Golpe e mobilizações revolucionárias
Tenho lido analistas sérios afirmando que Bolsonaro está preparando um golpe. Tal perspectiva não é imediata, mas, de fato, essa caracterização deve ser levada a sério.
Tenho lido analistas sérios afirmando que Bolsonaro está preparando um golpe. Tal perspectiva não é imediata, mas, de fato, essa caracterização deve ser levada a sério.
As possibilidades de Bolsonaro ganhar as eleições estão muito menores do que antes da gestão genocida da pandemia, e hoje se pode dizer que é improvável sua continuidade.
No imediato, ademais, a CPI, apesar da fraca arguição dos senadores, está revelando os crimes do presidente e de seu entorno e revelará ainda mais com a importante quebra do sigilo telefônico de seus colaboradores. Então, a tentativa de provocar mais crise e a própria virada de jogo via golpe são uma hipótese real. Isso pode se expressar como ocorreu nos EUA com Trump, via a não aceitação do resultado eleitoral.
Se assim for, a hipótese golpista pode se converter mais em uma tentativa de anarquia do que em um plano de controle do poder. Sem resistência, a anarquia bolsonarista vira alternativa. Se não cola, a tentativa poderia pelo menos validar a política para manter forte o bolsonarismo, mantê-lo ativo mesmo perdendo as eleições. Isso também no caso de não haver resistência que responda à altura.
Se tais análises têm razão de ser, é evidente que devem ser levadas em conta na política de quem sabe que o país não suporta mais a continuidade deste governo. A primeira resposta diante deste risco é chamar as mobilizações pelo Fora Bolsonaro. Que sejam fortes, cada vez mais decididas. Eis aí o antídoto principal. Por isso, também o dia 19/6 será importante. São momentos da luta política em que a natureza defensiva e ofensiva da luta se mesclam. Na linha da melhor defesa é o ataque, o movimento de massas deve tomar as ruas.
Aqueles que pensam apenas em esperar 2022 são os que desarmam a defesa. Desarmam a defesa e impedem a ofensiva. Sim, porque Bolsonaro pode ser derrubado neste ano, combinando as revelações da CPI e a ação das ruas. A burguesia brasileira já dividida quanto ao apoio ao governo (seus setores mais importantes não querem sua continuidade, mas pretendem realizar a mudança pela via eleitoral em 2022, sem apoiar impeachment agora) não resistiria ao peso decidido das ruas.
A força das ações de rua dos chilenos mostra do que as ruas são capazes. Então, é hora de não deixar o governo respirar. Sua ação de sábado com os motociclistas em SP mostrou que Bolsonaro sabe também que a melhor defesa é o ataque. Mas seu ataque mostrou-se fraco. Jogou todo seu aparato para convocar sua ação no estilo Mussolini, mas os cavalos bolsonaristas estiveram longe de ser um número relevante. Algo parecido com o esforço chileno levado adiante pelos trabalhadores brasileiros os poria para correr. Mas, neste caso, seria uma revolução. Menos do que isso pode ganhar, porque faria a burguesia acelerar sua queda.
O fato é que devemos começar. Bolsonaro precisa ser derrubado. E vamos por mais: Bolsonaro precisa ser preso. Um genocida como ele não pode apenas perder o poder.