O Vasco sob o arco-íris
E476p9LWQAIDEyT

O Vasco sob o arco-íris

Ontem (27) o Vasco da Gama estreou seu novo uniforme inspirado na bandeira e orgulho LGBT. Leandro Fontes, sócio proprietário do Vasco e autor da obra “Vasco: o clube do povo – uma polêmica com o flamenguismo (1923-1958)”, escreve sobre o feito e a história democrática do Vasco.

Leandro Fontes 28 jun 2021, 12:10

A bandeira LGBTQIA+ é muito bem-vinda no Vasco. Essa é uma pauta dos direitos civis que chegou atrasada nos meios predominantemente machistas e homofônicos do futebol. Porém, a história bateu com força em nossa porta. Não é à toa que o combate a homofobia se tornou um dos principais temas da Eurocopa. Para tanto, o Vasco acostumado em fazer História de modo pioneiro, frente aos latentes debates em curso na sociedade, precisa ter altivez e solidez em seus princípios fundacionais que sempre guiaram o Almirante para posições de rupturas que transcenderam os limites do desporto.

Nunca é demais ressaltar que o Vasco elegeu e reelegeu, dezesseis anos após a formalização da abolição da escravatura, Candido José de Araújo (1904-1906), o primeiro presidente negro dos grandes clubes no país. O clube, em seus primeiros anos de construção, abarcava no seu quadro social a juventude comerciaria, operários das serralherias a vapor, empregados e empregadores do comércio de secos e molhados. Assim sendo, o Vasco misturou imigrantes erradicados no Rio de Janeiro, comerciantes, assalariados e negros, sob a bandeira da comunhão fraterna e indivisível entre brasileiros e portugueses.

Com os Camisas Negras, Campeões de 1923, a olhos nus, a torcida vascaína foi ganhando pujança e adesão social, no compasso das vitórias avassaladoras e da representação do time vascaíno. Isto é, no auge do futebol elitista e racista, o Vasco com negros, operários e analfabetos, foi o espelho do povo e dos Brasis sem holofotes da aristocrática República Velha. Por isso, a Resposta Histórica foi um marco de insurreição que quebrou paradigmas e que teve efeitos para além dos gramados.

Contudo, a grandeza do Vasco não se resume na Resposta Histórica. Em que pese que a carta assinada pelo icônico presidente José Augusto Prestes ser o nosso feito de honra maior e moldar nossa tradição, ela, ao mesmo tempo, não responde tudo e, menos ainda, transmite sozinha a singular trajetória do Club de Regatas Vasco da Gama.

Portanto, como o brilhante cruzmaltino Aldir Blac escreveu em Querelas do Brasil: “O Brazil não conhece o Brasil”, é preciso conhecer por inteiro nosso passado, ser altivo no presente, para semear o futuro preservando nossas raízes democráticas e valores civilizatórios. E o esporte é um canal poderoso para a transmissão em massa dessa contribuição salutar ao povo brasileiro.

De tal modo, o Vasco é tão distinto dos demais que ser conservador do passado de glórias do clube significa defender o pioneirismo. Quer dizer, ser o destacamento avançando. Ser a vanguarda que rompe caminhos. Foi assim nos primórdios do remo e com os inigualáveis Camisas Negras, com o futebol feminino liderado por Sarah Paradanta em 1923, com as primeiras torcidas organizadas do país (Terra e Mar em 1917 e Legião da Vitória em 1943), o movimento de construção de São Januário, os gritos no Maracanã pelas “Diretas Já!” em 1984, faixas pelo “Fora Collor” em 1992, resistência centenária contra a grande mídia, as campanhas de associação em massa, entre tantos e tantos feitos históricos dirigidos por nosso quadro social e nossa imensa torcida.

Essa é a essência democrática do Vasco. Oposta, portanto, a golpes, perseguições e a ideologias reacionárias. Por isso, a bandeira do arco-íris levantada por Germán Cano em São Januário é muito bem-vinda em nossa caravela.

Se a causa é justa, o exemplo arrasta. Vamos por mais!


TV Movimento

Global Sumud Flotilla: Por que tentamos chegar a Gaza

Importante mensagem de três integrantes brasileiros da Global Sumud Flotilla! Mariana Conti é vereadora de Campinas, uma das maiores cidades do Brasil. Gabi Tolotti é presidente do PSOL no estado brasileiro do Rio Grande do Sul e chefe de gabinete da deputada estadual Luciana Genro. E Nicolas Calabrese é professor de Educação Física e militante da Rede Emancipa. Estamos unindo esforços no mundo inteiro para abrir um corredor humanitário e furar o cerco a Gaza!

Contradições entre soberania nacional e arcabouço fiscal – Bianca Valoski no Programa 20 Minutos

A especialista em políticas públicas Bianca Valoski foi convidada por Breno Altman para discutir as profundas contradições entre a soberania nacional e o arcabouço fiscal. Confira!

A história das Internacionais Socialistas e o ingresso do MES na IV Internacional

Confira o debate realizado pelo Movimento Esquerda Socialista (MES/PSOL) em Porto Alegre no dia 12 de abril de 2025, com a presença de Luciana Genro, Fernanda Melchionna e Roberto Robaina
Editorial
Israel Dutra | 12 set 2025

O 11 de setembro de nossa esperança – a prisão (finalmente) decretada do genocida Bolsonaro

A condenação de Jair Bolsonaro e todo núcleo duro do golpismo é uma vitória democrática, que deve ser comemorada com a "guarda alta"
O 11 de setembro de nossa esperança – a prisão (finalmente) decretada do genocida Bolsonaro
Publicações
Capa da última edição da Revista Movimento
A ascensão da extrema direita e o freio de emergência
Conheça o novo livro de Roberto Robaina!
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Conheça o novo livro de Roberto Robaina!

Autores