Bolsonaro, a catástrofe que nos ameaça e como combatê-la

O PSOL deve ser parte de uma imediata e ampla campanha de agitação, ao redor dos eixos saúde, renda básica e impeachment de Bolsonaro.

Israel Dutra e Thiago Aguiar 27 mar 2020, 15:47

O pronunciamento de Bolsonaro na última terça-feira à noite indignou o país. Após semanas de posições negacionistas da pandemia de coronavírus, o homem que ocupa a presidência deu um passo além em sua irresponsabilidade criminosa.

A pandemia de Covid-19 está mudando por completo o mundo. A quarentena forçada mudou os hábitos de bilhões em todos os continentes. As previsões da Organização Mundial da Saúde e de pesquisadores são claras: sem medidas drásticas de isolamento social, a doença pode matar milhões de seres humanos nas próximas semanas. Ao mesmo tempo, a pandemia serve de detonador para as contradições acumuladas pelo capitalismo global, desde a crise de 2008, desnudando as desigualdades profundas e mostrando como a preservação dos lucros torna-se a prioridade diante da garantia da vida.

Em nosso país, é urgente a aplicação de um plano de emergência para garantir a vida, a saúde e a subsistência de milhões, ameaçados pelo desemprego, pela informalidade e pelas deficiências do sistema da saúde, sob risco de colapso sem um fluxo de investimentos maciço que responda à escala inaudita da emergência. O pedido de impeachment encabeçado por deputados e lideranças do PSOL como Fernanda Melchionna, Sâmia Bomfim, David Miranda e Luciana Genro, entre vários outros, além de inúmeras personalidades e intelectuais, credencia-nos para seguir fazendo agitação das principais tarefas do momento, como parte da ampla unidade necessária para fazer frente ao caos e a Bolsonaro. Já estamos próximos a marca de 1 milhão de assinaturas do pedido.

Bolsonaro empurra o país para a catástrofe

Em uma viagem despropositada para Miami, a comitiva presidencial inacreditavelmente retornou com dezenas de infectados e se converteu num dos principais vetores de transmissão no país. O próprio presidente nega-se a mostrar seus exames e segue afirmando que a doença é uma “gripezinha” e que os mortos são idosos ou pessoas com outras doenças – os quais, em sua opinião, deveriam ser simplesmente largados à morte.

Contra todas as evidências e exemplos internacionais da disseminação assustadora da Covid-19, Bolsonaro defende a reabertura de escolas e do comércio e se mostra disposto a brincar com as vidas de milhões de brasileiros em sua escalada insana e autoritária. Mais que isso, está organizando carreatas para pressionar pela abertura do comércio. Esta orientação divide a burguesia: um setor ligado ao comércio, como os donos da Havan, Madero e Riachuelo, está de mãos dadas com Bolsonaro nessa escalada suícida; enquanto a Globo e parte dos políticos – entre eles Maia, os principais líderes partidários e os governadores – apontam para o isolamento social como forma de evitar o pior. 

A falta de testes impede que se conheça a escala da disseminação no Brasil e coloca em risco as vidas de profissionais da saúde, muitos dos quais lidam com a falta de insumos básicos e de equipamentos de proteção individual (EPIs) em unidades de saúde, como até mesmo álcool em gel, máscaras e roupas adequadas.

A Medida Provisória que pretendia suspender salários por quatro meses, revogada após ampla e imediata indignação nacional, simboliza a resposta do governo para os trabalhadores.

Diante de tal cenário, nas próximas semanas, a crise deve intensificar-se, levando a saques e à explosão social, como já preveem analistas como Vinicius Torres Freire e até mesmo grandes burgueses e seus porta-vozes. O canalha Bolsonaro tornou-se um risco de sobrevivência física para o povo brasileiro. Retirá-lo da presidência, como muitos do próprio establishment já afirmam, torna-se a medida mais urgente para enfrentar a Covid-19 no Brasil.

Por um plano de urgência para a classe trabalhadora! Apostar na solidariedade!

O PSOL deve ser parte de uma imediata e ampla campanha de agitação, ao redor dos eixos saúde, renda básica e impeachment de Bolsonaro. O parlamento aprovou, às pressas, a renda emergencial, no âmbito da qual nossa bancada apresentou uma emenda para garantir o pagamento de R$ 1200,00 para mulheres chefes de família. A aprovação da renda emergencial no Parlamento se justifica pelo risco gigantesco de desagregação social devido ao desemprego e à falta de renda. A medida, no entanto, é pequena. Vamos continuar exigindo mais apoio financeiro ao povo, do governo federal, governadores e prefeitos.

Em todo país, devemos exigir dos governos o pagamento de um salário mínimo emergencial para cada trabalhador. Para tanto, como mínimo, há que se revogar o teto de gastos e a Lei de Responsabilidade Fiscal, além de insistir na taxação da grandes fortunas.

Os trabalhadores devem paralisar suas atividades e lutar pelo seu direito ao isolamento, como já fazem várias categorias. Devemos exigir que o governo adote um programa de renda mínima emergencial imediatamente, além de garantir as medidas sanitárias para que os trabalhadores em atividades essenciais, sobretudo da saúde, possam atender à população. É necessário importar e difundir por todo o Brasil, sem mais um minuto de atraso, dezenas de milhões de testes e EPIs para os trabalhadores. Também é necessário acelerar a criação de dezenas de milhares de vagas em UTIs com respiradores, a única garantia de vida para os casos graves que abundarão nas próximas semanas, além da criação de hospitais de campanha. Testes para todos é uma bandeira da classe trabalhadora.

Além da renda mínima emergencial, é preciso congelar os pagamentos de empréstimos, dívidas, alugueis, contas de eletricidade, água, gás, de telefonia e internet para os necessitados. Até mesmo um país pobre da América Central, El Salvador, anunciou medidas como estas. O dinheiro deve vir da taxação de lucros e de fortunas, além da suspensão de pagamentos das dívidas dos governos locais e da dívida pública para os grandes credores.

É fundamental, também, apostar na solidariedade e na auto-organização popular, de que já dão mostras os trabalhadores da saúde e a população mais pobre das favelas e periferias, que começam a se organizar para defender seus interesses materiais. Também é momento de reforçar os laços internacionais e aprender com os exemplos bem-sucedidos de outros países, apostando que a solidariedade pode levar-nos a enfrentar melhor essa grave tragédia humana.

Em síntese, a saída para a disseminação da Covid-19 e do caos que se instala no país deve passar por estas exigências:

Investimento massivo para a saúde! Respiradores, UTIs e EPIs imediatamente!

Renda básica para quem precisa! Que os governos se comprometam!

Impeachment já! Tirar Bolsonaro para salvar o Brasil!


TV Movimento

Balanço e perspectivas da esquerda após as eleições de 2024

A Fundação Lauro Campos e Marielle Franco debate o balanço e as perspectivas da esquerda após as eleições municipais, com a presidente da FLCMF, Luciana Genro, o professor de Filosofia da USP, Vladimir Safatle, e o professor de Relações Internacionais da UFABC, Gilberto Maringoni

O Impasse Venezuelano

Debate realizado pela Revista Movimento sobre a situação política atual da Venezuela e os desafios enfrentados para a esquerda socialista, com o Luís Bonilla-Molina, militante da IV Internacional, e Pedro Eusse, dirigente do Partido Comunista da Venezuela

Emergência Climática e as lições do Rio Grande do Sul

Assista à nova aula do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento, com Michael Löwy, sociólogo e um dos formuladores do conceito de "ecossocialismo", e Roberto Robaina, vereador de Porto Alegre e fundador do PSOL.
Editorial
Israel Dutra | 21 dez 2024

Braga Netto na prisão. Está chegando a hora de Bolsonaro

A luta pela prisão de Bolsonaro está na ordem do dia em um movimento que pode se ampliar
Braga Netto na prisão. Está chegando a hora de Bolsonaro
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 54
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional

Autores

Pedro Micussi