O PSOL Paraná terá cara própria
Resposta ao texto recente dos camaradas da Resistência/PSOL sobre a posição desta organização a respeito do debate eleitoral no estado do Paraná.
Recentemente a corrente Resistência lançou em seu site um texto onde defende explicitamente o apoio à candidatura de Roberto Requião, quadro histórico do MDB e hoje filiado ao PT, ao governo do Paraná. O texto começa com uma caracterização muito condizente com a leitura nacional que a organização em questão tem feito e que, até certo ponto, também temos acordo.
A tarefa número um do PSOL
A tarefa número um do PSOL nas eleições de 2022 sem dúvidas é derrotar Bolsonaro e nós não pouparemos esforços nessa batalha. Compreendendo que mesmo enfraquecido, Bolsonaro segue tendo reservas sociais e conta com a máquina do governo, concordamos que não podemos subestimar sua força e por isso estamos organizando e impulsionando em conjunto com amplos movimentos de ativistas e organizações a campanha Bolsonaro Nunca Mais. Porém, mais do que um debate eleitoral a respeito da tática para derrotar Bolsonaro, precisamos ter como horizonte a derrota do bolsonarismo, que irá seguir num provável novo governo de Lula. Nesse sentido, construir e fortalecer a nossa ferramenta partidária é fundamental para que não se repitam as condições que adubaram o terreno da extrema direita no Brasil.
O texto dos companheiros desenvolve a posição nacional da organização trazendo, inclusive, uma afirmação importante quanto à não participação em governos de colaboração de classes. Essa mensagem escrita de forma bastante clara neste texto é alentadora, pois na conferência eleitoral nacional do nosso partido a mesma firmeza não foi vista, quando a Resistência junto ao campo reformista que hoje ocupa a presidência do PSOL votou por adiar essa decisão. Sabemos da disposição por parte da Primavera e Revolução Solidária em serem parte dos governos petistas junto aos quadros históricos da direita e representantes burgueses. Nessa batalha pela preservação do sentido histórico do PSOL, a Resistência e o conjunto do campo Semente serão aliados determinantes para que o PSOL não caia na vala comum do oportunismo eleitoral.
No Paraná, nosso partido foi linha de frente na luta pelo impeachment de Bolsonaro desde o início da retomada das ruas. Participamos ativamente das construções dos comitês pelo Fora Bolsonaro e dos atos puxados pelas frentes e articulações nacionais que lotaram as ruas em 2021 e abriram uma janela de possibilidade real para a queda do governo. Assim como nos fizemos presentes em todas as mobilizações das categorias em luta contra o reacionário governo Ratinho. Infelizmente o setor que dirige o movimento de massas trabalhou incessantemente para que o ascenso das ruas arrefecesse e o debate fosse canalizado para a via eleitoral. Essa condição de quem não arredou o pé da luta nos dá tranquilidade e autoridade para apresentarmos uma candidatura própria no Paraná, assim como também seria importante termos a nível nacional.
Derrotar Bolsonaro e Ratinho
Tão importante quanto a derrota eleitoral de Bolsonaro será a luta para derrotar Ratinho no Paraná. Não precisamos aqui repetir a caracterização feita pelos companheiros da Resistência a respeito do governo Ratinho, temos acordo que esse é um dos governadores mais alinhados com o projeto bolsonarista e hoje dirige uma ampla coalizão reacionária e anti povo no nosso estado. Porém, o projeto apresentado ao redor da candidatura de Requião não é o mesmo do PSOL.
Requião, como muito bem colocaram os camaradas, ocupa um espaço à esquerda na política paranaense justamente pela fraqueza, marginalidade e submissão histórica da esquerda que deixou de se apresentar. Passando sobretudo pela marginalidade consciente que o PT do Paraná optou ter para alocar setores do MDB como seus aliados prioritários em seus governos. Nosso partido não pode se contentar em ser parte de um movimento cuja a principal expressão é símbolo de moderação e acordos. Precisamos nos conectar com o sentimento de indignação expresso nas ruas no último período, pois há espaço à esquerda desse regime político corroído.
Afirmar o PSOL e apresentar um programa socialista
O papel do PSOL neste processo será de construir um programa conectado com as demandas objetivas da classe trabalhadora. Com urgência para a resolução da crise social que assola a população do nosso estado. Contra a fome, a miséria, o desemprego e por dignidade.
Para isso precisaremos ser firmes contra a burguesia e às oligarquias do Paraná, apresentando uma proposta de enfrentamento aos privilégios com o fim das astronômicas isenções fiscais e propondo a abertura dos contratos escusos feitos por esse governo no âmbito da educação, da saúde e das estradas com os pedágios. Precisamos ser alternativa frente ao projeto que enxerga o palácio do iguaçu como um verdadeiro balcão de negócios. Para além disso, defender as bandeiras históricas da esquerda brasileira será fundamental: A defesa do funcionalismo público estadual, a Reforma agrária, demarcação de terras indígenas, defesa da natureza, pelas pautas democráticas do movimento negro, das mulheres e das LGBTQIA+. Só uma autêntica esquerda pode pautar esses temas com seriedade e elevar o nível da disputa eleitoral no primeiro turno. No segundo turno seguiremos atuando para que o atraso seja derrotado.
Vamos com a Professora Angela!
Para encabeçar e incorporar nosso programa, temos um nome que orgulha e empolga a militância do PSOL: A professora Angela Machado, símbolo da luta pela educação pública no nosso estado e a mulher mais votada do PSOL Paraná em 2020. Para além do nome, estamos construindo um programa colaborativo com diversos ativistas, movimentos, intelectuais e amigos do nosso partido. Nossa pré-candidatura já é uma realidade e tem crescido a cada dia a partir da garra e disposição dos militantes que constroem o PSOL no Paraná. Não à toa já pontuamos na primeira pesquisa divulgada.
Não à mentira e à baixaria nos debates
É lamentável que o documento escrito pelos companheiros descambe do meio para o fim para ataques e inverdades atribuídos à nossa condução à frente da direção estadual do PSOL Paraná. É impossível travar debates e polêmicas honestas quando o método é o da mentira. Essa postura em conjunto com uma política adesista e acrítica ao petismo talvez sejam os elementos definidores para o definhamento da Resistência no Paraná.
Não é verdade que tenhamos feito qualquer tipo de acordo com a Rede a nível local. A federação é uma política nacional que o PSOL aprovou da qual nossa corrente defendeu como medida defensiva frente a nefasta cláusula de barreiras que ataca os direitos políticos dos partidos ideológicos. Respeitamos os companheiros e companheiras que discordam da política da federação, mas não vale tudo para ganhar o debate. Os acordos feitos na federação são de ordem da direção nacional, e não local. Por isso, jogar no terreno da confusão e tentar induzir a militância partidária ao erro a partir de uma mentira baixa e desqualificada como faz o texto é contraproducente para o fortalecimento do PSOL.