Abaixo a ingerência externa! Por uma nova referência política contra Maduro!
Nota da corrente partícipe do chavismo crítico.
O povo na rua mobilizado, de todos os setores sociais, e saindo em protestar em bairros pobres, está demonstrando que não suporta mais o governo Maduro. As pessoas já não estão mais dispostas a tolerar a política da fome e da destruição dos direitos laborais, assim como a eliminação efetiva do direito à saúde ante a falta de remédios e insumos, a degradação dos serviços públicos, a corrupção extrema e a repressão cotidiana.
Isso explica que grande parte da população tenha atendido ao chamado para se mobilizar com as marchas convocadas pelo autoproclamado Guaidó, mas não porque esteja disposta a reconhecer qualquer um que queira tomar o poder, mas porque amplíssimos setores de nosso povo há um tempo se encontram fartos e não podem seguir aguentando mais. Mesmo os que trabalhamo no setor público, que se mantêm calados ou vão forçados às mobilizações do governo, para evitar retaliações que possam lhes afetar em seus trabalhos, recepção de cestas básicas ou que possam pôr em perigo seus lares inscritos no programa Misión Vivienda. Os comentários, chavismo adentro, são de cansaço e grande incômodo, e pouco a pouco vão perdendo o medo.
Os trabalhadores e o povo não conseguiram até agora ter uma alternativa própria e independente, que represente seus reais interesses e angústias, motivo pelo qual tem ficado preso entre a burocracia e o capital.
O resultado disso é que se reinstala a polarização, entre os políticos de um governo corrupto que controla o poder e os parlamentares de partidos dos grandes empresários que exploram os trabalhadores.
Porque os patronos que financiam e promovem os partidos de oposição da direita tradicional, também se beneficiam e pagam os miseráveis salários impostos pelo governo de Nicolás Maduro-PSUV-Militares. E não têm outra proposta econômica que a de seguir descarregando a crise sobre o povo enquanto asseguram seus lucros e seus negócios.
Eles, desde a AN, pretendem se erigir em novo governo e utilizar a seu favor as energias do povo, porque não temos organizações próprias e fortes que liderem a luta contra o nefasto governo de Nicolás Maduro. Porém, a AN e os EUA não são referências para impor governos ao povo venezuelano. Maduro tampouco. Todos são usurpadores e se disputam o controle do Estado para ter submetido e explorar o povo.
Nossos sindicatos e organizações populares estão em grande parte destruídos, corrompidos ou atrelados ao aparato do Estado, e outra parte cedeu sua independência política em favor dos dirigentes da classe rica que nos explora. Por isso não acaba de sair da armadilha autoritária de Maduro e já cai agora na armadilha golpista de Guaidó (do partido Vontade Popular), respaldado pelos Estados Unidos, que joga a favor de seus interesses, contrários à nação venezuelana.
Agora estamos correndo o risco de que a confrontação entre dois governos paralelos, ambos ilegítimos, e um deles apoiado pelos Estados Unidos, possa derivar numa guerra civil ou em formas de intervenção imperialista mais diretas do governo de Trump.
Também é preciso alertar que a cada tentativa da direita o governo da burocracia aproveita para desatar uma onda repressiva para submeter mais o povo e calar todo protesto.
Frente a tudo isso, Marea Socialista chama a que sigamos mobilizados e protestando contra o governo opressor, mas o povo e a classe trabalhadora temos que nos mover com nossa própria agenda e não atrás dos parlamentares da direita nem da burocracia do PSUV, assim como tampouco podemos aceitar imposições desde o exterior.
Marea Socialista chama a que nos juntemos todos aqueles e aquelas que entendemos a necessidade de construir nossa própria organização de luta, para levantar uma nova referência política de nossa classe e dos distintos setores do povo que sofre, que sim possa fazer valer nossos próprios interesses e direitos.
O povo não quer Maduro e ninguém elegeu Guaidó.
Referendo que consulte o povo para relegitimar todos os poderes (Art 71 CRBV).
Renovação do CNE para que recupere sua independência e chame eleições gerais.
Por um plano de emergência em favor dos trabalhadores e o povo para enfrentar a crise, recuperar o salário e ter acesso à comida.
Não à entrega da soberania.
Não ao intervencionismo e à ingerência dos EUA e do Grupo de Lima.
Sigamos em luta por nossas condições de vida: salários, direitos laborais, serviços públicos, direitos democráticos.
Nem golpe nem negociações pelas costas do povo.
Autonomia política dos trabalhadores e setores populares.
Não sigamos mais aos políticos da burocracia governante nem aos políticos dos capitalistas.
Nem burocracia nem capital!
“Que se vayan todos”.
Que o povo mobilizado exerça sua soberania.
Não à repressão: libertação dos presos por lutar, respeito aos direitos humanos.
Por um governo dos trabalhadores e o povo, não da burguesia tradicional nem da ligada ao PSUV.
Artigo originalmente publicado em Aporrea.org. Tradução do Portal da Esquerda em Movimento.