Greg News – um respiro de crítica independente

O humor noticioso de Gregório Duvivier expressa opiniões e pontos de vista nitidamente de esquerda e vem incomodando vozes da direita e do petismo.

Gabriela Schmidt 10 set 2017, 18:39

O programa das sextas-feiras da HBO “Greg News” estreado em Maio deste ano merece a atenção que tem instigado pelo seu conteúdo de esquerda e crítico. Logo de início Gregório Duviver anunciou que assumiria lado no programa, mas prometeu não mentir. De fato, no seu humor noticioso expressa opiniões e pontos de vistas nitidamente de esquerda. Uma grande quantidade de programas sobre políticos e empresários: Marcelo Crivella, Henrique Meirelles, Michel Temer, Joesley Batista, Rodrigo Maia e Renan Calheiros, sobre a corrupção no país e outros temas caros à esquerda como a venda da Amazônia, o aborto, o Escola Sem Partido e privatizações têm caráter informativo mas principalmente interpretativo e de opinião.

É verdade que na história recente da TV brasileira o humor passou por uma transformação importante, tornando-se permeado pela luta contra as opressões. Positivamente, há exemplos de programas de humor que começaram a substituir o repertório machista, racista, elitista e LGBTfóbico por outros mais livres de preconceitos e de senso comum. Mas, o contexto é ainda de quase inexistência de programação crítica na TV brasileira, por isso, o grande mérito do programa está em comunicar uma interpretação progressista sobre os temas e notícias, o que significa assumir, nas palavras do apresentador, que “o humor não é isento”.

O programa ganhou audiência, é um dos programas mais vistos na HBO brasileira e, apesar de passar em um canal fechado – uma pena, mas uma outra discussão – se tornou uma alternativa para o público que tem acesso ao canal.

Como podemos imaginar, o programa é combatido pelos setores de direita e da mídia tucana. Mas, como viemos a descobrir, também tem incomodado parte do seu público mais imediato. O não-petismo em Greg News e a simpatia com o PSOL recentemente incomodou a Carta Capital e levou João Feres Junior a escrever uma matéria, publicada no 4 de Setembro, que critica o programa da HBO pela suposta falta de crítica à mídia e aos setores reacionários, comparando com o equivalente americano, John Oliver, que ridiculariza a todo tempo Donald Trump e a emissora FOX. O que é mentira preguiçosa, e uma pequena parte do conteúdo descrita aqui dá conta de desmentir.

De forma ainda mais direta, acusa o PSOL de “coxismo” e não acredita quando o apresentador critica as alianças do PT sem o diferenciar dos demais. De fato, ao passar pelos temas da corrupção, do funcionamento Estado e das privatizações não procura defender ou esconder a parcela de culpa ou a participação de Dilma, Lula e outros nomes do PT. Por exemplo, o episódio que ridiculariza Henrique Meirelles não se abstém de dizer quem foi o seu principal patrocinador.

O tipo de crítica feita pelo colunista da Carta Capital nos leva a uma reflexão atual, a de que a esquerda precisa cumprir com a realidade de forma mais determinada. Diferente da isenção, a opinião é o que permite a construção de ideias relevantes, mas, a verdade e a complexidade da realidade trazem, mesmo ao humor, qualidade e permitem opiniões e sarcasmo mais inteligentes, porém não é isso o que faz João Feres e o que fazem outras companhias.

O colunista termina dizendo que Gregório é até que bem-vindo nesse “cenário de devastação da mídia brasileira”, mas pede que “se libertem do ranço moralista e elitista que o PSOL carioca representa tão bem”. Ou seja, o tema da corrupção, com Odebrecht, Friboi, Aécio, Pezão, Joesley Batista, a denúncia dos escândalos e a explicação dos esquemas, da relação promíscua entre os partidos da ordem e o setor privado, o sequestro do bem-público pelos interesses particulares de gente poderosa, tudo isso é considerado paroquialismo do programa. De fundo, se parece mais com “crítica cultural” instrumentalizada para defender jargões e opiniões mais ou menos fanáticas, pelo menos até que se prove o contrário.

A 1ª temporada de Greg News que termina na próxima sexta-feira (15) é um descanso da programação comum, manipuladora. É digno de prestígio, um sinal de que há avanço e há espaço para o pensamento de esquerda e independente.


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Camila Souza