Apoiar Lula mesmo com a direita? Polêmica com a Resistência

Na plenária do município de Arujá (SP), um dos dirigentes da corrente Resistência defendeu apoio do PSOL a Lula no primeiro turno, mesmo que haja presença da direita na coligação. Pedro Serrano polemiza com essa política e defende a pré-candidatura de Glauber Braga.

Pedro Serrano 11 jul 2021, 12:27

O debate partidário no Congresso é sempre interessante pela capacidade que tem de revelar posições. Em uma das plenárias online deste sábado (10), no município de Arujá (SP), um importante dirigente da corrente Resistência fez, de viva voz, a defesa de uma política até então não levantada às claras por essa corrente, ou por outros setores do partido. Segundo ele (sem especificar se se tratava de uma opinião individual ou de posição formal da corrente), o PSOL poderá apoiar e fazer campanha para Lula em 2022 “mesmo que haja aliança com o PSD e setores da direita”. A única ressalva, para ele, seria o partido não compor coligação.

Trata-se de um elemento novo, importante que a militância tenha ciência. Até então, aqueles que se opõem à política de candidatura própria do PSOL vinham sustentando, em geral, argumentos relacionados à necessidade de “esperar para decidir”, ou de construir as bases para uma “frente de esquerda com programa anticapitalista” — liderada por Lula. Agora, a política parece ir um passo além: apoiar Lula mesmo com aliança com a direita e um programa burguês (o sentido óbvio em que se dirige o ex-presidente).

Ocorre que, para o PSOL, tal passo além deve acender um sinal de alerta. É isso o que defendemos?

De nossa parte, seguimos afirmando que o partido deve se postular. E que tem o direito e a necessidade de ter um pré-candidato, inclusive para se localizar dentro das discussões sobre a possibilidade de frente eleitoral com outros partidos. E tais articulações, por sua vez, devem ocorrer às claras, em debate aberto com a militância e o movimento, não em bastidores e por meio de negociações eleitorais. É assim que o partido do socialismo e da liberdade deve se localizar em meio à tarefa maior do momento que atravessamos: esmagar Bolsonaro.

Glauber, em sua forte vocação de tribuno radical, está mais do que à altura de atuar por essa política. Urge a militância do PSOL defender o partido e sua política independente e anticapitalista.


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