Abaixo-assinado pressiona Alerj a manter a prisão de Bacellar
Proposta pelo deputado Professor Josemar, mobilização cobra que deputados confirmem decisão do STF; caso será votado hoje pela CCJ e no plenário
Foto: Thiago Lontra/Alerj
A prisão do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), desencadeou uma onda de mobilização popular que chega ao plenário da Casa nesta segunda-feira (8). Um abaixo-assinado – proposto pelo deputado Professor Josemar (PSOL) – pressiona os parlamentares a manter a prisão do deputado e garantir o avanço das investigações que revelam a conexão entre setores do poder político e o crime organizado no Rio. Clique aqui para assinar.
A petição afirma de forma contundente: “O povo do Rio de Janeiro não merece ser vítima da relação da política com o crime organizado.” Os que assinam defendem “a continuidade das investigações e do processo que levou à prisão do presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar”, reforçando que o caso não é isolado, mas parte de uma deterioração institucional que há anos fragiliza a democracia no estado.
Por que Bacellar foi preso – e por que a acusação é grave
A prisão e o afastamento imediato de Bacellar foram determinados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após o avanço das investigações da Polícia Federal (PF) no âmbito da ADPF das Favelas. Segundo a PF, o presidente da Alerj teria vazado informações sigilosas da Operação Zargun e avisado o ex-deputado TH Joias sobre a ação que seria deflagrada em setembro.
O alerta precoce teria permitido que Joias – preso desde setembro por tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, corrupção e comércio ilegal de armas ligado ao Comando Vermelho – desse fim a provas, trocasse de celular e retirasse objetos de casa antes da chegada dos agentes. Para a investigação, esse conjunto de ações configura obstrução de Justiça para proteção do crime organizado, o que agrava ainda mais o caso.
Como sintetiza a petição: “O Rio não aguenta mais! Chega de relação entre a política e o crime organizado! É preciso combater o crime organizado até as últimas consequências!”
A fala de Josemar e a denúncia sobre o governo Cláudio Castro
Na Alerj, o deputado Professor Josemar tem sido uma das vozes mais firmes contra a presença de grupos criminosos na política fluminense. Em discurso divulgado em suas redes sociais, ele afirmou:
“Todo mundo está vendo e viu a prisão do deputado Rodrigo Bacellar, por indício de vazamento de informação para o deputado TH Joias, que é ligado ao Comando Vermelho. (…) Quero falar de uma questão mais profunda, que é a relação da política com o crime organizado. O governo de Cláudio Castro colocou TH Joias aqui. (…) TH Joias teve 15 mil votos, menos do que qualquer deputado, e chega a essa Casa representando uma facção criminosa.”
Para Josemar, a proposta do abaixo-assinado reflete a urgência de envolver a sociedade no processo decisório e romper o que ele chama de “pacto tácito de convivência” entre parte do Legislativo e o crime organizado.
CCJ e plenário decidem ainda hoje
Às 11h de hoje, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Alerj deu início à análise do caso. Os sete membros da comissão escolherão um relator e votarão o parecer sobre a manutenção da prisão de Bacellar. Se não houver unanimidade – cenário provável – será elaborado um Projeto de Resolução propondo manter ou revogar a prisão e o afastamento.
O presidente da CCJ, Rodrigo Amorim, declarou: “Faremos uma deliberação técnica, e não há motivos para que não sejam atos transparentes.”
Às 15h, o texto seguirá ao plenário. Para revogar a prisão, são necessários ao menos 36 votos dos 69 deputados. O parecer da CCJ e a determinação de Moraes funcionam como referências, mas cada parlamentar vota de forma independente.
Na manhã de hoje, Professor Josemar antecipou a posição da bancada do PSOL:
“Eu, enquanto deputado, e meu partido, o PSOL, apoiamos a manutenção da prisão e o avanço das investigações. Essa será nossa posição na votação de hoje. Mas é fundamental, além disso, denunciarmos a articulação política que colocou TH Joias na Alerj. É inaceitável que o governo Cláudio Castro, que faz uma política de segurança ineficaz, para angariar votos, traduzida numa suposta campanha contra o crime, tenha manobrado para dar posse a um suplente com apenas 15 mil votos que representa uma facção criminosa. O crime organizado não pode fazer parte da política, e devem ser punidos aqueles que provadamente colaboram com o crime. Por isso lançamos uma campanha pelo seguimento das investigações e pela manutenção da prisão e do afastamento da presidência. Nos exigimos que as investigações cheguem às últimas consequências”.
A força da mobilização popular
Para os autores do abaixo-assinado e para o campo progressista, a votação de hoje será um divisor de águas. O movimento aponta para um esgotamento social com o avanço das organizações criminosas sobre o aparato do Estado – um processo aprofundado durante o governo Cláudio Castro, cuja base política incorporou figuras como TH Joias.
A resposta, defendem os organizadores, precisa vir tanto das instituições quanto das ruas. A mobilização popular é vista como fundamental para impedir retrocessos e garantir que a Alerj não se transforme em um espaço de blindagem para práticas criminosas.