A nossa segurança pública também pede socorro
Precisamos ter um olhar voltado para as e os funcionários da segurança pública, exigindo justiça para quem cometer arbitrariedade e a devida valorização da carreira.
Os últimos dias foram trágicos para a segurança pública em Caxias do Sul. Quero expressar toda minha solidariedade às famílias do agente penitenciário Clóvis Antônio Roman e do jovem Matheus da Silva dos Santos. Ambos foram mortos em dois casos que revelam os problemas enfrentados na segurança pública em nosso estado.
De um lado, uma ação de resgate de um detento resultou na morte de Clóvis, que estava fazendo seu trabalho de escolta. Já Matheus levou um tiro na cabeça por um guarda municipal porque cometeu uma infração de trânsito.
Não podemos naturalizar a morte de quem trabalha na segurança pública ou de pessoas abordadas. Mudar essa realidade passa também pela valorização dos agentes de segurança, como são os trabalhadores do sistema penitenciário. Finalmente o governo enviou para a Assembleia a regulamentação da polícia penal. Vamos trabalhar pelo aprimoramento e aprovação deste PL. Também é preciso investir no treinamento adequado de todos estes profissionais.
A nossa segurança pública também pede socorro. Agentes mal pagos, sobrecarregados e com carreiras e treinamentos deficientes carregam nas costas o peso da crise social. A população, por outro lado, acaba convivendo com esta situação de guerra sem fim, sendo muitas vezes vítimas de ações desproporcionais como esta ação da Guarda Municipal em Caxias.
A contrapartida por parte dos governos não vem. Garantia de treinamento adequado, melhores salários e condições de trabalho dignas soam como promessas vazias em época de campanha, pois não se tornam realidade. Os brigadianos de nível médio estão em luta pela modernização da carreira, mas o governo não envia uma proposta para o parlamento. Precisamos olhar com muita atenção para a segurança pública e para o treinamento oferecido aos agentes, cobrando com muita firmeza aqueles que cometem arbitrariedades e exigindo dos governos a valorização das carreiras. Essa lógica perversa em que trabalhadores da segurança matam e morrem todos os dias precisa ter fim.