Mulheres nas ruas contra a barbárie
Organizações e ativistas convocam manifestações em todo o país para denunciar o crescimento dos casos de feminicídio e violência de gênero
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Neste fim de semana, o Movimento Nacional Mulheres Vivas organiza atos em ao menos 15 cidades brasileiras para denunciar a onda crescente de feminicídios – consumados e tentados – e exigir uma reação firme da sociedade e do Estado.
“O Brasil atravessa uma escalada brutal de agressões, ameaças e assassinatos de mulheres. A impunidade avança, o ódio se normaliza e grupos misóginos tentam rebaixar, desumanizar e atacar direitos conquistados com décadas de luta”, afirmam os organizadores em manifesto.
Para a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP), a mobilização é urgente e necessária:
“Nós vamos tomar as ruas para dizer um basta à violência contra as mulheres. Nos últimos dias, nós vimos muitos casos de feminicídio, de violência física, violência sexual. Nós não suportamos mais e vamos tomar as ruas de todo o Brasil para dar um basta a essa situação. É fundamental que a gente se mobilize e se levante”.
Números que chocam
Segundo o mais recente Mapa da Segurança Pública 2025, em 2024 o Brasil registrou 1.459 feminicídios — um leve aumento de 0,69% em relação a 2023. A série histórica revela um crescimento no número absoluto de casos desde 2020: foram 1.355 vítimas em 2020; 1.359 em 2021; 1.451 em 2022; 1.449 em 2023; e 1.459 em 2024. Essa escala de assassinatos significa, na prática, que cerca de quatro mulheres foram mortas por dia em 2024 por crimes motivados por gênero.
Apesar dos esforços recentes de políticas públicas, a cifra se mantém em patamar alarmante, denunciando o fracasso estrutural do Estado em garantir vida e segurança para as mulheres.
Por que as ruas precisam se encher
As manifestações marcam uma reação coletiva contra a naturalização da violência machista, que se reflete em estatísticas cruéis – e em histórias de dor e perda. A mobilização nacional busca:
- Denunciar a persistência de feminicídios e a violência física e sexual contra mulheres;
- Exigir ação efetiva do Estado — com políticas públicas consistentes, prevenção, apoio às vítimas e responsabilização de agressores;
- Visibilizar o horror cotidiano que muitas mulheres vivem, muitas vezes dentro de suas casas, onde deveria haver segurança;
- Reafirmar a urgência da solidariedade coletiva, da sororidade e da organização popular para enfrentar o machismo institucional.
Como defende Sâmia Bomfim, “não dá mais para esperar”: só a mobilização e a luta social poderão pressionar pelo fim dessa barbárie. Este é um momento decisivo — e histórico — para afirmar que “mulheres vivas, organizadas e unidas” não serão silenciadas. Que a indignação das ruas ecoe na política, nas casas e nas instituições.
Saiba onde serão realizadas as manifestações:
Amazonas
Manaus – Domingo (7), 17h, no Largo São Sebastião
Bahia
Salvador (BA) Domingo (7), 10h, na Barra (do Cristo ao Farol)
Ceará
Fortaleza – Domingo (7), 16h, na Estátua de Iracema Guardiã (Avenida Beira Mar)
Distrito Federal
Brasília – Domingo (7), 10h, na Feira da Torre de TV
Pará
Belém – Sábado (6), às 8h, no Boulevard da Gastronomia
Paraná
Curitiba – Domingo (7), 15h, na Praça João Cândido (Largo da Ordem)
Piauí
Parnaíba – Domingo (7), 16h, em frente ao Parnaíba Shopping
Teresina – Domingo (7), 17h, na Praça Pedro II
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro – Domingo (7), 12h, no Posto 5 (Copacabana)
Rio Grande do Sul
Porto Alegre – Sábado (6), 17h, na Praça da Matriz
São Paulo
São José dos Campos – Domingo (7), 15h, no Largo São Benedito
São Paulo – Domingo (7), 15h, no vão do Masp
Maranhão
São Luís Domingo (7), 9h, na Praça da Igreja do Carmo (Feirinha)
Mato Grosso
Cuiabá – Sábado (16), 14h, na Praça Santos Dumont
Mato Grosso do Sul
Campo Grande – Domingo (7), 13h, na Av Afonso Pena (em frente ao Aquário do Pantanal)
Minas Gerais
Belo Horizonte – Domingo (7), 11h, na Praça Raul Soares
Rio Grande do Norte
Natal – Domingo (7), 9h, no Mercado Público da Redinha