Nem vírus, nem fome: vacinas, renda e lockdown nacional!

Bolsonaro debocha do Brasil enquanto o colapso sanitário toma o país. É preciso lockdown, renda e vacinas para salvar vidas.

Israel Dutra e Thiago Aguiar 3 mar 2021, 20:30

O Brasil mergulhou no auge do colapso sanitário. O recorde de óbitos registrados num único dia montou à marca de 1910 brasileiros hoje. O aumento do contágio e das mortes é visível desde o início do ano. O país mantém uma média de mil mortes diárias nos últimos 40 dias. Não é um exagero, portanto, comparar essa situação com uma guerra.

Especialistas indicam que a expectativa de vida do brasileiro deve regredir em dois anos: o maior retrocesso da série histórica. Abundam os alertas da ciência de que a situação é crítica e de que é iminente um colapso do sistema de saúde nacional. O neurocientista Miguel Nicolelis resumiu a situação, declarando à CNN que apenas um lockdown geral poderia salvar o país do desastre completo. Diante do caos, impõe-se o lockdown nacional com garantia de renda emergencial e de uma campanha de vacinação em massa.

O pior momento da pandemia

Enquanto Bolsonaro debocha da pandemia em seus comícios pelo país e almoços com gargalhadas e leitões, o Brasil vive o pior momento da pandemia. Como previram muitos epidemiologistas, a situação vista em Manaus e no Amazonas em janeiro começa a replicar-se pelo país. Nos estados da região Sul, diversos municípios começam a ver a ocupação de UTIs chegar a 100% e crescerem as filas de espera por leitos de terapia intensiva. Araraquara (SP) segue em lockdown após ver o sistema de saúde colapsar e a nova variante alastrar-se. Há diversos outros exemplos da gravidade da situação em todo o país.

Como consequência, começam a aumentar os relatos de falta de oxigênio e de insumos. Também aumentam as mortes à espera de leitos, seja por covid-19 ou por outros casos graves. Só se alcançou esse cenário pela ação criminosa do governo Bolsonaro, em seus ataques ao isolamento, às medidas preventivas e à incapacidade de organizar uma campanha de vacinação digna do nome. Há um verdadeiro genocídio de brasileiros em curso.

O Brasil paga por Bolsocaro

Uma colagem de cartazes em São Paulo, nessa semana, chamou a atenção da imprensa. A iniciativa mostrava a inflação generalizada e o aumento do custo de vida das famílias trabalhadoras, com os preços exorbitantes dos alimentos, combustíveis e alugueis.

A alta nos combustíveis e as respostas demagógicas de Bolsonaro aos caminhoneiros, que ameaçam realizar greve, desnudaram igualmente a crise da Petrobrás, saqueada e totalmente submetida aos ditames de fundos transnacionais e de especuladores. O recuo anunciado de 4,2% no PIB de 2020 dá a medida de uma crise que deve aprofundar-se nos próximos meses. Enquanto o país empobrece, Flávio Bolsonaro gargalha do país, comprando uma mansão de R$ 6 milhões uma semana após o STJ proibir a utilização da quebra de sigilo bancário e de outras provas em seus processos.

O Brasil está devastado: é preciso lutar

Enquanto o país é destruído, as famílias empobrecem e a pandemia segue descontrolada, faz falta uma oposição altiva e presente para enfrentar o caos e os crimes do governo Bolsonaro contra as vidas do povo brasileiro.

Esse é um momento de unidade de ação para enfrentar as ameaças golpistas e os ataques à saúde pública, aos direitos e às liberdades democráticas promovidas por Bolsonaro. A oposição está muito aquém na resposta social e política: seus principais líderes não tomaram a mobilização como eixo – seja nas lutas de rua com os antifascistas no ano passado, seja nos panelaços e carretadas desse ano. Foi um pequeno passo, mas importante, a conformação de um comitê popular unitário para enfrentar a pandemia, em Porto Alegre: PSOL, PT e PCdoB, junto com as entidades de base, com centenas de aderentes, articularam para trabalhar um manifesto com posições necessárias para a conjuntura. É um pequeno exemplo para ser pensando nas cidades.

Partidos, centrais e sindicatos, organizações da juventude, movimentos sociais da cidade e do campo deveriam romper o rotineirismo para apoiar os trabalhadores da linha de frente e enfrentar a política de destruição nacional do governo.

É hora de lutar por:

Lockdown nacional imediato e fechamento das escolas para conter o contágio e as mortes;

Campanha de vacinação em massa já, exigindo dos governos a compra de vacinas e o investimento para a aceleração da produção nacional;

Garantia de renda emergencial para as famílias trabalhadoras poderem proteger-se do contágio, com a renovação dos 600 reais, crédito para os pequenos e médios empresários, especialmente os ligados ao setor de serviços, além da isenção das cobranças das taxas de luz e água. 


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Pedro Micussi