Toussaint de Louverture e a Revolução Haitiana
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Toussaint de Louverture e a Revolução Haitiana

O livro de Sudhir Hazareesing, valendo-se de uma riqueza de material de arquivo, é uma das biografias mais completas sobre a vida épica de Louverture até hoje.

Danilo Serafim 19 out 2021, 19:17

Chega às livrarias no Brasil o livro de Sudhir Hazareesingh, Black Spartacus: The Epic Life of Toussaint Louverture, sob o título O maior revolucionário da Américas, pela editora Zahar.

Essa nova biografia traz a vida de Toussaint Louverture, ex-escravizado que enfrentou as principais forças de seu tempo e inspirou (e continua a inspirar) várias gerações na luta anticolonial e antirracista.

A Revolução Haitiana de 1791-1804 é cada vez mais reconhecida como, pelo menos, tão historicamente significativa quanto às Revoluções Americana e Francesa. Tudo começou como uma revolta de escravos no que era então a colônia francesa de Santo Domingo. A rebelião trouxe a abolição da escravidão em Santo Domingo em 1793 e em todo Império Francês em 1794.

Durante muitos anos no Brasil e em outros lugares das Américas, as forças racistas tentaram apagar dos anais da história a Revolução Negra do Haiti, seja porque foi a única revolta de escravos vitoriosa e sua influência sobre lutas de libertação de escravos se espalhou, seja porque não se  podia admitir sob nenhuma hipótese que uma insurreição de escravos pudesse ser vitoriosa, pois isso acarretaria em enormes prejuízos para um negócio tão lucrativo para os regimes escravocratas, quanto o tráfico de africanos para as Américas. Calcula-se que o tráfico africano envolveu um total de 20 milhões de escravos entre 1500 e 1900. 

Essa tentativa apagar da história a Revolução Haitiana será frustrada por C.L.R. James com o lançamento do clássico Os Jacobinos Negros no final da década de 30 do século XX. A Revolução Haitiana destruiu a suposição racista de que os negros africanos nunca poderiam se libertar e governar a si mesmos. O movimento liderado por Toussaint acelerou o fim do comércio transatlântico de escravos, se tornou um ponto de referência  na Guerra Civil Americana e também nas revoltas escravas no Brasil e nas Antilhas. O temor do haitianismo, em 1867, fez com que uma autoridade do Maranhão invocasse  o Haiti por temer que os brancos fossem massacrados durante uma revolta no município de Viana. Na ocasião os escravos desceram o  quilombo São Benedito  para sublevar as senzalas das fazendas vizinhas.  O fantasma do Haiti assustou os brancos escravocratas  brasileiros durante muito tempo.   

A biografia Sudhir Hazareesingh conta a história da ascensão meteórica de Louverture com uma personificação da natureza transformadora da Revolução do Haiti, sob a influência ideológica dos Jacobinos da Revolução francesa, que conduziu seu povo à liberdade contra as forças imperiais da Grã Bretanha, Espanha e França. Os admiradores franceses o saudaram como o “Black Spartacus” – um apelido que Louverture adotou. Em 1802, Louverture foi preso, depois de atraiçoado por subordinados ressentidos, como Jacques Dessalines (que assumiu o comando das forças insurretas e proclamou a independência de Santo Domingo em 1804) em uma negociação realizada  pelo general da divisão francesa Jean-Baptiste Brunet ele foi deportado para a França, onde morreu na prisão no ano seguinte em 1803.

O livro de Sudhir Hazareesing, Black Spartacus: The Epic Life of Toussaint Louverture, valendo-se de uma riqueza de material de arquivo, construiu uma das biografias mais completas sobre a vida épica de Louverture até hoje. Juntamente com os Jacobinos Negros de James, a obra de Sudhir Hazareesing pode ser considerada uma das principais publicações sobre a Revolução do Haiti na atualidade. Vale apena comprar e ler o livro!


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