O que está em jogo: fortalecer uma alternativa diante da grave crise que nos assola

Neste domingo, em todo o Brasil, o voto no PSOL fortalece a construção de uma alternativa à extrema-direita e ao bolsonarismo.

Israel Dutra e Thiago Aguiar 13 nov 2020, 21:23

Em algumas horas, milhões de brasileiros irão às urnas. Com altas doses de apatia, a eleição municipal acontece num cenário imprevisível, com o temor real de uma nova onda de Covid-19, numa campanha eleitoral curta e inusitada. A eleição decidirá os rumos das cidades nos próximos anos e indicará uma tendência nacional, de rejeição ou fortalecimento do governo central. Com as limitações impostas pela pandemia, notou-se pouco engajamento. Além disso, a postura autoritária dos principais veículos de imprensa, de sonegar a chance de debates, interditou a discussão política. Uma das marcas dessa eleição foi a não existência de debates.

O PSOL está disputando em quase 600 cidades, sendo o partido com mais candidaturas nas capitais – 23 ao todo, com chances reais de ampliar sua votação e bancada, além de liderar com folga a corrida para a prefeitura de Belém. Diante desse esforço concentrado, nos últimos 45 dias, nossa militância, figuras públicas e candidatos colocaram-se a serviço de duas enormes tarefas: derrotar a extrema-direita e apontar uma alternativa, socialista e popular, com influência de massas. Alertamos para a necessidade de construir cidades mais justas e democráticas, voltadas para os direitos da maioria da população, defendendo a ampliação do auxílio emergencial, a taxação dos super-ricos, o combate à sonegação de impostos, aos barões do transporte e à especulação imobiliária, além da defesa do SUS, além das bandeiras da diversidade, que marcam nossa campanha.

Chegamos às vésperas do pleito municipal com três elementos centrais: a apatia, o agravamento da crise social e sanitária e o desprestígio crescente de Bolsonaro e da extrema-direita. Ao contrário de 2018, quando vimos o auge do projeto autoritário e ultraliberal sair vitorioso das urnas, o que temos agora é um quadro distinto, ainda que as armas das mentiras e fake news, além da compra de votos, vão tentar influenciar a votação de domingo.

Enquanto as pesquisas mostram uma eleição “a frio”, a situação social agrava-se: a calamidade pública do Amapá, com o colapso do fornecimento de energia elétrica, é o ponto mais alto de uma crise que se avizinha. Com a energia sucateada e entregue aos interesses da iniciativa privada, o povo amapaense ficou à míngua, às escuras, mesmo com os alertas, há dois anos, para os riscos do apagão. Os protestos constantes e a situação caótica impuseram o adiamento das eleições, mas o estado do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, está completamente desprovido da atenção do governo e das elites do país. A imprensa ajuda na invisibilidade da tragédia do Amapá, onde os protestos crescem e a repressão também.

Guedes já fala em ampliar novas parcelas do auxilio-emergencial, o que indica que a panela de pressão está chegando outra vez no limite. Os números de casos e óbitos estão desencontrado, com uma nova alta sendo cogitada por especialistas. Nesse quadro, Bolsonaro segue gerando conflitos no núcleo do governo, inclusive com militares que o desautorizaram quando falou de combater com “pólvora” os Estados Unidos após a eleição de Biden. Bolsonaro recuou em popularidade e vê seus aliados, internos e externos, afundarem. Trump perdeu, os golpistas bolivianos perderam, os pinochetistas chilenos perderam.

No Brasil, Crivella e Russomanno despencam nas pesquisas. Em Belo Horizonte, onde Zema e Bolsonaro ganharam com ampla diferença em 2018, o candidato situcionanista, Kalil, que fez oposição a linha bolsonarista para a pandemia, deve levar no primeiro turno. E isso deve acontecer em várias capitais. O único lugar onde um bolsonarista liderava até semana passada, Fortaleza, com Capitão Wagner, já indica mudanças nas recentes pesquisas, com Sarto (PDT) assumindo a dianteira.

Em São Paulo, Boulos do PSOL aparece em segundo lugar, numa indefinida disputa, mas que indica que há espaço para uma alternativa à esquerda, por fora das direções tradicionais e do PT.

Nossa linha é reforçar toda mobilização e esforço para as últimas horas e levantar a bandeira do fortalecimento de uma alternativa para lutar por outras cidades e outro país, retomar a luta pelo “Fora, Bolsonaro” e pelos direitos do povo. O voto útil é o voto no PSOL.

Nossas candidaturas expressam a luta, como “tribunos do povo”, ampliando a presença da negritude nas câmaras como parte da rebelião antirracista; das mulheres, como parte da luta feminista; das trabalhadoras da saúde e da educação, bem como lideranças políticas que carregam uma tradição da esquerda socialista. Estamos em combate. Vamos lutar e vencer. Junto à força do povo, que vem demonstrando que é possível vencer a extrema-direita, nós vamos por mais. 


TV Movimento

Balanço e perspectivas da esquerda após as eleições de 2024

A Fundação Lauro Campos e Marielle Franco debate o balanço e as perspectivas da esquerda após as eleições municipais, com a presidente da FLCMF, Luciana Genro, o professor de Filosofia da USP, Vladimir Safatle, e o professor de Relações Internacionais da UFABC, Gilberto Maringoni

O Impasse Venezuelano

Debate realizado pela Revista Movimento sobre a situação política atual da Venezuela e os desafios enfrentados para a esquerda socialista, com o Luís Bonilla-Molina, militante da IV Internacional, e Pedro Eusse, dirigente do Partido Comunista da Venezuela

Emergência Climática e as lições do Rio Grande do Sul

Assista à nova aula do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento, com Michael Löwy, sociólogo e um dos formuladores do conceito de "ecossocialismo", e Roberto Robaina, vereador de Porto Alegre e fundador do PSOL.
Editorial
Israel Dutra | 21 dez 2024

Braga Netto na prisão. Está chegando a hora de Bolsonaro

A luta pela prisão de Bolsonaro está na ordem do dia em um movimento que pode se ampliar
Braga Netto na prisão. Está chegando a hora de Bolsonaro
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 54
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional

Autores

Pedro Micussi