Apresentação da Revista Movimento n. 18
Edição dá destaque às eleições municipais e às disputas presidenciais na Bolívia e nos EUA.
Enquanto os efeitos sanitários e econômicos da Covid-19 seguem fazendo-se sentir, escancarando a crise global do capitalismo, as lutas na América Latina começam a apresentar importantes conquistas no enfrentamento da extrema-direita continental. Na Bolívia, após meses de enfrentamentos e mobilização popular, a contundente vitória da chapa do MAS pôs fim ao governo ilegítimo e reacionário de Jeanine Áñez e às tentativas de perpetuação da extrema-direita no governo do país andino após o golpe de 2019. No Chile, após as multitudinárias manifestações de 2019 mudarem a história do país, o plebiscito por uma nova constituinte levou a uma vitória esmagadora, de quase 80%, em favor de uma nova constituição elaborada por assembleia exclusiva.
Tais vitórias na América Latina dão alento às massas populares de todo o continente, somando-se ao impulso das manifestações antirracistas que tomaram os Estados Unidos e o mundo nos últimos meses. Na campanha eleitoral estadunidense em curso, está em jogo a possibilidade de derrotar o trumpismo, que anima movimentos neofascistas e racistas naquele país e em todo o mundo.
Ao mesmo tempo, as eleições municipais brasileiras abrem a possibilidade de construir uma alternativa nas cidades que contribua para isolar e derrotar o bolsonarismo. A décima oitava edição da Revista Movimento debruça-se sobre esses processos de mobilização nas ruas e de enfrentamento eleitoral em curso.
Abrindo o volume, a seção internacional traz artigo de Israel Dutra debatendo sete aspectos da situação continental. Na sequência, Bruno Magalhães, enviado pelo Observatório Internacional do PSOL à Bolívia, analisa a vitória eleitoral do MAS. O massacre de Senkata, de novembro de 2019 – quando dezenas de manifestantes contra o golpe na Bolívia foram assassinados –, é denunciado por Gloria Quisbert Ticona, presidente da associação de familiares das vítimas.
Também publicamos, na seção internacional, uma instigante análise de William I. Robinson, professor no Departamento de Sociologia da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, sobre a eleição nos Estados Unidos e a luta contra o trumpismo e o neofascismo naquele país e no mundo. Por sua vez, Dan La Botz, militante do DSA, analisa a campanha eleitoral e o voto anti-Trump. A seguir, nosso camarada Danilo Serafim, dirigente do MES e da Executiva Nacional da CSP-Conlutas, oferece a nossos leitores uma reconstrução histórica da luta antirracista nos Estados Unidos. Fechando a seção, publicamos artigo de Pedro Fuentes, dirigente internacionalista do MES, analisando a situação continental, e reproduzimos artigo de Manuel Garí, militante de Anticapitalistas e da IV Internacional, a respeito da ascensão e decadência de Podemos como expressão antineoliberal e antirregime na Espanha.
Abrimos a seção dedicada à situação brasileira e à campanha municipal entrevistando Sâmia Bomfim, deputada federal e líder do PSOL na Câmara, em que nossa companheira analisa as possibilidades do partido em 2020, o enfrentamento ao bolsonarismo e sua atividade recente como observadora internacional do Parlasul na eleição boliviana. Na sequência, a deputada estadual Mônica Seixas (PSOL-SP) assina artigo dissecando as atividades de João Doria, seu passado como liderança empresarial e seus ataques aos trabalhadores e aos serviços públicos em São Paulo. Por fim, o sociólogo Gilvandro Antunes, militante do MES/PSOL no Rio Grande do Sul, trata da luta contra o racismo estrutural no Brasil.
Para encerrar nossa edição, publicamos artigo de nossa camarada Luciana Genro, na seção teórica, sobre a militância e o pensamento de Rosa Luxemburgo a respeito da Revolução Russa e da Revolução Alemã. Também entrevistamos Gabriela Pérez Noriega, diretora jurídica e executiva do Museu Casa de León Trotsky no México sobre as atividades desta importante instituição e da necessidade de apoio internacional a seu esforço de preservação da memória de Trotsky e da luta contra o stalinismo em defesa da revolução socialista internacional. Por fim, publicamos o mais recente documento da Executiva Nacional do MES atualizando as análises e a orientação de nossa corrente.
Boa leitura!