A educação como inimiga numero 1 do Estado
A importância do desenvolvimento intelectual na luta contra um governo despótico.
Se as circunstâncias em que os indivíduos evoluem apenas lhe permitem um desenvolvimento unilateral, ou seja, de uma habilidade em detrimento de outra, se estas circunstâncias apenas lhe aprovisionam com elementos materiais e tempo conveniente ao desenvolvimento desta qualidade exclusiva, este sujeito apenas conseguirá atingir um desenvolvimento parcial e deteriorado.
A divisão do trabalho que evoluiu até os dias atuais é um claro exemplo deste desenvolvimento parcial e deteriorado, contrariando um sistema educacional para todos e de qualidade, pois a força motriz do sistema produtivo capitalista é pautada no antagonismo entre a burguesia e o proletariado. Por este motivo a educação é tão importante, pois ao utilizar a instrução popular para combater a desigualdade, seria uma luta para suprimir todo o sistema exploratório[i]
A vista disto, grande parte dos postos de trabalho ocupados por operários não demandam grande esforço intelectual e o impedem de ocupar os pensamentos com algo que seja referente à sua subjugação, pois a habilidade intelectual é ocupada apenas pela mecânica. Portanto, os trabalhadores estão fadados sob tal regime ao enfraquecimento de suas forças físicas e psicológicas, tornando-o de fácil alienação de acordo com os preceitos da classe dominante.
Os operários apenas conseguirão salvar o seu senso critico se lutarem contra os interesses de um governo despótico. Pois a revolta é fruto de um governo exploratório, e a luta contra um sistema que putrifica o ser é o único sentimento entre os oprimidos.
Pois, para o indivíduo desenvolver qualidades como o intelecto, depende do elemento material que foi colocado a sua disposição para seu desenvolvimento, e por outro lado quais são as circunstâncias dos outros indivíduos participantes da mesma classe.
É nesse sentido que a burguesia passou a putrefazer as condições sociais existentes a fim de arrebatar o caráter sagrado da educação.
Além do mais, todo modo de produção até os dias atuais baseou-se no antagonismo de classes dominantes e dominadas. Mas para que o sistema de opressão exista é necessário assegurar condições de produção e reprodução servil de uma determinada classe.
Neste ponto, com a divisão do trabalho, basta qualificar os indivíduos para o trabalho braçal, não sendo necessária qualquer capacitação intelectual. Diante disto, o regime salarial não é condizente com o valor real da força de trabalho, e a maioria dos trabalhadores não tem a oportunidade de conquistar uma posição melhor paga, principalmente devido à má qualificação que a própria burguesia os vetaram[ii]
E estes trabalhadores quando atingem uma idade avançada ou até mesmo quando o capital deixa de precisar de uma massa de trabalhadores, eles são simplesmente dispensados, juntando-se as camadas mais profundas do Exército Industrial de Reserva e muitos deles encontra na transgressão a solução para manter a sobrevivência. Entretanto, surge a seguinte questão, qual é o custo de produção e reprodução da força de trabalho destes trabalhadores? Simplesmente o custo para manter a sobrevivência do trabalhador e educá-lo para determinado ofício[iii]
Desta forma, quanto menor o tempo de formação do profissional para determinado trabalho, menor será o custo de produção e reprodução do trabalhador e simultaneamente mais baixo será o preço da sua força de trabalho, ou seja, de seu salário.
Podemos afirmar então que o significado da educação para a classe dominante é a capacitação de cada trabalhador no maior número possível de atividades braçais no setor industrial, de modo que caso um trabalhador seja demitido devido à aquisição de uma máquina nova que o substitua ou por uma modificação na estrutura produtiva, ele possa encontrar um trabalho o mais rápido possível, não quebrando assim o ciclo produtivo. O impasse reside no fato que a força de trabalho ao se tornar excedente em um setor regressaria para os demais setores, de tal modo que a queda salarial em uma empresa causaria uma redução salarial geral na economia.
Assim, o sistema educacional designa a capacitação para as atividades que possuem maior acesso ao mercado com o objetivo de produzir e reproduzir o sistema dominante a nível produtivo e ideológico, isto é, a capacitação dos indivíduos dirige-se para o sistema produtivo.
No entanto, nos governos anteriores a 2019, o sistema educacional sofreu intensas modificações que permitiram não mais a reprodução ideológica da classe dominante, mas a evolução do senso crítico da população que passou a reivindicar a igualdade efetiva da sociedade e o desenvolvimento humano a ponto de reprimir o crescimento da divisão social e técnica do trabalho que é a chave na exploração e superexploração da força de trabalho.
Contudo, o governo Bolsonaro a fim de retomar a hegemonia da burguesia no poder, passou a cortar os investimentos no sistema educacional para transmutá-lo em ferramenta de soberania ideológica. De modo que o governo classista estivesse visceralmente contíguo com o ensino de classe, isto é, o objetivo da classe dominante no governo atual é o de controlar além de outros poderes, também o sistema de ensino, é neste contexto que o marxismo condena a intervenção do governo na educação.
Ao mesmo tempo, como dito por Antonio Gramsci é inconcebível a educação estar a cargo do Estado. No entanto é correto o Estado determinar os recursos para as escolas e Universidades Públicas, fomentando a capacitação dos docentes e discentes, e exigindo o cumprimento das prescrições legais, porém é intolerável o Estado ser designado para ser o educador dos trabalhadores, pois deve ser dissipada toda a influência do Estado e Igreja na educação.
Portanto, o desenvolvimento do aparato educacional nos governos anteriores ao Bolsonaro permitiu que em 2019 ocorressem movimentos operários, estudantis e da pequena burguesia, para impedir a subjugação de toda uma sociedade perante o poder do governo atual. Nesse sentido, o movimento das instituições de ensino na atualidade representa o movimento social da maioria esmagadora. A classe estudantil, juntamente com o proletariado não pode revoltar-se sem que derrube toda a superestrutura dos estamentos que formam a sociedade capitalista.
Entretanto, aqueles que iam contra o governo despótico em questão, foram acusados pelo governo Bolsonaro de quererem suprimir a pátria. Pois bem, de qual pátria o governo Bolsonaro fala? Da Americana? Ou da Brasileira? –Não importa qual é a pátria, pois os oprimidos não tem pátria, não pode arrebatar deles o que não dispõem, mas em uma sociedade cujas contradições o atual governo pretende resolvê-las via precarização do ensino, os oprimidos serão a pátria, eis aqui um dos fatos que elucida o temor do governo em relação às mentes pensantes das Instituições de Ensino.
Além disto, a classe oprimida não deve assumir o atual aparelho estatal, mas desmantelá-lo. Apenas assim é possível evidenciar o caráter limitado e contraditório da democracia burguesa. Como é o caso brasileiro, onde o governo de 2019 julga ser o orgulho da nação brasileira, porém se encontra totalmente ébrio com seus poucos êxitos graças a decretos presidenciais.
Todavia, não se pode esperar uma trilha tão determinada por parte da direita brasileira cuja maioria influente é representante da própria bancada congressista. Estes aspirantes a intelectuais, ainda não estão libertos de suas utopias idealistas, não se encontrando dispostos a renunciar a suas posições em um governo mesmo desgastado, porém ainda compactuado com parte da burguesia nacional.
O prospecto para a burguesia é o de compadecimento com as decisões do governo Bolsonaro até que seus investimentos no mercado financeiro permanecem intocáveis.
Esta atitude burguesa é uma blasfêmia contra toda a nação, pois o poder nacional não é conquistado com: bondade, fraternidade e gentileza. A política imperialista de países como os Estados Unidos, bem como toda classe burguesa, são inimigos da nação brasileira, bem como de toda classe trabalhadora. E, é dever de todos os trabalhadores saber por qual motivo lutam contra um governo despótico, a fim de não caírem em uma ideia abstrata, pois aqueles que se recusam a lutar mediante o antagonismo de classes, contribuirão para criar o escravo moderno.
E este escravo é a classe proletária. Por este motivo, a classe oprimida deve-se unir e derrubar todos que apoiam um governo despótico. Assim, que trema o governo Bolsonaro em face de sua queda. Pois, nisto os trabalhadores não tem nada a perder, senão suas correntes.
“Proletários de todos os países, uni-vos!”
Este artigo é uma contribuição individual para a Revista Movimento. Colabore conosco enviando seu texto para redacao@movimentorevista.com.br.
[i] A situação da classe trabalhadora em Inglaterra (1892), de Friedrich Engels
[ii] O Capital (1867), de Karl Marx
[iii] A Ideologia Alemã (1846), de Friedrich Engels e Karl Marx