Como nos ensina a história, os momentos de ascenso do movimento de massas revelam de maneira única as posições dos partidos e de seus representantes. O último ascenso do movimento de massas no Brasil foi em junho-julho de 2013. Naquele momento, PT e PSDB estiveram lado a lado, defendendo o regime e atacando as mobilizações.
A possibilidade de uma chapa Lula e Alckmin para 2022 só pode surpreender quem acha que a história no Brasil começou em 2016, quando o PT voltou para a oposição. PT e PSDB foram (e são) as alas esquerda e direita do regime, foram e são os principais pilares de sustentação do regime de 1988.
Só pode achar que essa possível aliança é um “erro”, quem analisa as posições de Lula e do PT a partir de sua própria perspectiva, e não da perspectiva dos envolvidos na aliança. A perspectiva de Lula e do PT nunca foi socialista, portanto avaliar as decisões do partido a partir de uma perspectiva socialista é onde reside o erro.
Digo mais, na perspectiva de Lula e do PT, a aliança é um acerto. A candidatura presidencial ganha força no interior de SP (onde o PT tem muitas dificuldades) e ainda tira um forte concorrente da corrida pelo governo do estado.
O erro é dos socialistas que pensam que nosso papel (do PSOL) é ficar sugerindo caminhos a Lula e ao PT. O nosso papel deve ser de afirmarmos um programa, de apontarmos um caminho de saída para a crise, de nos postularmos como alternativa. Ficar “na torcida”, ou sugerindo caminhos aos outros, é se deixar levar, é como o camarão que dorme.
No cada vez mais provável segundo turno entre Lula e Bolsonaro, aí sim, nosso papel será de apoiar Lula para derrotar Bolsonaro. Até lá, nosso papel é apresentarmos nossa candidatura, nosso programa, única forma de ser parte do debate público sobre os rumos do País.
PS: aqui, considero o Alckmin como representante do PSDB “histórico”, esse partido está num giro cada vez mais à extrema direita com o avanço de Doria no controle da legenda.
Estevan Campos é membro da direção estadual do PSOL-SP e do MES-SP.