Venezuela: não passarão!
Corrente interna do Novo Peru se põe contra intervenção em nosso pais vizinho.
Na cúpula de DAVOS que reúne a nata do poder capitalista mundial, não podia faltar o tema Venezuela. Ali, ao pé dos famosos Alpes Suíços e distantes de qualquer burburinho das ruas, os donos do mundo tomam posição sobre tudo o que possa ser relevante para a nova ordem mundal que tentam configuar em meio a uma crise econômica não solucionada. Nesse pódio, tão frio quanto distante, o governo peruano através da boca da vice-presidenta Mercedes Araoz se pronunciou em uníssono com Iván Duque e Jair Bolsonaro, ambos representantes da extrema-direita do continente. Juntos expressaram o respaldo e reconhecimento de seus governos ao auto-proclamado presidente interino da Venezuela Juan Guaidó.
Seguindo a cartilha do Grupo de Lima que atua como instrumento dos EUA na América Latina, o governo peruano deu um passo a mais no alinhamento com governos que passam longe de ser próceres da democracia, mas que em nome dela animam uma saída intervencionista e até militarista para a crise que vive a Venezuela.
O que pretende Trump, em definitivo, é impor um duro golpe ao processo bolivariano inicado por Chávez, terminando de desmontar o que resta dessa experiência e deixando uma dura lição para os povos da América Latina. No fundo, seu objetivo é tomar o controle dos recursos da região cada vez mais em disputa com o neo-imperialismo chinês.
Certamente a crise econômica, social e humanitária que obrigou mais de 3 milhões de venezuelanos a fugir de sua pátria é uma triste realidade. E também é certo que a própria ilegitimidade de Maduro está sendo questionada por setores chavistas que acusam o regime de haver violentado a Constituição Bolivariana para se afirmar no poder usurpado por uma burocracia com interesses próprios. Mas ainda se tudo isso estivesse em questão, a esquerda latino-americana não poderia deixar de ter um olhar crítico a estes processos para não repetir a experiência, para tirar conclusões sobre o que pode fazer e o que não se deve fazer.
O que nos toca agora é nos opormos a toda política intervencionista. Que o próprio povo venezuelano encontre o caminho para uma saída democrática. Que sejamos receptivos aos migrantes venezuelanos que cheguem aos nossos países fugindo da fome. Que a pressão internacional siga no sentido do diálogo para evitar um aumento da violência e o processo termine num derramamento de sangue e fogo dos protestos populares que deram um salto desde 23 de janeiro comprometendo as ações de rua nos tradicionais bastiões chavistas.
A política de Trump não fez mais do que jogar lenha na fogueira com imprevisíveis consequências para o próprio povo venezuelano cujo direito à autodeterminação deve ser respeitado a todo custo.
A ofensiva conservadora e colonialista deve ser derrotada na Venezuela e e toda América Latina.
Reprodução da tradução realizada pelo Portal da Esquerda em Movimento.