Votar em Lula para derrotar Bolsonaro, mas confiar apenas na força da luta dos trabalhadores, do povo e da juventude
Nota da Executiva Nacional do Movimento Esquerda Socialista (MES-PSOL).
O Movimento Esquerda Socialista (MES), corrente fundadora do PSOL traz a público sua posição. Somos parte integrante do bloco de esquerda do PSOL, que conta com 44% da direção partidária e vamos dar uma batalha política de forma independente.
O MES coloca todas as suas forças militantes para derrotar Bolsonaro, o genocida que por uma verdadeira tragédia nacional acabou vencendo as eleições presidenciais de 2018. O déspota agora quer a reeleição para seguir seu projeto de genocídio e de destruição nacional, levando a retirada de direitos dos trabalhadores e a derrota dos movimentos críticos organizados. Sua reeleição seria, portanto, uma derrota da luta da classe trabalhadora, bem como institucionalizaria ainda mais a violência e a impunidade. Bolsonaro tem uma estratégia golpista e coloca seu movimento político a serviço dessa estratégia.
Lutamos pela derrocada do governo até agora sem esperar as eleições, razão pela qual impulsionamos as mobilizações pelo Fora Bolsonaro e fomos os proponentes do primeiro pedido de impeachment do carrasco, que contou com a assinatura de mais um milhão de pessoas. Infelizmente, a força que ainda detém a hegemonia nas correntes e partidos que reivindicam representar a classe trabalhadora, a direção do PT e seus satélites, há muitos meses fez a opção central de desativar as mobilizações de rua e levar o enfrentamento para o terreno eleitoral.
Em 2022 entramos neste terreno e agora a campanha está no centro da disputa nacional.
Os candidatos que nossa corrente apresenta pelo Psol terão como prioridade o chamado a votar contra Bolsonaro, e atualmente estamos organizando os comitês domésticos pelo Bolsonaro Nunca Mais. No interior do PSOL, defendemos que o partido deveria apresentar no primeiro turno seu próprio candidato e que a candidatura tivesse como prioridade atacar frontalmente a Bolsonaro e apresentasse as propostas do partido para sair da crise, como a revogação das reformas neoliberais e a taxação das grandes fortunas. Usar o espaço do PSOL para atacar Bolsonaro e organizar sua militância seria a melhor forma de ajudar na eleição de Lula, que reconhecemos ser o único nome que hoje pode derrotar Bolsonaro. 56% contra 44% preferiu abrir mão do tempo e do espaço do PSOL para apoiar Lula desde o primeiro turno.
Nossa corrente não só respeita a decisão da Conferência Eleitoral Nacional do PSOL, como também estará na campanha do candidato a presidente Luis Inácio Lula da Silva. Mas ao contrário deste setor do PSOL, que tem tido como eixo de seu chamado ao voto o apoio às formulações do programa e da política do PT, apresentando Lula como líder da esquerda, nosso chamado ao voto será centrado na explicação de que Bolsonaro não pode seguir. Para conquistar uma vida melhor, é preciso impedir que os espaços democráticos sejam confiscados. O caminho da mudança passa por derrotar Bolsonaro, com mobilização de modo organizado para seguir lutando depois das eleições para combater a extrema-direita e pelas demandas populares que somente serão obtidas na luta independente, sem confiar nas classes dominantes e seus governos, sejam eles dito de direita ou de esquerda.
Por isso entramos na campanha sem qualquer negociação por cargos e participação num futuro governo. A decisão da conferência nacional do partido não autoriza negociações dessa ordem e seremos vigilantes quanto à sua aplicação. Agora é mãos à obra.