Mas a mão da Resistência vai tremer? A pergunta continua sem resposta
Resposta ao texto recente dos camaradas da Resistência/PSOL sobre a posição desta organização na próxima conferência eleitoral do partido.
Três dirigentes da Resistência escreveram uma resposta ao nosso texto recente cheia de desqualificações, mas sem nenhuma menção às questões apresentadas. Vamos repetir as perguntas: a Resistência votará pela participação num possível governo Lula, tal como defendem seus aliados internos no PSOL? Vão manter estas alianças? E, sobretudo, vão apoiar uma candidatura própria do PSOL em São Paulo ou apoiarão o PT?
Estas questões estão no centro do nosso debate. O texto recente dos camaradas da Resistência é um distracionionismo utilizado por esta organização como tática para não responder as questões simples colocadas acima. A fuga para o debate moral sobrou como último recurso para estes camaradas que, ao não conseguirem dizer publicamente o que farão na próxima conferência eleitoral do PSOL, tergiversam sobre uma situação fruto de suas próprias contradições.
Vamos aos temas concretos. A Resistência é a fiel da balança em duas votações que terão impacto enorme no futuro do PSOL: uma sobre a participação em futuros governos do PT e outra sobre o apoio às chapas do PT em aliança com a direita nos estados. Nenhuma cortina de fumaça pode esconder estes temas. Mas, ao invés de defender sua posição (que continua um mistério), os camaradas preferem fugir do debate real e se escandalizam com nossa polêmica sem ao menos argumentar contra ou apontar inconsistências.
Também é preciso dizer que não houve nenhum ataque ad hominem. O companheiro Valério Arcary fez sua intervenção na referida reunião internacional como representante da Resistência, e acreditamos que os revolucionários – na maioria das vezes – podem escrever o que falam. Obviamente não se trata de colocar em cheque a “sinceridade” pessoal do Valério (com certeza ele foi bastante sincero entre os camaradas de fora do país), mas de saber se a posição expressa pelo companheiro como representante da Resistência é a mesma posição de sua organização. Se for, basta afirmar isso e a polêmica está resolvida. Se não for, basta afirmar isso e a polêmica também está resolvida. Mas a Resistência simplesmente não consegue dizer nem “sim”, nem “não”, um fato quase inédito em nosso debate que já dura anos.
Temos elementos concretos para duvidar do que a Resistência fará . Se os camaradas são contra a participação em um possível futuro governo Lula, por que votaram a resolução dúbia da maioria sobre o tema mesmo sabendo quais são as intenções declaradas de Boulos e seus aliados? Se os camaradas são contra o apoio a uma formula de Haddad com a direita em SP, por que aceitam o Solidariedade na chapa? Por que apoiam Freixo do PSB no Rio de Janeiro? São questões simples para as quais não há resposta.
Qualquer leitor pode verificar nos textos citados pelos camaradas em sua réplica que não há resposta para estes temas. Esta sim é uma postura de “baixíssimo nível que deseduca a vanguarda”, afinal nossos grandes debates sempre versam mais sobre o conteúdo do que sobre a forma. E as acusações de “degeneração metodológica” sobre nossa organização não podem esconder o fato de que defendemos nossas posições claramente, não mudamos de posição de acordo com a platéia.
Mantemos a pergunta que não quer calar. A mão da Resistência vai tremer?