Milton Temer governador do Rio de Janeiro
fea90371-30d8-408b-894e-c1e7e8eaa7f7

Milton Temer governador do Rio de Janeiro

Freixo caminha para a direita. Mas, a saída é pela esquerda.

Leandro Fontes 31 jan 2022, 16:52

“Observando-o, cheguei à conclusão de que ele tinha uma espécie de juventude que, paradoxalmente, cresce com o tempo” Leandro Konder

O PSOL é o maior partido da oposição no Estado do RJ, conquistou esse peso e legitimidade por conta de sua atuação coerente e comprometida com as bandeiras mais caras e justas do funcionalismo público, da educação, da saúde, da juventude crítica e classe trabalhadora fluminense, que, segue precarizada em sua condição de vida, tendo que conviver com a ausência do poder do Estado em seu cotidiano. Diferente de outros setores, como o PT/RJ que se corroeu na adaptação aos governos de Cabral e Paes, o PSOL manteve-se como partido independente e apoiando os setores organizados do movimento social que lutaram contra os governos corruptos e de direita do (P)MDB. Essa orientação se refletiu nas eleições, em que o partido teve candidaturas que demarcaram um perfil de esquerda e democrático, estruturado com um programa de enfrentamento às medidas privativas, as milícias, a corrupção e tendo como sustentação a valorização dos serviços públicos e a mobilização do povo.   

Marcelo Freixo foi parte dessa construção. Porém, as pressões eleitorais conduziram Freixo a uma posição contrária ao histórico psolista. Isto é, ampliar o arco de alianças com antigos adversários do PSOL e dos trabalhadores. Por isso, Freixo decidiu sair de nosso partido para construir um projeto adaptado à ordem. Não é à toa que a “moderação” é a palavra de ordem de sua pré-candidatura que tem como eixo a busca por empresários e cúpulas religiosas. Todavia, a inflexão à direita de Freixo ganhou outra qualidade ao anunciar Armínio Fraga (ex-governo FHC) como uma das “estrelas” de seu plano de governo, que igualmente pode contar com Raul Jungmann (ex-governo Michel Temer), André Lara Resende (também ex-governo FHC) e Renato Pereira, marqueteiro de Cabral e Pezão. Quer dizer, Freixo está montando um governo burguês de tipo tucano com o carimbo do desfigurado PSB e tendo por hora o endosso de Lula, que por sua vez, não fechou as portas para Cláudio Castro e Eduardo Paes.

Não dá para embarcar nessa canoa furada. Está nítido que Freixo “pulou o alambrado” e abandonou suas posições de esquerda que construíram seu perfil. O PSOL/RJ não pode caminhar para o mesmo abismo ou mesmo entregar seu capital político a um parlamentar que tem projeto próprio, não preserva compromisso sequer com seu atual partido e defende abertamente um programa burguês. Portanto, é preciso que o PSOL lance uma candidatura própria ao governo do Estado para dar voz, não aos empresários como quer Freixo, mas, a maioria do povo que vive do seu próprio suor do Rio de Janeiro, aos moradores das favelas ocupadas pelo braço repressor do Estado e pelo poder paralelo das milícias e do tráfico, as mulheres que se espelham no legado de Marielle, a juventude combativa, a negritude e a população LGBTQIA+ que lutam pelos direitos civis, aos trabalhadores organizados da saúde, da educação, da água, dos correios, etc.

Para essa tarefa imprescindível o nome do companheiro Milton Temer está posto. Como a militância psolista e de esquerda sabe: Temer dispensa apresentação. Mas, nunca é demais destacar que nosso incansável combatente é jornalista, foi deputado estadual constituinte, deputado federal por dois mandatos e fundador do PSOL. Aliás, Milton Temer ao lado de Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho, deu uma contribuição ímpar para uma das razões da existência do PSOL, que foi dar continuidade à luta ideológica desprezada pelo pragmatismo lulopetista. Não foi por nada que Konder registrou em seu livro de memórias:

“Os princípios da esquerda não podem ser abandonados sem que ela perca sua identidade. E foi essa identidade de esquerda bem definida que me cativou na figura da senadora Heloísa Helena e no partido que ela começou a criar: o PSOL. Sou um dos 101 fundadores do Partido Socialismo e Liberdade” (KONDER, Leandro. Memórias de um intelectual comunista. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira. 2008.p. 250).

Portanto, a pré-candidatura de Milton Temer nasce, por sua natureza, com o signo oposto ao “imediatismo” liberal de Freixo. Mas, não só, já que estamos convencidos que a derrota do bolsonarismo não está dissociada da defesa de um programa que responda às necessidades imediatas do povo e aos objetivos históricos da classe trabalhadora. Vale lembrar que quem encabeçou a privatização da CEDAE foi Cláudio Castro com endosso de Bolsonaro. Logo em seguida, os liberais Eduardo Paes, Rodrigo Maia, o animador de auditório Luciano Huck e o editorial de O Globo aplaudiram a privatização. Poucos meses depois, inúmeros bairros do Rio de Janeiro ficaram dez dias sem água em pleno verão. O PSOL, por sua vez, esteve ao lado dos cedaeanos, na defesa da CEDAE estatal, do serviço público e do direito à água para todos os cariocas e fluminenses. Desse modo o partido vai se distinguindo frente a experiência concreta de uma categoria significativa do funcionalismo público e por uma parte da população. 

Logo, a única possibilidade de uma disputa programática pela esquerda nas eleições se dará através de um porta-voz comprometido com esse fim. O PSOL tem lastro social suficiente, expressão eleitoral e militância de rua para se apresentar de modo independente nas eleições. E tem um nome à altura desse desafio: Milton Temer. Não temos dúvidas de que, se a militância partidária assumir essa proposta, o PSOL/RJ seguirá seu curso de coerência. Apontamos na necessidade de lutar no presente para mudar o futuro. Isso significa fazer do PSOL portador de um programa radical que a maioria da esquerda abandonou, negando os atalhos oportunistas e afirmando a necessidade de vocalizar a inversão das prioridades do Estado, colocando o público na frente do privado. Para tanto, é necessário romper com os modelos que trouxeram o país e o Rio de Janeiro até a crise atual. De tal maneira, Freixo com seu time de liberais é apenas uma nova embalagem que pleiteia governar de mãos dadas com a burguesia. Por isso, a hora é de cara própria, contra o bolsonarismo e a direita liberal, vamos juntos com Milton Temer, pré-candidato da esquerda socialista ao governo do Rio de Janeiro. E no primeiro turno da eleição presidencial, Glauber Braga – PSOL.


TV Movimento

Balanço e perspectivas da esquerda após as eleições de 2024

A Fundação Lauro Campos e Marielle Franco debate o balanço e as perspectivas da esquerda após as eleições municipais, com a presidente da FLCMF, Luciana Genro, o professor de Filosofia da USP, Vladimir Safatle, e o professor de Relações Internacionais da UFABC, Gilberto Maringoni

O Impasse Venezuelano

Debate realizado pela Revista Movimento sobre a situação política atual da Venezuela e os desafios enfrentados para a esquerda socialista, com o Luís Bonilla-Molina, militante da IV Internacional, e Pedro Eusse, dirigente do Partido Comunista da Venezuela

Emergência Climática e as lições do Rio Grande do Sul

Assista à nova aula do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento, com Michael Löwy, sociólogo e um dos formuladores do conceito de "ecossocialismo", e Roberto Robaina, vereador de Porto Alegre e fundador do PSOL.
Editorial
Israel Dutra e Roberto Robaina | 19 nov 2024

Prisão para Braga Netto e Bolsonaro! É urgente responder às provocações golpistas

As recentes revelações e prisões de bolsonaristas exigem uma reação unificada imediata contra o golpismo
Prisão para Braga Netto e Bolsonaro! É urgente responder às provocações golpistas
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 54
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional

Autores

Pedro Micussi