Pandemia Covid19: Quem protege os trabalhadores da saúde?
Na linha de frente do combate à pandemia do coronavírus, lá estão eles, os trabalhadores da saúde.
Na linha de frente do combate à pandemia do coronavírus, lá estão eles, os trabalhadores da saúde. Mas quem está nessa batalha para protegê-los, já que, em situações como essa, não podem ser afastados de suas atividades, ficam mais expostos à contaminação e ainda têm de lidar com a sobrecarga de trabalho?
Em reunião com dirigentes do SindiSaúdeRS, das associações de servidores do HPS e do Grupo Hospitalar Conceição ( AsHPS e ASERGHC) e Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), debatemos a lentidão dos governos na adoção de medidas efetivas para amparar esses profissionais, que, em última instância, são o esteio da população.
As orientações nos postos de atendimento estão chegando muito tarde. O que se tem é via celular, mas precisamos que as informações estejam visíveis, fixadas nas paredes. A concentração de pessoas está na saúde pública. Quem está amparando a pandemia é o SUS – disse Daniela Coelho, integrante da direção do Simpa e do conselho administrativo da Previmpa que atua no PA Cruzeiro do Sul.
Gabinete sindical de crise
Um gabinete sindical da saúde para a crise deve ser organizado nos próximos dias para que se assegure as mínimas condições de trabalho, recursos extras para o atendimento e restrições mais enérgicas para conter a contaminação pelo coronavírus, além de ampliação do quadro de trabalhadores da saúde via contratações emergenciais e suspensão de desligamentos.
“Seria muito irresponsável manter o ataque aos trabalhadores do Imesf (Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família)” reforçou o médico Marcelo Rocha, que atua nos PAs Lomba do Pinheiro e Bom Jesus.
Os sindicatos e as associações de servidores da saúde também querem garantias de que os profissionais com mais de 60 anos, grupo de risco nos quadros da Covid-19, e gestantes sejam afastados, mas que haja reposição imediata dessa mão de obra, ou aumentará ainda mais a dificuldade de atendimento no sistema.
Valmor Guedes, diretor de comunicação da ASERGHC e diretor jurídico do SindiSaúde, explicou que o fortalecimento das equipes de atenção básica que estão fazendo as visitas domiciliares é fundamental para reduzir o fluxo de doentes nas unidades.
A urgência dessa medida é compartilhada pelo presidente da ASERGHC, Arlindo Ritter, e pelo presidente do SindiSaúdeRS, Júlio Jesien, que defendem o compromisso com a estabilidade do emprego dos trabalhadores e mais cobrança de empenho da rede privada na redução dos riscos de colapso na saúde.
No principal hospital de emergência de Porto Alegre, o HPS, a preocupação do secretário adjunto da AsHPS, Valdionor Freitas, é a falta de técnicos, uma carência de 250 profissionais, nas contas da associação. Trabalhador do Hospital Presidente Vargas e coordenador geral do Simpa, João Ezequiel defendeu a restrição geral dos serviços em Porto Alegre, mantendo-se apenas os essenciais.
Fiscalização dos governos e das gestões
Como vereador, e apesar de a Câmara Municipal ter suspendido as atividades por conta da pandemia, mantenho o trabalho de fiscalização dos governos e o apoio aos trabalhadores na fiscalização das gestões de postos e hospitais. Assessor sindical da ASERGHC e do SindiSaúde, Etevaldo Teixeira fez um alerta importante: todas essas reivindicações devem ser postas já nas discussões com as patronais.
Essa reunião, que contou com a presença também do vice-presidente da ASERGHC, o servidor do Hospital Fêmina Ricardo Rosa, e de lideranças do Sindimetrô, foi um passo importante para a união de forças na aplicação de medidas práticas que orientem os trabalhadores e os protejam da falta de responsabilidade de governantes como Bolsonaro e da lentidão nas ações públicas. Os profissionais da saúde são protagonistas nessa luta, não coadjuvantes. Precisam ser cuidados.
Os profissionais da saúde pedem socorro
- Ampliação das informações sobre a Covid-19 nas unidades de saúde.
- Fim do teto de gastos na saúde
- Garantia dos equipamentos de proteção individual nas unidades.
- Destinação dos R$ 15 bilhões de emendas impositivas para a saúde.
- Ampliação de leitos de UTI.
- Reforço nas equipes de atenção básica.
- Afastamento de servidores com mais de 60 anos e gestantes com imediata reposição dos profissionais.
- Cancelamento das demissões no IMESF.
- Mais medidas de restrição à circulação de pessoas, como paralisação de serviços não essenciais.