Contra o aumento da tarifa: terceiro ato

Relato do último ato realizado em São Paulo contra o aumento das tarifas do transporte público na capital paulista.

Alexandre Terini 24 jan 2018, 20:52

O terceiro ato contra o aumento da tarifa nesta terça (23) mal começou sua concentração no cruzamento da Av. Ipiranga com Av. São João e já foi completamente cercado, intimidado, teve quatro jovens detidos e, depois de um longo impasse, foi reprimido pelo aparato militar do Estado, ferindo assim o direito constitucional de manifestação.

O Movimento Passe Livre (MPL) estendia uma faixa escrita “4 reais nunca!” e carregava uma catraca para ser simbolicamente pulada pelos manifestantes. Mas a imposição de mais este aumento abusivo, que impede o acesso da população ao transporte, enchendo o bolso da máfia e perpetuando o caos diário na cidade, não foram os únicos ataques na última semana: o governo Alckmin também leiloou as linhas 5-Lilás e 17-Ouro do metrô (que custaram 7 bilhões para os cofres públicos). A empreitera CCR, vencedora do leilão, integra o escândalo do cartel nas obras do metrô e trem de São Paulo.

Para coibir qualquer contestação a farra com o dinheiro público, os governos Alckmin e Dória enviaram, mais uma vez, uma quantidade desproporcional e desnecessária de PM e GCM. Se aproveitando do número menor de manifestantes, bloquearam as duas vias da São João e uma das vias da Ipiranga, cercando e impedindo que se caminhassem. Pelo menos quatro jovens foram presos sem justificativa e outros tantos foram enquadrados, sofreram ameaças e tiveram suas mochilas revistadas. Dezenas abandonaram o protesto nesse momento, enquanto a outra parte ficou lá, presa, cercada de policiais armados até os dentes (muitos encapuzados), tendo que escolher se abandonavam seu direito constitucional de protestar ou tentavam marchar para assim serem trucidados pelos brutamontes do governo.

Quando anoiteceu, o MPL encerrou o ato, mas as forças policiais seguiram os manifestantes na dispersão e, no meio do caminho, começaram a reprimi-los com bombas e balas de borracha. Nessa hora vieram até tanques blindados. Ficou escancarado tamanho medo que o governo tem de qualquer protesto que ameace o lucro de seus amigos, só legitimando ainda mais a nossa luta pelo direito ao transporte e a cidade! Amanhã vai ser maior!


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