Com Bolsonaro avança a subordinação externa do Brasil ao imperialismo norte-americano
As contradições e o caráter de classe do governo Bolsonaro aparecem também no campo das relações internacionais.
Com mais de meio ano de mandato, Jair Bolsonaro, nosso “Trump verde-amarelo”, a cada dia bombardeia a opinião pública com um festival sem concorrência de toda a sorte de impropérios, absurdos e aberrações políticas. Solidifica-se, não só na aparência, um cenário marcado pela constante instabilidade, alimentado pela perversa combinação de crises na esfera política e econômica. Bolsonaro e seu governo, uma seleção de ultra-liberais do mercado financeiro, ultra-conservadoras nos costumes, além de novo/velhos carreiristas do poder, retroalimentam um segmento social, uma franja da população que sustenta o seu projeto de ajuste.
A manifestação constante de instabilidade ao mesmo tempo em que emerge como estratégia de poder e sobrevivência do projeto Bolsonarista também abre possibilidades de aprofundamento da luta social, uma vez que a aceleração do ajuste abre espaço para respostas unificadas e mais globais do movimento de massas quanto ao governo. As contradições e o caráter de classe do governo Bolsonaro relevam-se não só na escala nacional, mas também no campo das relações internacionais, onde assistimos o aprofundamento da subordinação da Política Externa Brasileira a um alinhamento canino aos ditames norte-americanos e a figura do presidente Trump enquanto líder mundial.
Os navios iranianos que permaneceram 50 dias no Porto de Paranaguá-PR, frente à recusa da Petrobras em reabastecê-los com receio de possíveis retaliações norte-americanas devido aos embargos dos Estados Unidos ao Irã ou a cada vez mais concreta possibilidade da indicação de Eduardo Bolsonaro como embaixador em Washington são dois importantes fatos recentes da conjuntura que evidenciam o aumento da subordinação da política externa brasileira a cartilha do imperialismo norte-americano. A perseguição e a ameaça de expulsão do Brasil do jornalista Glenn Grenwald também evidenciam a subalternidade e a dependência política do governo brasileiro frente ao poder hegemônico dos Estados Unidos.
Também são dignos de nota, infelizmente, além das declarações desastrosas em organismos internacionais sobre temas ligados aos direitos humanos e ou questões ambientais, a vergonhosa falta de protagonismo e independência do chanceler Araujo e do governo frente à crise política venezuelana. Para além das profundas diferenças com o regime de Maduro e do PSUV, a condução brasileira para o conflito em nosso vizinho foi de apoio incondicional aos golpistas e a política do imperialismo. A proximidade política a neoliberais como Macri na Argentina ou a sionistas como Netanyahu em Israel são fundamentais para compreender o realinhamento brasileiro a projetos de renovação ultra-conservadora da direita internacional.
O combate ao governo Bolsonaro é um combate total, que engloba a crítica ao seu projeto econômico anti-nacional e pró mercado financeiro internacional, ao mesmo tempo que busca coordenar e unificar as lutas da classe trabalhadora contra o ajuste com os mais diversos segmentos social oprimidos por um governo conservador. Denunciar a política externa Brasileira do governo Bolsonaro é tarefa do PSOL que deve apostar na mais ampla unidade internacional da classe trabalhadora e dos explorados para derrotar esse projeto reacionário que vem levando o Brasil para o burraco.