Os parasitas do governo Bolsonaro atacam o povo brasileiro
Enquanto as promessas de crescimento naufragam, Bolsonaro e Guedes atacam o povo brasileiro.
Na última semana, Paulo Guedes novamente revelou o caráter de seu governo ao afirmar que os funcionários públicos são “parasitas” e que o câmbio alto é útil para acabar com a “farra” de “empregadas domésticas indo à Disney”. Sempre que tem a oportunidade, Guedes revela sua sociopatia e a agressividade direcionada aos direitos dos trabalhadores e aos serviços públicos. “Não há pão? Pois que comam brioches”, gargalham Guedes e Bolsonaro diariamente ao anunciar sua agenda de ataques ao povo brasileiro.
Enquanto Bolsonaro comporta-se como um cafajeste agredindo jornalistas e tentando lançar uma cortina de fumaça sobre o envolvimento de sua família com as milícias cariocas, a crise social brasileira escancara-se. A temporada de tempestades de verão desalojou milhares de famílias e ocasionou dezenas de mortes nas cidades do Sudeste, em particular em Belo Horizonte. As fotografias da enorme inundação de São Paulo na semana passada revelam a situação falimentar dos estados e municípios, após anos de crise fiscal e subfinanciamento na infraestrutura urbana e em saneamento básico.
A resposta de Bolsonaro, Guedes e de governadores como Zema e Doria é a busca pela privatização de empresas de água e saneamento. Na capital paulista, logo após a maior enchente em anos na cidade, o prefeito tucano Bruno Covas, eximindo-se de responsabilidades, teve a coragem de anunciar a privatização de piscinões (estruturas de contenção de águas pluviais) como solução para o problema das enchentes.
Aos recentes ataques às aposentadorias e aos direitos trabalhistas, segue-se agora a promessa de Bolsonaro e de Rodrigo Maia de atacar o serviço público com uma “reforma administrativa”. A liquidação de empregos formais, a informalidade crescente, o ataque à reprodução social da classe trabalhadora e o aumento da miséria nas grandes cidades brasileiras são a face visível da agenda patronal e do discurso triunfalista da “melhoria econômica” dos agentes do mercado e de Guedes. Diante de tal cenário, começa a se desenvolver a luta social. A greve dos petroleiros, contra o fechamento de unidades, as demissões e a privatização escancarada de fatias da Petrobrás, alcança duas semanas e entra no debate público apesar do bloqueio da mídia. O apoio a esta luta é urgente.
A economia não decola
Bastaram poucas semanas para que a euforia sobre o retorno do crescimento econômico fizesse água. Após a divulgação, pelo Banco Central, de um crescimento pífio de 0,89% do PIB no ano passado, novos dados começam a desmontar o faz de conta de Paulo Guedes e o discurso dos analistas econômicos burgueses e de dirigentes patronais lúmpens como Paulo Skaf.
A queda na produção industrial em 2019, as vendas decepcionantes do comércio em dezembro e o espectro de uma diminuição no crescimento global – como consequência da epidemia de coronavírus na China e dos conflitos comerciais ainda não resolvidos entre este último país e os Estados Unidos – já começam a levar a revisões nas expectativas dos grandes bancos e corretoras sobre o crescimento da economia brasileira.
O ajuste estrutural em curso no país há cinco anos, desde o início do segundo governo de Dilma Rousseff, cobra seu preço. O empobrecimento do povo, a violência urbana e os sinais da falência do Estado, como na crise da água podre no Rio de Janeiro, mostram que a maioria do povo é quem sofre com a política autoritária e ultraliberal dos governos.
Faz falta uma oposição
Enquanto a crise social amplia-se, o presidente da República ocupa o Palácio do Planalto com ministros-generais da ativa do Exército. Bolsonaro e sua família estão particularmente expostos pelos vínculos revelados com o miliciano Adriano de Nóbrega, diversas vezes homenageado pelo clã presidencial e que empregava nada menos que sua mãe e esposa no gabinete de Flávio Bolsonaro. A operação conjunta das polícias da Bahia e do Rio que terminou com a execução do chefe do “Escritório do Crime” lançou suspeitas de queima de arquivo, detalhadas em reportagem da revista Veja. Nóbrega comandava o “Escritório do Crime”, milícia da qual participavam os assassinos de Marielle Franco e o onipresente Fabrício Queiroz, que segundo o Ministério Público do Rio coordenava a arrecadação de salários de assessores do gabinete de Flávio Bolsonaro.
No entanto, o maior partido de oposição, o PT, inacreditavelmente compromete-se quando o governo da Bahia, liderado por Rui Costa, apoia publicamente a operação de execução de Adriano de Nóbrega – permitindo a Bolsonaro lançar uma cortina de fumaça sobre os vínculos de sua família com o esgoto das milícias cariocas, que precisam ser imediatamente revelados.
É preciso que a oposição tome seu lugar na conexão e no estímulo às lutas. As centrais sindicais ainda não atuaram para tirar a greve dos petroleiros do isolamento. Sem a organização da oposição social nas ruas e sem uma oposição política forte, o governo continuará sua agenda de ataques aos direitos do povo e às liberdades democráticas, como mostra o recente ataque canalha e misógino à jornalista Patrícia Campos Mello, que revelou o funcionamento da máquina eleitoral de fake news de Bolsonaro.
Derrotar Bolsonaro
O apoio à greve petroleira é fundamental. Trata-se de uma luta que vai ao coração da agenda autoritária e ultraliberal de Bolsonaro e Guedes. Também é o momento de unificar com outros setores que devem se colocar em movimento: o anúncio da suspensão de concursos públicos; os ataques à educação, à juventude, às mulheres, aos povos indígenas e quilombolas; a promessa de uma reforma administrativa que ataca os servidores; e a sanha pelo fechamento do regime no entorno presidencial revelam a necessidade de promover uma luta nacional unificada contra o descalabro do governo Bolsonaro.
O PSOL deve colocar-se como agente ativo desta articulação, por meio de sua ação parlamentar e da busca consciente de atuação nas ruas, com as categorias de trabalhadores em greve, a juventude e os movimentos sociais. Este é o caminho para sair da defensiva e buscar a maioria do povo, com um calendário de luta e de ação.