Depois da heroica ocupação de Brasília, é preciso seguir nas ruas!

Sobre a necessidade de construir uma greve geral de 48 horas no período que se inicia após a exitosa marcha à Brasília.

Secretariado Nacional do MES 30 maio 2017, 23:10

Construir a greve geral de 48 horas. Fora Temer! Contra eleições indiretas! Que o povo decida! Contra as reformas trabalhista, da previdência e a terceirização!

A marcha, no dia 24 de maio, com mais de cem mil manifestantes, que ocupou Brasília, organizada pelas centrais sindicais e movimentos sociais, foi uma demonstração de força da classe trabalhadora e da juventude. Importante dizer que a vitória desta marcha faz parte de um acúmulo de lutas. Neste ano, tivemos um vitorioso 8 de março organizado pelas mulheres no Brasil e no mundo, que contribuiu para animar as lutas de 15 de março e de 31 de março. Depois, tivemos o acampamento Terra Livre com indígenas, de 24 a 28 de abril, centrado na reivindicação Demarcação Já! Finalmente, foi realizada a grande greve geral do dia 28 de abril, em que cruzaram os braços mais de 40 milhões de trabalhadores, para derrotar as reformas trabalhistas, da previdência, a terceirização e as medidas reacionárias de Michel Temer.

A marcha a Brasília já tinha sido convocada quando vieram a público as revelações da delação da JBS/Friboi, mostrando novos esquemas corruptos do sistema político, que causaram um terremoto no Planalto e no Congresso, e colocaram na ordem do dia a queda do governo.

O repúdio e a indignação popular crescem nas ruas contra a corrupção das empresas capitalistas e dos partidos da ordem. Nós nos somamos a essa indignação da população e exigimos que todos sejam investigados e devidamente punidos com o confisco de bens, estatizações, perda imediata de mandatos, etc.

Mobilização derrota Decreto de Garantia da Lei e da Ordem

O governo ilegítimo ordenou a repressão da grande Marcha de 24 de maio e instaurou a barbárie em Brasília. Houve uma ação desmedida das forças de repressão, utilizando bombas, gás, balas de borracha, cavalaria, helicópteros e até armas letais, causando mais de 50 feridos.

Sentindo-se acuados pela força da mobilização, Temer e Jungmann decretaram a presença das forças armadas. Transformaram nossas justas reivindicações em caso de segurança nacional.

A força da manifestação, que se defendeu dos ataques e fez a cavalaria recuar, deu uma alta moral aos manifestantes. Terminaram a atividade com a cabeça erguida, em marcha até o Mané Garrincha. Isso, bem como inúmeras reações contrárias vindas de diferentes setores da sociedade, fez com que o decreto não se sustentasse nem por 24 horas.

Unidade da esquerda combativa enfrentou repressão do governo

Foram fundamentais a determinação de luta das massas e a presença da esquerda socialista, em diferentes expressões sindicais e políticas, de setores do PSOL, da Intersindical, e da CSP-Conlutas, para que fosse possível enfrentar a repressão, apesar do papel recuado de direções políticas ligadas, em sua maioria, às maiores centrais sindicais.

A crise política segue e Temer está cada vez mais isolado. Entretanto, os corruptos e todos os representantes dos ricos querem manter as reformas em pauta. Parte deles quer manter Temer, outra parte conspira para substituí-lo numa eleição indireta. Das conversas em favor de eleições indiretas participam tanto setores da base do próprio Temer quanto da oposição petista. Estas articulações só serão derrotadas com mais mobilização social. É preciso seguir em frente: não sairemos das ruas até que caia Temer e as reformas neoliberais sejam derrotadas.

É importante que o PSOL denuncie as reuniões de bastidores em torno de um novo pacto, um possível acordão entre PSDB, PMDB e PT para uma saída institucional que manteria as contrarreformas e a politica de ataques às trabalhadoras e trabalhadores, em nome da governabilidade e da manutenção da institucionalidade burguesa. A linha do PSOL deverá ser: O Povo deve decidir! Não aceitamos eleições indiretas! Queremos que as decisões sejam feitas pela vontade popular não pelo congresso, na sua ampla maioria corrupto e ilegítimo. Lutamos por um novo sistema político, que nada tem a ver com a falsa democracia do poder econômico. Nas ruas lutamos por novas instituições e novas regras eleitorais.

A continuidade da luta pede uma nova greve geral, mais forte do que a primeira, pelo Fora Temer, e contra as reformas que atacam os direitos de quem vive do trabalho, da juventude e do povo pobre. A reunião das centrais indicou a nova data de greve para o final de junho (no período entre 26 e 30 de junho). Queremos construir pela base essa importante jornada. Avaliamos que ela deve ser de 48 horas. Cabe às centrais sindicais consolidarem a convocação.

Nós nos somamos a todos e todas que estão dispostos a somar energias no sentido de unificar as lutar pela unificação das forças da esquerda anticapitalista, convidando o conjunto do PSOL para construir um novo bloco social e político no país, que represente, de fato, as massas da classe trabalhadora e o conjunto dos setores oprimidos da sociedade, uma alternativa de esquerda e socialista. A hora é agora!

Por uma nova greve geral mais forte, por um junho de lutas que derrube o governo e as reformas neoliberais!

(Assinam este documento: 1º de Maio, APS – Ação Popular Socialista, Comunismo e Liberdade, Comuna, CS – Construção Socialista, CST, Esquerda Marxista, LRP – Liberdade e Revolução Popular, LS – Luta Socialista, LSR, Mandato Carlos Giannazi, MES – Movimento Esquerda Socialista, Somos Viamão, Subverta, TLS)


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Pedro Micussi