. Para o Estadão, o julgamento “marca” uma virada institucional, mas “não elimina a possibilidade de debate jurídico futuro”.

Sobre a permanência de Bolsonaro preso

Quanto às chances de Bolsonaro permanecer preso, a situação é complexa. A rejeição de recurso favorece o prosseguimento da execução da pena, mas a efetiva prisão depende de:

  • trânsito em julgado da condenação (quando não houver mais recursos admissíveis);
  • decisão judicial sobre regime de cumprimento (fechado, semiaberto, domiciliar) e medidas cautelares (tornozeleira eletrônica, proibição de usar redes sociais etc.). Segundo O Globo, o STF já autorizou medidas restritivas à liberdade em casos análogos.
  • avaliação de risco à ordem pública ou de fuga, que o Judiciário considera para decretar prisão preventiva ou cumprir pena em regime fechado.

Assim, embora a rejeição do recurso aumente a probabilidade de Bolsonaro cumprir pena em regime mais restritivo, não há garantia automática de que será imediatamente preso em regime fechado. A execução dependerá de apreciação da Corte e de instância inferior competente.

Implicações

Ainda assim, essa decisão representa um sinal claro de que os mecanismos de responsabilização funcionam mesmo contra figuras que se posicionaram contra o Estado democrático durante o mandato. Além disso, trata-se de uma vitória simbólica para as instituições – que resistiram – e para a cidadania que teme a banalização do golpe e de um alerta de que o combate à impunidade exige não só sentenças, mas vigilância coletiva, transparência e mobilização.

Por outro lado, é importante reconhecer que a vitória institucional não substitui a necessidade de mudanças estruturais: investigar financiamento de atos antidemocráticos, responsabilizar estruturas corporativas, limitar a influência de plataformas digitais de ódio – tudo isso faz parte do horizonte de luta da esquerda, além da luta contra as tentativas de anistia para os golpistas.


TV Movimento

Encontro Nacional do MES-PSOL

Ato de Abertura do Encontro Nacional do MES-PSOL, realizado no último dia 19/09 em São Paulo

Global Sumud Flotilla: Por que tentamos chegar a Gaza

Importante mensagem de três integrantes brasileiros da Global Sumud Flotilla! Mariana Conti é vereadora de Campinas, uma das maiores cidades do Brasil. Gabi Tolotti é presidente do PSOL no estado brasileiro do Rio Grande do Sul e chefe de gabinete da deputada estadual Luciana Genro. E Nicolas Calabrese é professor de Educação Física e militante da Rede Emancipa. Estamos unindo esforços no mundo inteiro para abrir um corredor humanitário e furar o cerco a Gaza!

Contradições entre soberania nacional e arcabouço fiscal – Bianca Valoski no Programa 20 Minutos

A especialista em políticas públicas Bianca Valoski foi convidada por Breno Altman para discutir as profundas contradições entre a soberania nacional e o arcabouço fiscal. Confira!
Editorial
Israel Dutra | 05 nov 2025

A vitória de Mamdani e os reflexos para a esquerda brasileira

A vitória de Zohran Mamdani é um fato mundial que influencia e reflete os debates no presente
A vitória de Mamdani e os reflexos para a esquerda brasileira
Publicações
Capa da última edição da Revista Movimento
A ascensão da extrema direita e o freio de emergência
Conheça o novo livro de Roberto Robaina!
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Conheça o novo livro de Roberto Robaina!

Autores