Genocídio brasileiro
Para defender as vidas e as liberdades democráticas do povo brasileiro: Fora, Bolsonaro!
A nova fase da pandemia chegou com a macabra marca que supera um milhão de casos e mais de 50 mil mortos, além de uma subnotificação que seguramente está entre as maiores do planeta. O contágio do novo coronavírus segue expandindo-se, chegando a regiões e cidades mais distantes, apesar de ainda não ter sido alcançado o chamado “pico de contaminação”.
Depois da queda de dois ministros da saúde, a linha de Bolsonaro levou à gestão de um interino militar, Eduardo Pazuello, que consolida a verdadeira tragédia nacional. A principal responsabilidade é de Bolsonaro, dos militares e do seu círculo direto. As cenas de trabalhadores aglomerados no transporte público das grandes cidades é a ilustração do genocídio contra o povo. Governadores e prefeitos cedem ao lobby dos grandes empresários para deixar a sua própria sorte os trabalhadores do comércio, indústria e serviços.
As mortes têm classe, cor e endereço. O caráter classista da pandemia está explicito. De outra parte, a resistência popular organizou um primeiro ciclo de lutas importante, garantindo a intervenção nas ruas da oposição, dos setores antifascistas, das torcidas, da negritude, dos profissionais da saúde e dos trabalhadores precarizados. Isso colocou o governo ainda mais na defensiva, além do cerco que se fecha com a ação do STF contra as fake news e as prisões de Sara Winter e de Fabricio Queiroz. Eis um retrato do Brasil, epicentro mundial da Covid-19.
A escandalosa subnotificação de casos
Vários estudos apontam para uma subnotificação enorme dos casos de Covid-19. A Prefeitura de São Paulo, numa pesquisa chamada “Inquérito Sorológico”, indica, em seus primeiros resultados tabulados, que quase 10% dos testes tiveram resultado positivo: a amostragem indica que deve haver cerca de 1 milhão e 200 mil pessoas contaminadas apenas na capital paulista.
O alerta sobre a subnotificação não vem apenas de São Paulo. Anteriormente, os dados do levantamento nacional coordenado pela Universidade Federal de Pelotas apontaram um número de contaminados de 5 a 9 vezes maior no país, mascarados por outras doenças respiratórias. A situação é tão grave que na segunda-feira, 22 de junho, a Organização Mundial de Saúde fez um alerta para as subnotificações brasileiras.
A morte como política de Estado
Diante de tal cenário, é evidente que, no Brasil, a morte é uma política de Estado, agravada no caso do novo coronavírus, em que governos das três esferas agora lançam o povo de volta às ruas, numa verdadeira roleta russa macabra, para atender aos interesses da burguesia na “reabertura” a qualquer custo.
Ao mesmo tempo, quando manifestações em todo o mundo escancaram a indignação contra o racismo e a violência policial, assistimos nas últimas semanas, no Brasil, a uma nova rodada de casos de abuso de autoridade, violência, tortura e assassinato promovido por policiais militares.
A contínua presença de grupos de extermínio, milícias e “esquadrões da morte” nas polícias militares estaduais no regime de 1988 mostram que trabalhadores, pobres, moradores das periferias das grandes cidades e a população negra pagam um alto preço por uma transição da ditadura militar que garantiu impunidade para os torturadores e assassinos daquele período. Como bem explicou Sílvio Almeida na última edição do programa Roda Viva, é preciso combater o genocídio da juventude pobre e negra e a “necropolítica” adotada pelo Estado brasileiro.
Para defender as vidas e as liberdades democráticas do povo brasileiro: Fora, Bolsonaro!
O final do primeiro ciclo de lutas nas ruas colocou Bolsonaro e os grupos de extrema-direita que o apoiam na defensiva, abrindo espaço para que as investigações contra o clã presidencial e seus apoiadores neofascistas prossigam.
A luta, no entanto, está longe de terminar. É preciso defender as vidas do povo brasileiro diante da política criminosa de reabertura promovida por governadores e prefeitos. Ao mesmo tempo, é preciso exigir do governo federal que aplique os recursos criminosamente represados no combate à pandemia. A testagem em massa é urgente, sem a qual as medidas em curso nas cidades e Estados serão um corredor amplo para o abatedouro para a população mais pobre.
Ao mesmo tempo, é evidente que o enfrentamento à pandemia e a reconstrução da economia brasileira não poderão ocorrer enquanto Bolsonaro e sua gangue neofascista continuem sua agenda de ataques ao povo brasileiro. Depois de tantos escândalos e ameaças golpistas, é inadmissível que o Congresso não inicie imediatamente um processo de impeachment contra Bolsonaro. Fora, Bolsonaro e seu governo de militares!