As Grandes Greves de Minneapolis

No início da década de 1930, nos EUA, caminhoneiros organizavam aquela que seria uma das mais importantes manifestações trabalhistas do país.

James P. Cannon 24 maio 2018, 17:21

O ano de 1933, o quarto ano da grande crise norte americana, marcou o começo do maior levante dos operários norte-americanos e seu movimento de organização sindical a uma escala nunca vista antes na história norte-americana. Isso foi o marco do desenvolvimento de vários partidos políticos, grupos e tendências. Este movimento dos operários norte americanos tomou a forma de um tremendo giro para a ruptura com sua atomização visando enfrentar os patrões com a força organizada do sindicalismo.

Este grande movimento se desenvolveu em ondas. No primeiro ano da administração Roosevelt veio a primeira onda de greves de uma considerável magnitude, mas os resultados foram insuficientes na via da organização, porque careciam de suficiente empuxe e direção adequada. Na maioria dos casos o esforço dos trabalhadores era frustado por uma “mediação” governamental por um lado, e uma brutal repressão por outro.

A segunda grande onda de greves e movimentos de organização teve lugar em 1934. Foi seguido por um movimento ainda mais poderoso em 1936-37, da qual o ponto mais alto foi a greve de braços cruzados nas fábricas de automóveis, uma greve impermeável que levou a um tremendo ressurgir da CIO.

Nossa conferência de hoje trata da onda de greves de 1934, representada pelas greves de Minneapolis. Onde, pela primeira vez, se demonstrou a participação efetiva de um grupo marxista revolucionário na organização real da greve e na direção. A base desta onda de greves e movimentos de organização foi o reavivamento parcial da indústria.

Isto já foi mencionado antes e deve ser repetido uma e outra vez. Nos abismos da depressão, quando o desemprego era muito grande, os operários haviam perdido a confiança em si mesmos e temiam fazer qualquer movimento sob destetável ameaça de desemprego. Mas com o reavivamento da indústria os trabalhadores ganharam nova confiança neles mesmos e começaram um movimento para recuperar algumas coisas que lhes haviam sido tiradas nos anos mais profundos da depressão. O terreno para a atividade de massas do movimento trotskista na América do norte foi estabelecido, pela própria ação das massas. Na primavera de 1934 o país havia sido eletrificado pela greve de Auto-Lite em Toledo na qual haviam sido introduzidos alguns métodos e técnicas novas de luta militante. Um agrupamento político, ou ao menos semi-político, representado pela CPLA, que havia formado o Comité Provisório para a formação do American Workers Party, tinha dirigido essa greve tremendamente significativa de Toledo, através de sua “Unemployed League” (Liga de Desempregados). Tinha se mostrado pela primeira vez que grande papel pode jogar nas lutas dos operários industriais uma organização de desempregados dirigida por elementos militantes. A organização de desempregados em Toledo, que havia sido formada e estava sob a direção do grupo de Muste, praticamente tomou a direção da greve de Auto-Lite e a elevou a um nível de piquete de massas e militância para além dos limites até então contemplados pela velha linha de burocratas dos sindicatos da categoria.

A greve de Minneapolis elevou ainda mais o nível. Se nós medirmos ponto por ponto, inclusive o critério decisivo de direção política e a máxima exploração de cada possibilidade inerente a uma greve, devemos dizer que o ponto mais alto da onda de 1934 foi a greve dos motoristas de Minneapolis, auxiliares e trabalhadores internos, em maio, e sua repetição em uma proporção ainda maior em julho-agosto de 1934. Essas greves puseram o trotskismo norte-americano em um teste crucial.

Por cinco anos havíamos sido uma voz gritando na floresta, confinados a crítica do PC, à elucidação do que pareciam ser as mais abstratas questões teóricas. Mais de uma vez fomos acusados de não sermos nada, salvo de sectários e divisionistas. Agora, com esta oportunidade apresentada em Minneapolis de participar do movimento de massas, o trotskismo norte-americano era posto diretamente em um teste. Tínhamos que demonstrar na ação se era na verdade um movimento de sectários e divisionistas, ou uma força política dinâmica, capaz de participar efetivamente no movimento de massas dos trabalhadores.

Nossos camaradas de Minneapolis começaram seu trabalho primeiro nas minas de carvão, e mais tarde estenderam sua campanha de organização geral entre os motoristas e auxiliares. Aquele não foi um plano pré-concebido, trabalhado no staff geral do nosso movimento. Os motoristas de Minneapolis eram a seção decisiva do proletariado norte-americano. Começamos nossa real atividade no movimento operário naqueles lugares onde a oportunidade estava aberta para nós. Não é possível selecionar ocasiões felizes arbitrariamente, de acordo com um capricho ou uma preferência. Devemos entrar no movimento de massas quando uma porta está aberta. Uma série de circunstâncias fizeram de Minneapolis o ponto nodal de nossa primeira grande empreitada, e de triunfos no campo sindical. Tínhamos em Minneapolis um grupo de velhos e provados comunistas que ao mesmo tempo eram experimentados sindicalistas. Eram homens bem conhecidos, enraizados na localidade. Durante a depressão trabalharam nas minas de carvão. Quando se abriu a oportunidade de organizar as minas eles a aproveitaram e demonstraram rapidamente sua capacidade na exitosa greve de três dias. Assim, a extensão da organização operária para a indústria caminhoneira seguiu como por um tubo.

Minneapolis não era o osso mais fácil de roer. De fato era o mais duro em todo o país. Minneapolis era uma notória cidade comercial. Durante 15 ou 20 anos da Citizens Alliance, uma organização de patrões duros, haviam dirigido Minneapolis com uma mão de ferro. Nem uma simples greve havia triunfado naqueles anos. Os sindicatos da construção, talvez um dos sindicatos por ofício mais estáveis e efetivos, estavam mantendo a raia em Minneapolis e afastados das Obras de construção mais importantes. Era uma cidade de greves perdidas, negócios abertos, salários miseráveis, horas roubadas e um débil e ineficiente movimento sindical por ofício.

A greve do carvão, mencionada na nossa discussão da semana passada, foi um conflito preliminar das grandes batalhas que viriam. A admirável vitória da greve, sua militância, sua boa organização e seu rápido triunfo, estimularam a organização geral dos motoristas de caminhões e seus ajudantes, que até aquele momento e ao largo dos anos da depressão, haviam sido cruelmente explorados e sem o benefício da organização. Na realidade, havia um sindicato na indústria, mas estava sustentado na beira do nada. Havia somente um pequeno punhado de membros com um pobre tipo de contrato com uma das duas companhias de transferências, não uma organização de massas de motoristas de caminhões e ajudantes na cidade.

O triunfo da greve do carvão levantou os trabalhadores da indústria do transporte. Estavam acesos, seus salários eram muito baixos e suas horas muito longas. Livres por muitos anos de qualquer sindicato que os limitasse os patrões famintos de benefícios haviam ido muito longe — os patrões sempre vão demasiado longe — os trabalhadores escutaram a mensagem sindical abertamente.

Nosso trabalho sindical em Minneapolis, do começo ao fim, foi uma campanha dirigida politicamente. As táticas foram guiadas pela política mais geral, argamassadas persistentemente por The Militant, que chamava aos revolucionários para entrarem na principal corrente do movimento operário representada pela AFL.

Esse era nosso curso deliberado para acompanhar a linha organizativa em que iam as massas, não estabelecer sindicatos artificiais próprios em contradição com o impulso das massas, de ir ao movimento sindical estabelecido. Durante cinco anos nos salvamos através de uma batalha decidida contra o dogma ultra esquerdista dos “sindicatos vermelhos”, estes sindicatos fundados artificialmente pelo Partido Comunista foram boicotados pelos trabalhadores, isolando assim os elementos da vanguarda. As massas de trabalhadores, buscando uma organização, tinham um instinto seguro. Sentiam a necessidade da ajuda. Queriam estar em contato com outros trabalhadores organizados, estar em contato com alguns radicais que gritam muito. Este é um fenômeno que não falha: as massas, sem ajuda, desorganizadas na indústria, têm um exagerado respeito pelos sindicatos estabelecidos, não importa quão conservadores, quão reacionários possam ser estes. Os trabalhadores temem o isolamento. Nesse aspecto eles são muito mais sábios que todos os sectários e dogmáticos que tem tentado proscrever a forma exata, detalhado de um sindicato perfeito. Em Minneapolis, como em todos os lados, tinham um forte impulso para confluir com o movimento oficial, esperando sua ajuda na briga contra os patrões que haviam feito a vida muito mais dura para eles. Seguindo a tendência geral dos trabalhadores, nós também fizemos isso; se estávamos por construir a melhor de nossas oportunidade, não poríamos dificuldades desnecessárias no nosso caminho. Não perderíamos tempo e energias tratando de vender aos trabalhadores um novo esquema de organização que eles não queriam. Era muito melhor adaptarmo-nos a sua tendência, e também explorar as possibilidades de obter a ajuda do movimento operário oficial existente.

Não foi muito fácil para nossa gente entrar na AFL em Minneapolis. Eles eram homens marcados, duplamente expulsos, duplamente injuriados. No curso de suas lutas haviam sido expulsos não apenas do Partido Comunista, mas também da AFL. Durante a “purga vermelha”, no ponto mais alto da reação no movimento operário norte americano, praticamente todos nossos camaradas que haviam sido ativistas nos sindicatos haviam sido expulsos. Um ano mais tarde para fazer mais completo seu isolamento, foram expulsos do PC.

Mas a pressão dos trabalhadores em direção a organização foi mais forte que os decretos dos burocratas sindicais. Foi demonstrado que nossos camaradas tinham a confiança dos trabalhadores e os planos de como poderiam ser organizados. A patética debilidade do movimento sindical em Minneapolis, e o sentimento dos membros do sindicato de que necessitava-se de nova vida — tudo isso trabalhava a favor de que nosso pessoal voltasse para a AFL através do Teamster Union. Ademais, havia umas circunstâncias fortuitas, um acidente afortunado, que à cabeça do Local 574 e do Teamster Joint Council em Minneapolis, estava um militante sindical chamado Bill Brown. Tinha um instinto de classe e estava fortemente atraído pela idéia de obter a cooperação de algumas pessoas que soubessem como organizar os operários e dar aos patrões uma briga real. Aquela foi uma circunstância afortunada para nós, mas tais coisas ocorrem a cada tanto. A fortuna favorece aos mais devotos. Se vocês vivem corretamente e se conduzem com propriedade, obtêm um golpe de sorte de tempos em tempos. E quando ocorre um acidente — um bom — há que aproveitá-lo e tirar o melhor partido possível.

Nós certamente fizemos o melhor com aquele acidente, a circunstância de que o Presidente do Local 574 de Teamsters fosse um personagem maravilhoso, Bill Brown, que mantevea a porta do sindicato aberta aos “novos homens” que sabiam como organizar os operários e dirigi-los na batalha. Mas nossos camaradas eram membros novos nesse sindicato. Não tinham tempo o suficiente para serem sócios efetivos; eram somente membros quando a briga começou a fazer ruído. Assim, nem um só do nosso pessoal — ou melhor, membros do grupo trotskista — era um efetivo do sindicato durante as três greves. Mas eles organizaram e dirigiram as greves mesmo assim. Estavam constituídos como um “Comitê de Organização”, uma espécie de corpo extra-legal estabelecido com o propósito de dirigir a campanha de organização e dirigir as greves.

A campanha de organização e das greves foram levadas a cabo virtualmente por cima da cabeça da direção oficial do sindicato. O único dos efetivos regulares que realmente participou de forma direta na atual direção das greves foi Bill Brown, junto com o Comitê de Organização. Esse Comitê de Organização teve um mérito que se demonstrou no começo — outros méritos foram revelados mais tarde — eles sabiam como organizar operários. Essa é uma das coisas que os ossificados burocratas em Minneapolis não sabiam e aparentemente não podiam aprender. Eles sabem como desorganizá-los. Esta característica é a mesma em todos os lados. Eles sabem, as vezes, levar os operários para dentro dos sindicatos quando abrem suas portas. Mas ir mais além e organizar realmente os trabalhadores, sacudí-los, inspirar-lhes confiança — a burocracia tradicional dos sindicatos por ofício não pode fazer isso. Isso não é seu campo, não é sua função. Nem sequer é sua ambição.

O Comitê de Organização trotskista organizou os trabalhadores na indústria do transporte e depois agiu para alinhar o resto do movimento operário em apoio a esses trabalhadores. Não os levaram a uma ação isolada. Começaram a trabalhar através da Central Labor Union, com conferências com os burocratas assim como com pressão de baixo, para pôr o movimento operário de Minneapolis em apoio a nova organização de motoristas de caminhões; trabalharam até a exaustão para insistir com os funcionários da Central Labor Union na campanha, para ter resoluções com suas assinaturas respaldando suas reivindicações, fazendo-lhes assumir responsabilidade oficial. Quando chegou o momento da ação, o movimento operário de Minneapolis, representado por sindicatos oficiais da AFL, encontraram-se na posição de apoiar as reivindicações e a estarem obrigados a apoiar a greve.

Em maio a greve geral explodiu. Os patrões, muito acostumados a uma longa dominação sem objeções, foram fortemente surpreendidos. A lição da greve de carvão não os havia convencido ainda de que “algo de novo” havia se somado ao movimento sindical em Minneapolis. Eles ainda pensavam que podiam deter isto nos passos iniciais. Pretendiam isso com tramóias, manobrando e obstaculizando nosso pessoal nas negociações com o Labor Board, onde muitos novos sindicatos haviam sido destroçados. Justo no meio da questão, quando pensaram que teriam o sindicato confundido nesta trama de negociações para uma demora indefinida, nosso pessoal atacou de um só golpe. Receberam uma greve geral na cara. Os caminhões foram postos uns atrás dos outros e as “negociações” foram para as ruas.

Esta greve geral de maio sacudiu Minneapolis como nunca havia sido sacudida antes. Sacudiu o conjunto do país, porque não foi uma greve dócil. Foi uma greve que começou com tanto ruído que o país inteiro escutou falar sobre ela, e sobre o papel dos trotskistas em sua direção — os patrões advertiram isto amplamente, e também histericamente. Depois vimos outra vez a mesma resposta entre os trabalhadores de esquerda que haviam seguido nossa ação firme no caso de Field e da greve hoteleira de Nova York. Quando viram o desenvolvimento da greve de maio em Minneapolis, o mesmo sentimento se expressava de novo: “Os trotskistas são coisa séria. Quando se comprometem a uma coisa vão por ela até o final”. As zombarias sobre o “sectarismo” trotskista começaram a tornar-se ranço.

Não haviam diferenças essenciais, de fato eu não pensava que havia alguma séria diferença entre os grevistas em Minneapolis e os trabalhadores envolvidos em centenas de outras greves através do território nesse período. Quase todas as greves foram levadas com a maior militância operária. A diferença estava na direção, e na política. Praticamente em todas as outras greves a militância de base operária era segura pela cúpula. Os dirigentes estavam impactados pelo governo, os periódicos, os clérigos, e uma coisa e outra. Insistiram em levar o conflito das ruas e dos piquetes às silenciosas reuniões. Em Minneapolis a militância de base não foi limitada mas sim organizada e dirigida de alto a baixo.

Todas as greves modernas requerem uma direção política. As greves daquele período levavam ao governo, suas agências e suas instituições ao mesmo centro de cada situação. Um dirigente de greve sem uma linha política já estava fora de lugar em 1934. O antigo movimento sindical, que costumava negociar com a patronal sem interferência governamental, pertence ao museu. O moderno movimento operário deve ser dirigido politicamente porque está sempre confrontado com o governo. Nossa gente estava preparada para isso já que eram pessoas políticas, inspiradas por concepções políticas. A política da luta de classes guiava nossos camaradas, não podiam ser desiludidos e manobrados, como o eram muitos outros dirigentes de greves daquele período, por esse mecanismo de sabotagem e destruição conhecido com National Labor Board (Ministério do Trabalho) e todos seus escalões auxiliares. Não punham nenhuma confiança no ministério do trabalho de Roosevelt; não eram enganados por nenhuma idéia de que Roosevelt, o presidente liberal “amigo dos trabalhadores”, iria ajudar os caminhoneiros em Minneapolis para que ganhassem uns poucos centavos a mais por hora. Não estavam seduzidos pelo fato de que havia nesse tempo em Minnesota um governador que era um trabalhador agrícola, que presumia estar do lado dos operários.

Nosso pessoal não acreditava em nada nem ninguém, apenas na política da luta de classes e na habilidade dos trabalhadores para preservar sua força de massa, e na solidariedade. Conseqüentemente, esperavam desde o princípio que o sindicato teria que brigar por seus direitos para existir; que os patrões não presenteariam nenhum reconhecimento para o sindicato, não presenteariam nenhum aumento de salários ou redução das horas escandalosas, sem pressão. Por tanto, preparam tudo do ponto de vista da guerra de classes. Sabiam que esse poder, não a diplomacia, decidiria esse assunto. Os blefes não servem nas coisas fundamentais, mas sim em coisas incidentais. Em coisas como o conflito de interesses de classe deve-se estar preparado para brigar.

Providos destes conceitos gerais os trotskistas de Minneapolis, no decorrer da organização dos trabalhadores, planejaram uma estratégia de batalha. Era algo inédito em Minneapolis. Isto é, uma greve completamente organizada com antecipação, uma greve preparada com o detalhe meticuloso próximo ao do Exército Alemão, controlado até o último botão do uniforme do último soldado. Quando o momento limite chegou, e os patrões pensaram que podiam ainda manobrar e fanfarronar, nossa gente estabeleceu uma fortaleza para a ação. Isto foi notado e reportado pelo “Minneapolis Tribune”, o porta voz dos patrões, só no último momento, um dia antes da greve. O jornal dizia: “Se os preparativos feitos por seu sindicato para sustentá-lo, são as indicadas, a greve dos motoristas de caminhões de Minneapolis vai ser um assunto longo. Ainda antes do começo oficial da greve às 11:30 da manhã de terça-feira, o “Quartel General” da organização, situado na Avenida Chicago, 1900, estava operando com toda a precisão de uma organização militar”.

Nosso pessoal tinha um “Comissariado” preparado. Não esperavam até que os grevistas estivessem famintos. Os haviam organizado previamente na preparação da greve. Estabeleceram um hospital de emergência em uma garagem — os quartéis da greve estavam em garagens — com seu próprio doutor e suas próprias enfermeiras ainda antes de que explodisse a greve. Por que? Porque eles sabiam que os patrões, seus capangas, assassinos e deputados tentariam neste caso, como em qualquer outro, quebrar a greve. Estavam preparados para cuidar de sua própria gente e não deixá-los postos sob detenção provisória e fora de circulação. Quando um trabalhador era ferido em um piquete o levavam ao seu local próprio e o curavam ali.

Eles tomaram o exemplo do Progressive Miners of America e organizaram um Auxilio de Mulheres para criar problemas aos patrões. E lhes conto, que as mulheres criaram um montão de problemas, correndo ao redor, protestando e escandalizando aos patrões e as autoridades da cidade, que é uma das mais importantes armas políticas. A direção da greve organizou piquetes sobre uma base de massas. Selecionar, contratar a umas poucas pessoas, uma ou duas, para observar, contar e reportar quantos “carneiros” tinham sido contratados, não funciona em uma luta real. Eles enviavam um piquete para evitar que os “carneiros” entrassem. Eu mencionei que tinham seus próprios quartéis em garagens. Isto era assim porque os piquetes foram postos sobre rodas. Não só organizavam os piquetes, mas também mobilizaram uma frota de veículos. Cada trabalhador em greve, simpatizante, e sindicalista da cidade, era chamado a doar seu automóvel ou caminhão. Assim, o comitê de greve tinha uma frota inteira a sua disposição. Esquadras volantes de piquetes sobre rodas estavam estacionados em pontos estratégicos em toda a cidade.

Cada vez que chegava uma notícia de que se movia um caminhão, ou de alguma intenção de mover caminhões, o “despachador” chamava por auto-falante na garagem a tantos carros, carregados de piqueteiros, quantos fossem necessários para ir ter uma conversa com os operadores “carneiros”.

O “despachador” na greve de maio era um jovem chamado Farrell Dobbs. Saltou da mina de carvão em Minneapolis para o sindicato e para a greve, e depois ao partido. Primeiro se fez conhecido como um despachador que ordenava as saídas das esquadras de carros e dos piqueteiros. A princípio os piqueteiros saíam sem nada nas mãos, mas regressavam com as cabeças machucadas e feridas de vários tipos. Depois se equiparam com shillalahs para a próxima viagem. Um shillalah, como qualquer irlandês pode lhes contar, é um pau com pontas em que se pode apoiar no caso de se mancar. Contudo, pode-se carregar com outros propósitos. A intenção dos patrões e da polícia de quebrar a greve pela força culminou na famosa “Batalha do Mercado”. Vários milhares de comissários especiais junto a força policial inteira foram mobilizados para fazer um esforço supremo de abrir uma parte estratégica da cidade, o mercado atacadista, para a operação de caminhões.

Aqueles comissários, recrutados da pequena burguesia e das classes empregadoras da cidade, e os profissionais, chegaram ao mercado com espírito de festa. Iam se divertir batendo em grevistas. Um dos comissários especiais luzia seu chapéu de “polo”. Ia ter seu grande momento, golpeando cabeças de grevistas com pelotas de “polo”. O mal informado desportista estava errado, não haveria uma partida de “polo” desta vez. Ele e todos os comissários e policiais se viram envolvidos por uma massa de piquetes organizados do sindicato apoiados por sindicalistas simpatizantes de outras áreas e por membros das organizações de desempregados. O intento de mover os piquetes para a zona do mercado terminou em um fracasso. O contra ataque dos operários os fez fugir. A batalha passou para a história de Minneapolis como “A batalha da corrida dos Comissários”. Fez duas vítimas fatais, e foram ambas do outro lado. Aquela foi uma das faces da greve que deixou Minneapolis em alta conta na estima dos trabalhadores de todas as partes. Dia após dia de greve naqueles dias a mesma história havia sido repetida monotonamente na imprensa: dois grevistas assassinados; quatro grevistas fuzilados; 20 grevistas presos, etc. Esta foi uma greve onde não esteve tudo de um só lado. Houve uma explosão universal de aplausos, de um extremo ao outro do movimento operário, pela militância e a resolução dos lutadores de Minneapolis. Haviam revertido a tendência das coisas, e os militantes operários em todos os lados exaltaram seu nome.

Com o desenvolvimento da campanha organizativa, nosso Comitê Nacional em Nova York era informado de cada acontecimento e colaborava como podia pelo correio. Mas quando estourou a greve fomos totalmente conscientes que havia chegado o momento para nós de fazer mais, de fazer tudo o que podíamos para ajudar. Eu fui enviado para Minneapolis por avião para colaborar com os camaradas, especialmente nas negociações para um acordo. Esse era o momento, deixo-lhes sublinhado, em que éramos extremamente pobres, que não podíamos ter um telefone no escritório. Não tínhamos em absoluto bases financeiras para gastos tão extravagantes como viagens de avião. Mas a consciência de nosso movimento foi expressa muito emblematicamente pelo fato de que no momento da necessidade encontramos os meios para pagar uma viagem de avião para poupar-nos umas poucas horas. Esta ação, que custou além do que nossa arrecadação podia normalmente chegar, foi feita para dar aos camaradas locais envolvidos na briga o beneficio de todo o conselho e toda a assistência que podíamos oferecer, e a qual, como membros da Liga, eles tinham direito de reclamar. Mas há outro aspecto, muito importante. Enviando um representante do Comitê Nacional para Minneapolis, nossa Liga queria mostrar que tomava as responsabilidade pelo que estava fazendo. Se as coisas fossem mal — e sempre há a possibilidade de que as coisas se saiam mal em uma greve — queríamos dizer que tomávamos a responsabilidade por eles e não deixávamos os camaradas locais com todo o fardo. Aquele sempre foi nosso procedimento. Quando uma seção de nosso movimento está envolvida em uma ação, os camaradas locais não são deixados aos seus próprios recursos. A direção nacional deve ajudá-los e em última análise tomar a responsabilidade.

A greve de maio durou somente 6 dias e se chegou a um rápido acordo. Os patrões foram tirados do eixo; todo o país reclamava que se solucionasse a questão. Havia pressão desde Washington e do governador Olson. A conciliação foi severamente atacada pela imprensa stalinista, que estava muito radical nesse momento, porque não foi uma vitória total, e sim um compromisso; uma vitória parcial que deu reconhecimento ao sindicato. Tomamos toda a responsabilidade pelo acordo que haviam feito nossos camaradas e respondemos ao stalinismo. Nossa imprensa simplesmente tirou os stalinistas do chão nesta controvérsia. Defendemos o acordo de Minneapolis e frustamos sua campanha para desacreditá-lo e assim desacreditar nosso trabalho nos sindicatos. Ao movimento operário de esquerda foi dado um quadro completo desta greve. Publicamos uma edição especial do The Militant que descrevia os detalhes de todos os diferentes aspectos da greve e da preparação que levou a ela. Essa edição foi escrita quase inteiramente pelos camaradas dirigentes da greve.

O ponto principal ao redor do qual armamos a explicação do compromisso firmado foi: quais são os objetivos de um novo sindicato neste período? Enfatizamos que a classe operária norte americana está ainda desorganizada, atomizada. Somente uma parte dos trabalhadores estão organizados em sindicatos por área, e estes não representam as grandes massas dos trabalhadores norte-americanos. Os trabalhadores norte-americanos são uma massa desorganizada e seu primeiro impulso e necessidade é dar o primeiro passo elementar antes que possam fazer qualquer coisa mais, ou seja, formar um sindicato e obrigar aos patrões a que reconheçam esse sindicato. Assim formulamos o problema.

Sustentamos — e creio que com toda justiça — que um grupo de trabalhadores, que em sua primeira batalha ganharam o reconhecimento de seu sindicato, e sobre essas bases puderam construir e reforçar sua posição, haviam cumprido os objetivos da ocasião e não deviam super-valorizar sua força e correr o perigo da desmoralização e da derrota. A conciliação provou ser correto porque foi suficiente para construir. O sindicato ficou estável. Não foi uma faísca na escuridão. O sindicato começou a forjar uma direção, começou a recrutar novos membros e educar quadros novos de direção. A medida que as semanas passavam, se fez claro para os patrões que o esquema para privar aos motoristas de caminhão do fruto de sua luta não estava indo tão bem.

Os patrões chegaram a conclusão de que haviam cometido um erro; que deveriam ter brigado mais e quebrado o sindicato, para ensinar ao resto dos trabalhadores de Minneapolis a lição de que os sindicatos não podiam existir ali; que Minneapolis era uma cidade de negócios de escravos e que ficaria assim. Alguém os aconselhou mal. A Aliança de Cidadãos, a organização geral dos patrões e dos que odiavam os trabalhadores se manteve provocando e incitando os patrões da indústria do transporte a romper com o acordo, a cortar sujamente e postergar as concessões que concordaram em dar, e a tirar dos trabalhadores as conquistas que haviam conseguido.

A direção do sindicato compreendia a situação. Os patrões não haviam-se convencido o suficiente com o primeiro teste de força com o sindicato e necessitavam outra demonstração. Começaram a preparar outra greve. Outra vez os operários da indústria eram preparados para a ação. Outra vez todo o movimento operário de Minneapolis era mobilizado para apoiá-los, desta vez, em sua forma mais impressionante e mais dramática. A campanha pela adoção de resoluções na Central Labor Union e em seus sindicatos filiados em apoio ao Local 574 apontava haver uma grande mobilização dos trabalhadores organizados. Os membros de vários sindicatos vieram com suas forças e marcharam em sólidas filas a um impressionante ato de massas no Auditório da Cidade, para apoiar aos motoristas de caminhões e comprometer-se a sustentá-los na eminente greve. Essa foi uma imponente demonstração de solidariedade operária e da nova militância que estava nascendo entre os operários.

Os patrões seguiam insensíveis. Puseram o “alerta vermelho” denunciando o “Comunismo trotskista” como manchetes nos jornais. Por parte do sindicato os preparativos seguiam adiante como na greve de maio, mas em um plano superior de organização. Quando se fez claro que não podiam evitar outra greve sem sacrificar o sindicato, nosso Comitê Nacional decidiu que de conjunto, a Communist League of America (Liga Comunista da América) teria que dar tudo em seu apoio. Sabíamos que o verdadeiro teste estava ali, que estávamos nos arriscando, não especulando. Entendíamos que era uma batalha que nos poderia construir ou romper nos anos vindouros; se davamos uma ajuda ao meio, ou negávamos tal ou qual ajuda, isto poderia inclinar a balança entre a vitória ou a derrota. Nós sabíamos que teríamos muito para dar aos camaradas de Minneapolis.

Em nosso movimento nunca jogamos com a idéia absurda de que só aqueles ligados diretamente com um sindicato eram capazes de ajudar. As greves modernas necessitam uma direção política mais que outra coisa. Se nosso partido, nossa Liga como a chamamos depois, merecia existir teria que ir ajudar os camaradas locais. Como é sempre o caso com os dirigentes sindicais, especialmente em tempos de greve, eles estão sob o peso e o stressde milhares de detalhes que pressionam. Um partido político, pelo contrário, se eleva por sobre os detalhes e generaliza a partir dos objetivos principais. Um dirigente sindical que rechaça a idéia do conselho político na luta contra a patronal e seu governo, com seus astutos mecanismos, armadilhas e métodos de exercer pressão, é cego, surdo e mudo. Nossos camaradas de Minneapolis não eram desse tipo. Se voltavam para nós para obter ajuda.

Enviamos umas poucas forças ao lugar dos acontecimentos. Eu fui para lá em torno de duas semanas antes de que estourasse a segunda greve. Depois de haver estado ali uns poucos dias, acordamos em pedir mais ajuda, de fato um staff completo. Duas pessoas foram adicionadas, trazidas de Nova York para o trabalho jornalístico: Shachtman e Herbert Bolow, um experimentado e talentoso jornalista que era uma espécie de simpatizante do nosso movimento naquele tempo. Tomando emprestado uma idéia da greve da Auto Lite de Toledo, chamamos um outro camarada cuja tarefa específica era organizar os desempregados para colaborar com a greve. Era Hugo Oehler, um sindicalista muito capaz e bom trabalhador entre as massas. Seu trabalho em Minneapolis foi o último bom que fez para nós. Pouco depois contraiu a doença do sectarismo. Mas na época Oehler estava bem, e contribuiu em para a greve. Trouxemos um advogado para o sindicato, Albert Goldman. Sabíamos pela experiência prévia, que um advogado é muito importante em uma greve, se pode-se conseguir um bom. É muito importante ter o próprio “porta voz” e uma face legal que dê conselhos honestos e proteja os interesses legais. Há todo o tipo de idas e vindas em uma greve tão longa e dura. As vezes as coisas se põem muito quentes para os líderes grevistas. Então se pode trazer um bom advogado que diga com calma: “Permita-nos raciocinar juntos e ver o que dizem as leis”. É realmente um auxilio, especialmente quando se tem um advogado tão brilhante e um homem tão leal com Al Goldman.

Demos tudo o que podíamos para a greve desde nosso centro em Nova York, sobre o mesmo princípio que mencionei antes, o que serviria de linha de guia para todo tipo de atividade de um partido sério, ou de uma pessoa séria para essa questão. Este é o princípio: se vai fazer algo pelo amor ao céu, faça-o apropriadamente, faça-o bem. Nunca especules, nunca faça as coisas pela metade. Ai dos descuidados! “Porque se tu és descuidado, nem frio nem quente, te cuspirei de minha boca”.

A greve começou em 16 de julho de 1934, e durou 5 semanas. Penso que posso dizer sem o menor exagero, sem temor a nenhuma contradição, que a greve de julho-agosto dos motoristas de caminhões e ajudantes de Minneapolis entrou nos anais da história do movimento operário norte-americano como uma de suas lutas maiores, mais heróicas e melhor organizadas. Mais ainda: a greve e o sindicato que se forjou sob o fogo são identificados para sempre no movimento operário, não só aqui mas em todo o mundo, com o trotskismo em ação no movimento das massas trabalhadoras. O trotskismo fez um considerável número de contribuições específicas a esta greve, o que constitue toda a diferença entre a greve de Minneapolis e centenas de outras desse período, algumas das quais envolveram mais trabalhadores, e em localidades e empresas socialmente mais importantes. O trotskismo fez sua contribuição para a organização e preparativos da greve até o último detalhe. Isso era algo novo, algo especificamente trotskista. Segundo, o trotskismo introduziu em todos os planos e preparativos do sindicato e da greve, do princípio ao fim, a militância baseada no classismo; não como uma reação subjetiva — isto se vê em todas as greves — mas como uma política deliberada baseada na teoria da luta de classes, de que não se pode ganhar nada dos patrões a menos que se tenha a vontade de brigar por isso e a força para tomá-lo.

A terceira contribuição do trotskismo para a greve de Minneapolis — a mais interessante e quem sabe a mais decisiva — foi que enfrentamos os mediadores do governo em seu próprio terreno. Como lhes contei, uma das coisas mais patéticas naquele período era ver como em uma greve atrás da outra os trabalhadores eram manobrados e cortados em pedacinhos e suas greves quebradas pelos “amigos dos operários” no disfarce de mediadores federais.

Esses velhacos aduladores vinham, tomavam vantagem da ignorância e da inexperiência e da falta de visão política dos dirigentes locais, e lhes asseguravam que eles estavam aqui como amigos. Sua missão era ajustar o problema arrancando concessões a partir das debilidades. A inexperiência e a ignorância política dos dirigentes das greves eram suas presas. Tinham uma rotina, uma fórmula para enganar os ingênuos. “Eu não lhes estou pedindo que deêm alguma concessão ao patrão, mas que deêm uma concessão a mim para que possa ajudá-los”. Depois de haver obter alguma credulidade, dizem: “Eu tratei de conseguir uma concessão correspondente dos patrões mas eles se negaram. Penso que o melhor que podem fazer são mais concessões: o sentimento público está se voltando contra vocês”. E depois pressiona e ameaça: “Roosevelt fará uma declaração” ou, “nos sentimos obrigados a publicar algo nos periódicos contra vocês se não são mais responsáveis e razoáveis”. Depois levam os pobres novatos para as salas de reuniões, os mantêm ali horas e horas e os aterrorizam. Esta é a rotina comum que empregam esses cínicos canalhas.

Chegaram a Minneapolis preparados para outra atuação similar. Nós estávamos sentados ali esperando-os. Dissemos: “Vamos, vocês querem negociar, não é assim? Muito bem. Isso é magnífico”. Certamente nossos camaradas punham esta linguagem mais diplomática dos “protocolos” de negociações, mas isso era um toque de nossa atitude. Bem, eles nunca conseguiram tirar nem dois centésimos dos líderes trotskistas do local 574. Lhes demos uma dose de negociações e diplomacia da qual ainda estão se recuperando. Esgotamos a três deles antes de que se decretasse a greve finalmente.

Uma das manobras favoritas destes homens de confiança, conhecidos como mediadores federais, era reunir os dirigentes de greve imaturos em uma sala, jogar com sua vaidade e induzilos a fazer certos tipos de compromissos que não estavam autorizados a fazer. Os mediadores convenciam os líderes das greves que eles eram “grandes jogadores” que deviam tomar uma atitude “responsável”. Os mediadores sabiam que as concessões feitas pelos líderes em uma negociação muito raramente podem anular-se. Não importa quanto se oponham a isto os operários, o fato é que os dirigentes já haviam fixado um compromisso público, a posição do sindicato, e criado desmoralização em suas fileiras.

Essa rotina cortou em pedacinhos a maioria das greves naquele período. Isto não prosperou em Minneapolis. Nossos militantes não eram “grande jogadores” nas negociações, em absoluto. Deixaram claro que sua autoridade era extremamente limitada, que eles eram de fato a ala mais moderada e razoável do sindicato, e que se davam um passo fora da linha seriam substituídos no comitê de negociações por outros. Isso era um problema para os carniceiros de greves que haviam vindo para Minneapolis com suas facas para ovelhas desprevenidas. De tempos em tempos Grant Dune se somava ao comitê. Se sentava em uma esquina da mesa sem dizer nada, e fazendo gestos de desaprovação cada vez que se falava em concessões. A greve era uma longa e dura briga, nos divertíamos ao planejar as seções do comitê de negociações do sindicato com os mediadores. Os desprezamos, e a todos os seus artifícios e manobras, e sua simulação hipócrita de bom companheirismo e amizade para os grevistas. Eles não eram nada mais que os agentes do governo de Washington, que de conjunto é o agente da classe patronal como um todo. Isto era perfeitamente claro para um marxista, e tomamos quase como um insulto de sua parte assumir que podíamos ser apanhados pelos métodos que empregam com os novatos. Eles o tentaram. Aparentemente não conheciam outros métodos. Mas não avançaram uma polegada até que puseram mãos à obra, pressionaram os patrões e fizeram concessões ao sindicato. A experiência política coletiva do nosso movimento foi muito útil em tratar com os mediadores federais. Para diferença com os estúpidos sectários, nós não os ignoramos. Ao contrário, iniciamos a discussão. Mas não lhes permitimos que nos usassem, e não confiamos neles nem por um momento. Nossa estratégica geral na greve era brigar, não ceder nada a ninguém, manter-nos e brigar. Essa foi a quarta contribuição do trotskismo. Poderá parecer como uma simples e obvia receita, mas não é o caso. Não era óbvio para a grande maioria dos dirigentes de greves naquele momento.

A quinta contribuição, para concluir o que o trotskismo fez para a greve de Minneapolis, foi a publicação diária do jornal da greve, o Daily Organizer. Pela primeira vez na história do movimento operário norte-americano, os grevistas não eram deixados a mercê da imprensa capitalista, não eram embriagados e aterrorizados por ela, não viam o monopólio capitalista da imprensa desorientar o sentimento público. Os grevistas de Minneapolis publicaram sua própria imprensa diária. Isso não foi feito por meio milhão de mineiros do carvão, ou centenas de milhares de trabalhadores do automóvel ou do aço, mas por um simples sindicato local de 5 mil motoristas de caminhões, um novo sindicato em Minneapolis que tinha uma direção trotskista. Essa direção compreendia que a publicidade e a propaganda eram muito importantes, e que era algo muito pouco conhecido pelos dirigentes sindicais. É quase impossível medir o tremendo efeito deste jornal. Não era muito grande — só um tabloide de duas páginas. Mas combatia completamente a imprensa capitalista. Depois de um ou dois dias não nos preocupava o que dizia a imprensa cotidiana da patronal. Eles publicaram todo tipo de coisas, mas isto não fazia nenhuma diferença nas fileiras dos grevistas. Eles tinham seu próprio jornal e tomavam suas notícias como o evangelho. O Daily Organizer cobria toda a cidade como uma manta. Os grevistas nos “quartéis” acostumaram-se a obtê-lo diretamente da prensa. O “Auxilio das Mulheres” o vendiam em cada bar da cidade onde houvessem clientes da classe operária. Em muitos salões em bairros operários deixavam fardos de jornais no bar com uma caixa para ser colocado as contribuições. Muitos dólares foram recebidos assim e cuidadosamente vigiados pelos taberneiros amigos.

Pessoas dos sindicatos costumavam vir do trabalho e das suas localidades a cada noite para obter fardos de Organizer para distribuí-los entre os homens de seus turnos. O poder desse jornal, seu apoio nos trabalhadores, é indescritível. Eles acreditavam no Organizer e não em outro periódico. Ocasionalmente podia aparecer alguma história na imprensa capitalista sobre algum novo desenvolvimento da greve. Os trabalhadores não acreditavam. Esperavam o Organizer para ver qual era a verdade. Distorções da imprensa acerca de incidentes da greve — que haviam destruído a moral de muitas greves — não foram prá frente em Minneapolis. Mais de uma vez, entre uma multidão que sempre se reunia ao redor dos “quartéis” da greve quando estava para sair a última edição do Organizer, podia-se escutar coisas como estas: “Você viu o que disse o Organizer! Eu já o disse que a história do Tribune era uma maldita mentira”… Esse era o sentimento geral dos trabalhadores: havia a voz operária na greve, o Daily Organizer.

Esse poderoso instrumento não custava ao sindicato nem um centavo. Pelo contrário, o Daily Organizer dava lucro desde o primeiro dia e levava adiante a greve quando não havia nem uma moeda no cofre. Os lucros do Organizer pagavam os gastos diários da organização. O periódico era distribuído gratuitamente a todo aquele que o quisesse, mas quase todo operário simpatizante nos dava desde um níquel (5 centavos) até um dólar por um exemplar. Por meio dele se mantinha alta a moral dos grevistas, mas sobretudo, seu papel era o de um educador. Todos os dias o jornal tinha as notícias da greve, algumas zombarias sobre os patrões, alguma informação sobre o que estava se passando no movimento operário. Havia também uma tira diária desenhada por um camarada local. Depois havia um editorial tirando as lições das últimas 24 horas, dia após dia, e marcando o caminho vindouro. “Isto é o que tem ocorrido. Isto é o que vem proximamente. Esta é nossa posição”. Os trabalhadores em greve estavam armados e preparados com antecipação para qualquer movimento dos mediadores ou do governador Olson. Seríamos muito pobres marxistas se não pudéssemos ver com vinte e quatro horas de antecedência. Notamos várias vezes que os grevistas começavam a tomar nossos prognósticos como notícias e começavam a contar com ela. O Daily Organizer foi a arma maior do arsenal da greve de Minneapolis. Posso dizer sem nenhuma qualificação que de todas as contribuições que fizemos, a mais decisiva, a que empurrou para escalar a vitória, foi a publicação de um jornal diário. Sem o Organizer não se haveria ganho a greve.

Todas essas contribuições que foram mencionadas eram integradas e levadas adiante com a maior harmonia entre o staff enviado pelo Comitê Nacional e os camaradas locais na direção da greve. As lições da greve hoteleira, a experiência lamentável com gente orgulhosa e desleal, foi totalmente assimilada em Minneapolis. Houve uma colaboração estreita do princípio ao fim.

A greve significava para Floyd Olson, governador que havia sido um operário agrícola, um osso duro de roer. Entendíamos a contradição em que estava. Por um lado, supostamente era um representante dos trabalhadores; por outro era um governador de um estado burguês, temeroso da opinião pública e dos empregadores. Tinha sido espremido entre sua obrigação de fazer algo, ou aparentar fazer algo, pelos trabalhadores, e seu medo de deixar que a greve saísse de seus limites. Nossa política foi explorar essas contradições, exigir-lhe coisas porque era um governador operário, tomar tudo o que nos podia dar e pedir-lhe cada dia mais. Por outro lado, o atacamos e criticamos por cada movimento em falso, e nunca fizemos a menor concessão a tese de que os grevistas confiavam em seus conselhos.

Floyd Olson era indubitavelmente o líder do movimento operário oficial em Minnesota, mas nós desconhecemos sua liderança. Os burocratas sindicais em Minneapolis estavam sob sua direção, tanto como os burocratas atuais da CIO e AFL estão sob a direção de Roosevelt. Roosevelt era o chefão e Floyd Olson era o chefe de todo o movimento operário em Minneapolis exceto no Local 574. Não era nosso chefe, não vacilamos em atacá-lo da maneira mais rude. Sob esses ataques ele retrocedia um pouco e fazia uma concessão ou duas que a direção da greve agarrava voando. Não tínhamos nenhum sentimento por ele. Os burocratas locais estavam chorando e lamentado-se por temer que a sua carreira política fosse arruinada. Isso era problema deles, não o nosso. O que queríamos era mais concessões e o pressionávamos para conseguí-las dia após dia. Os burocratas sindicais estavam mortos de medo. “Não façam isso; não o empurrem a esta calamidade; recordem das dificuldades de sua posição”. Não lhes prestamos atenção e seguimos nosso caminho. Empurrando e pressionado por ambos os lados, temeroso de ajudar os operários e temeroso de não fazê-lo, Floyd Olson declarou a lei marcial. Essa era realmente a coisa mais fantástica que jamais havia ocorrido na história do movimento operário norte americano. Um governador, trabalhador agrícola, proclamou a lei marcial e freiou a circulação de caminhões. Se supõem que isso era a favor do lado operário. Mas depois permitiu que andassem os caminhões sob permissão especial. Isso era para os patrões. Naturalmente, os piquetes se comprometeram a freiar os caminhões, com permissão ou sem ela. Então, uns poucos dias mais tarde, a milícia do governador camponês invadiu os locais da greve e prendeu os dirigentes.

Salto um pouco à frente na história. Depois da declaração da lei marcial, as primeiras vítimas, os primeiros prisioneiros da milícia de Olson foram Max Shachtman e eu. Não sei como descobriram que nós estávamos ali, já que não éramos muito notórios em público. Mas Shachtman levava um grande chapéu de cowboy — onde o havia conseguido, ou porque o levava, em nome de Deus, eu nunca soube — e isso o fez notório. Suponho que foi assim como nos localizaram. Uma noite Shachtman e eu saímos do “quartel” central da greve, caminhamos pela cidade, necessitávamos de diversão, observando para ver que shows estavam acontecendo. Quase no final da avenida Hennepin nos confrontamos com uma alternativa: em um lugar um cabaré, ao lado um cinema. Onde vamos? Bem, naturalmente, disse: ao cinema. Um par de detetives que haviam estado sobre o nosso rastro nos seguiram e nos prenderam ali. Escapamos por pouco de sermos presos em um cabaré! Que escândalo teria sido! Nunca teria vivido para esquecer, estou seguro!

Nos mantiveram presos por 48 horas; depois nos levaram para a corte. Nunca vi tantas baionetas em um mesmo lugar em minha vida como as que havia dentro e ao redor da sala da corte. Todos esses jovens, com grandes cintos e fivelas brancas de miliciano, pareciam estar bastante ansiosos por ter uma pequena prática de baioneta. Alguns de nossos amigos estavam na corte observando os acontecimentos. Finalmente o juiz nos passou aos militares, e Shachtman e eu fomos levados por corredores e escadas abaixo entre duas fileiras de homens com as baionetas empunhadas. Enquanto estavam nos tirando da corte, escutamos um grito do alto. Bill Brown e Mick Dunne haviam se instalado confortavelmente na janela do terceiro andar olhando o processo, rindo e fazendo-nos trejeitos. “Cuidado com as baionetas”, gritou Bill. Minneapolis não estava para zombarias. Quando uns dias mais tarde Bill e Mick foram presos pela Milícia, os prenderam alegremente.

Nos levaram à casa da guarda e deixaram dois ou três desses nervosos guardas vigiando-nos com suas mãos na baioneta todo o tempo. Albert Goldman veio e ameaçou com ações legais. Os chefes da milícia pareciam ansiosos de saírem de cima e evitar qualquer problema com esse advogado de Chicago. De nossa parte não queríamos fazer um cavalo de batalha de nossa detenção. Queríamos sobretudo sair porque podíamos ser úteis para o Comitê dirigente do sindicato. Decidimos aceitar a oferta que nos fizeram. Eles disseram: se estão de acordo em deixar a cidade podem sair. Ao que dissemos, esta bem: nós fomos pelo rio para St. Paul. Ali, todas as noites tínhamos reuniões do comitê dirigente na medida que nenhum camarada da direção estivesse na prisão. O comitê da greve, as vezes com Bill Brown, as vezes sem ele, conseguia um automóvel, dirigia até ali, contava as experiências do dia e o plano para o próximo dia. Não houve nunca um movimento sério em toda a greve que não fora planejado e preparado com antecipação.

Logo veio a expedição pelos locais da greve. Uma manhã as tropas da milícia rodearam o local às 4 horas da manhã e prenderam centenas de piqueteiros, todos os dirigentes, e todos os que eles puderam pôr as mãos em cima. Prenderam Mick Dunne, Vincent Dunne, Bill Brown. Se “esqueceram” de alguns dirigentes em sua pressa, Farrell Dobbs, Grant Dunne e outros escorreram de seus dedos. Com isto simplesmente estabelecemos outro comitê e substituímos os locais por várias garagens de amigos; os piquetes, organizados clandestinamente, seguiram com grande força. A briga continuou e os mediadores continuaram sua pantomima.

Um homem chamado Dunnigan foi o primeiro que enviaram nessa situação. Tinha um aspecto amigável, usava óculos, suspensórios de uma cinta negra e fumava cigarros caros, mas não sabia muita coisa. Depois de tentar em vão por um tempo fazer retroceder os dirigentes, pôs em marcha uma proposta com um compromisso de um aumento substancial de salários, sem garantir todas as reivindicações. Também um dos azes dos negociadores de Washington, um prelado católico chamado Padre Haas, foi enviado para lá. Se associou com a proposta de Dunnigan que se fez conhecida como o “Plano Haas-Dunnigan”. Os grevistas a aceitaram imediatamente. Os patrões gritaram e foram colocados na posição de ter que opor-se a proposta governamental, mas isso parecia não preocupá-los. Os grevistas exploraram a situação efetivamente mobilizando a opinião pública em seu favor. Depois, quando haviam passado algumas semanas, o padre Haas descobriu que não podia fazer nenhuma pressão com êxito sobre a patronal e então decidiu fazer pressão sobre os grevistas. Pôs as coisas pretas para o comitê negociador do sindicato: “a patronal não vai ceder, então cedam vocês. A greve deve terminar, Washington insiste”.

Os dirigentes da greve responderam: “não, não pode fazer isso. Um acordo é um acordo. Aceitamos o plano Haas—Dunnigan. Estamos brigando pelo seu plano. Sua honra está em jogo aqui”. Daí o padre Haas disse — esta é outra ameaça que sempre fazem aos dirigentes. “Apelaremos para a base do sindicato em nome do governo dos Estados Unidos.” Essa ameaça usualmente aterroriza os dirigentes operários mais inexperientes.

Mas os dirigentes de Minneapolis não se assustaram. Disseram: “Bem, vamos”. Então concordaram com uma manifestação para isso. Oh, conseguiu um ato que nunca devia ter concordado. Aquele ato, como toda ação importante da greve, foi planejado e preparado com antecipação. Nem bem o padre Haas terminou seu discurso se desatou a tormenta. Um a um, os grevistas se levantaram e lhe mostraram bem que haviam memorizado os discursos que haviam sido preparados na comissão. Quase o arremessaram para fora do ato. O puseram doente físicamente. Lavou as mãos e se foi da cidade. Os grevistas votaram por unanimidade condenar sua intenção traidora de fazer naufragar sua greve e também seu sindicato. Dunnigan estava terminado, o Padre Haas estava terminado. Então mandaram um terceiro mediador federal. Obviamente havia apreendido as tristes experiências dos outros para não tentar nenhuma travessura. Mr. Donaghue, creio que esse era o seu nome, se pôs a trabalhar bem e em poucos dias elaborou um acordo que era uma vitória substancial para o sindicato.

O nome de uma nova galáxia de lideres operários se acendia no céu do noroeste: William S. Brown; os irmãos Dunne-Vincent, Miles e Grant; Carl Skoglund; Farrell Dobbs; Kelly Postal; Harry DeBoer; Ray Rainbolt; George Frosig.

A grande greve chegou ao seu fim depois de cinco semanas de dura luta durante as quais não houve nem uma hora livre de tensão e de perigo. Dois trabalhadores foram assassinados naquela greve, injúrias, dísparos, golpes nos piquetes na batalha para manter os caminhões quietos sem os motoristas do sindicato. Uma grande quantidade de dificuldades, de pressão de todo tipo foram suportadas, mas o sindicato finalmente saiu vitorioso, firmemente estabelecido, construído sobre bases sólidas como resultado dessas lutas. Pensamos e o escrevemos mais tarde, que essa foi uma gloriosa conquista do trotskismo no movimento de massas.

Minneapolis foi o ponto mais gelado da segunda onda de greves sob a NRA (Administração Roosevelt). A segunda onda surgiu mais forte que a primeira, assim como a terceira estava destinada a superá-la e alcançou seu ponto mais alto com as greves de braços cruzados da CIO. O gigante proletariado norte-americano estava começando a sentir seu poder naqueles anos, começava a mostrar as tremendas potencialidades, as fontes de sua força, a ingenuidade e a coragem que residiam na classe operária norte-americana.

Em julho desse ano, 1934, escrevi um artigo sobre essas greves e as ondas de greves para a primeira edição de nossa revista, a New International. Dizia:

“A segunda onda de greves sob a NRA se levanta mais alto que a primeira e marca um grande salto adiante da classe operária norte-americana. As enormes potencialidades dos desenvolvimentos futuros estão claramente escritos neste avanço…

“Nessas grandes lutas os operários norte-americanos em todo o país estão despregando uma ilimitada militância de uma classe que recém começa a despertar. Esta é uma nova geração de uma classe que não foi derrotada. Pelo contrário, agora está começando a encontrar-se e a sentir sua força, nestas primeiras tentativas de conflitos o proletariado está prometendo um glorioso futuro. A atual geração se mantém fiel a tradição dos operários norte-americanos; é agressiva e violenta desde o início. O operário norte-americano não é qualquer um. O futuro desenvolvimento da luta de classes trará muitas lutas nos Estados Unidos.”

A terceira onda, que culminou nas greve de braços cruzados, confirmou essa predição e nos deu as bases para buscar com grande otimismo as demonstrações ainda mais grandiosas do poder e militância dos operários norte-americanos. Em Minneapolis vimos a militância nativa dos trabalhadores fundidos com uma direção politicamente consciente. Minneapolis mostrou o quanto grande pode ser o papel de uma direção assim. Deu grandes esperanças para o partido fundado sobre princípios políticos corretos, fundido e unido com o movimento de massas dos operários norte-americanos. Nessa combinação se pode ver o poder que conquistará o mundo inteiro.

Durante aquela greve, amarrados como estávamos dia a dia com inumeráveis detalhes e sob a pressão constante dos acontecimentos diários, não nos esquecemos do aspecto político do movimento. Na ordem do dia do comitê não discutíamos somente os problemas imediatos da greve naquele dia; Mantivemo-nos despertos e alertas o quanto pudemos para o que estava se passando no mundo fora de Minneapolis. Nesse momento, Trotsky estava elaborando um dos seus movimentos táticos mais audazes. Propunha que os trotskistas da França entrassem na renascente seção da ala esquerda da social-democracia francesa e trabalhassem dentro dela como um fração bolchevique. Era o famoso “giro francês”. Discutimos esta proposta no calor da greve de Minneapolis. Transladamos isto para a América como um mandamento para acelerar a união com o AWP. Este era obviamente o grupo político mais próximo a nós e que se movia para a esquerda. Decidimos recomendar para a direção nacional de nossa Liga que desse passos decisivos para apressar a unificação e completá-la antes do fim do ano. Os muteístas haviam dirigido uma grande greve em Toledo. Os trotskistas haviam-se distinguido em Minneapolis. Toledo e Minneapolis haviam se ligado como símbolos gêmeos dos dois pontos mais altos da militância proletária e direção consciente. Essas duas greves tendiam a unir os militantes em cada batalha; a fazê-los mais próximos uns dos outros, mais desejosos de colaborar. Era óbvio, por todas as circunstâncias, que era tempo de dar o sinal para a unificação dessas duas forças. Voltamos de Minneapolis com esse objetivo em vista, e nos movemos decisivamente até a fusão dos trotskistas e o AWP, para fazer o lançamento de um novo partido — a seção norte americana da Quarta Internacional.

Extraído de marxists.org


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