Kalil está em xeque: mais do mesmo.
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Kalil está em xeque: mais do mesmo.

A velha política protagonizada por Kalil

Guilherme Barone e Sara Azevedo 27 out 2021, 21:31

Na quinta-feira (21), foi revelado áudio incriminador do Prefeito de BH, Alexandre Kalil, que ameaça seu mandato e sua pretensão de se eleger Governador de Minas Gerais em 2022.

Tudo corria bem para o Prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD). Mesmo diante de uma crise social e econômica enorme no país, o que prejudica a avaliação dos governantes, Kalil foi reeleito Prefeito em 2020 em primeiro turno com impressionantes 63% dos votos . A gestão de Kalil vinha sendo considerada ótima ou boa por 61% dos eleitores belorizontinos e considerada ruim ou péssima por apenas 15% dos eleitores da capital, segundo o Instituo Paraná Pesquisas. Não bastasse isto, Kalil ainda era a terceira figura política mais popular do país nos meios digitais, de acordo com a consultoria Quaest, ficando atrás apenas de Lula e Bolsonaro e muito a frente de Ciro Gomes, terceiro colocado na atual corrida presidencial. O Prefeito, de igual modo, vem pontuando mais de 20% das intenções de voto nas últimas pesquisas para Governador de Minas Gerais, atrás apenas do atual Governador Romeu Zema (NOVO).

Contudo, na quinta-feira (21), houve uma revelação que pode desnudar sua verdadeira face e abalar seus planos eleitorais. O ex-chefe de gabinete do Prefeito, que rompeu politicamente com ele, trouxe à tona um áudio com falas de Kalil, gravado sem o seu conhecimento, que revela atos graves praticados pelo Prefeito em sua gestão. O áudio foi reproduzido publicamente pela primeira vez justamente em reunião de CPI da COVID-19 destinada a investigar a gestão da BHTrans, empresa pública municipal responsável pela gestão do trânsito e do transporte público da capital mineira.

O áudio traz falas de Kalil que revelam que donos de empresas que prestam serviço de transporte público em BH, por concessão da Prefeitura, estavam pagando honorários advocatícios no valor de 1 milhão de reais para um advogado renomado fazer a defesa do ex-presidente da BHTrans na referida CPI, que investigava justamente atos da BHTrans que favoreceram as mesmas empresas. Além disto, o áudio revela que Kalil ameaçou o ex-chefe de gabinete para que ele não depusesse contra o ex-presidente da BHTrans na CPI e nomeou para o Conselho de Ética da Prefeitura dois advogados que advogavam gratuitamente para o Prefeito – como se não houvesse conflito de interesses nisto. Soma-se a isto, ainda, o fato de o Prefeito ter recentemente exonerado, do mesmo conselho, conselheira que esteve ausente na votação de parecer que inocentou o Secretário de Governo do Município.

Os atos pelos quais Kalil está sendo acusado são graves e mostram o velho e já conhecido e disseminado patrimonialismo da política brasileira, que se consiste no uso, pelos políticos, da máquina pública para favorecimento pessoal, como se esta lhes pertencesse. Mais do que isto, o escândalo confirma algo que já sabíamos: que a gestão do transporte público no país se orienta pelo favorecimento econômico dos empresários do ramo em detrimento dos trabalhadores, que têm que pagar tarifas mais caras e encarar um serviço de pior qualidade em nome do maior lucro dos empresários e do ganho financeiro dos políticos.Portanto a corrupção atingindo diretamente o bolso dos trabalhadores.

O escândalo é grave, mas não é surpreendente. Kalil ataca constantemente os servidores do Município , trata com mão de ferro os vendedores ambulantes da cidade , concilia com vereadores fundamentalistas religiosos vetando iniciativas pró-LGBTs e favoráveis às mulheres e integra o PSD, partido do Centrão que dá sustentação a Bolsonaro. Por isto, o escândalo não surpreende: Kalil é um político burguês tradicional, muito embora finja o contrário.

Ao mesmo tempo não podemos ter ilusões também com o mote de denúncias feitas pela base do governo Zema dentro da Câmara Municipal e aliadas do deputado Marcelo Aro, destacado rival do prefeito. O uso das denúncias por parte desses atores tem objetivo direto de desgaste de Alexandre Kalil como pré-candidato a Governador e não com interesse de investigação de fato. As intenções inescrupulosas desse setor demonstram clara intenção eleitoral e dar vantagens ao governador Romeu Zema na corrida ao Palácio da Liberdade.

Desse modo é importante denunciar os atos de Kalil e exigir que sejam investigados a fundo, principalmente para se descobrir se há atos graves do Prefeito e seus aliados por trás disto. A investigação deve ocorrer de modo autônomo e independente, tanto na CPI, quanto no nas esferas judiciais, caso seja feita. Assim como a denúncia desse governo municipal que vem se provando como mercador de ilusões burguês que ora atua de maneira correta em alguns casos sobre a pandemia, ora usa de toda truculência contra os trabalhadores, em especial os servidores públicos municipais.

Portanto, reconhecemos na nota da Dep. Áurea Carolina como posição acertada para o desenrolar e nos somamos na defesa dos direitos dos trabalhadores, atentos a investigação dessa e de todos os casos que possam ocorrer.


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Pedro Micussi