Pela independência de classe do PSOL: não à aliança com Cesar Maia e o PSDB

Pela independência de classe do PSOL: não à aliança com Cesar Maia e o PSDB

Oposição de Esquerda do PSOL se pronuncia sobre a possível aliança Freixo-Maia.

Nos últimos dois dias, a imprensa burguesa, em especial as mídias do Grupo Globo, vem noticiando o convite de Marcelo Freixo a César Maia para vice na chapa ao Governo do Estado do Rio de Janeiro. Esse movimento não é surpreendente, uma vez que Freixo decidiu romper com o PSOL justamente por conta da defesa de uma política que se materializava numa “frente ampla” que pudesse reunir esquerda e setores da direita liberal, tendo como horizonte um acordo com Eduardo Paes.

No entanto, assim como Ceciliano não quis abrir passagem para Molon, Paes não abriu passagem para Freixo e manteve seu jogo próprio no Rio, lançando Santa Cruz para o governo e deixando uma janela aberta para um plano B ao redor de si. Contudo, Freixo não alterou seu discurso: pelo contrário, sua candidatura está totalmente balizada na ideia de vencer Cláudio Castro (candidato abraçado pelo bolsonarismo) e governar com quadros da burguesia brasileira. Não é à toa que nomes como de Armínio Fraga, André Lara Resende e Raul Jungmann estão cotados para sua equipe de notáveis. Porém, isso não foi o bastante, já que as pesquisas apontam empate técnico entre Freixo e Castro. Quer dizer, segundo a estratégia de Freixo, é preciso agregar aliados à direita para que sua candidatura ganhe viabilidade no segundo turno para vencer as eleições.

Essa é a natureza dos movimentos de Freixo. Fazer uma guinada programática à direita para governar com uma parte importante da burguesia fluminense. A figura representante deste setor seria César Maia, o primeiro prefeito do Rio de Janeiro a defender abertamente as milícias e um dos maiores responsáveis pelo avanço destes grupos.

Por isso, sob essa caracterização, defendemos na Conferência Eleitoral do PSOL/RJ que o partido tivesse candidatura própria no 1º turno e apresentasse um programa com independência de classe, com a moral de ser o partido de Marielle e o maior partido da esquerda do Estado. Essa posição, diante de uma eleição de dois turnos, não traria prejuízo algum no combate ao bolsonarismo e a unidade no segundo ao redor do voto anti-Castro. Pelo contrário, essa posição colocaria o PSOL, de cara própria e com seu programa, nos programas de TV e rádio e nos debates entre os candidatos ao governo.

Entretanto, por 20 a 15, no universo de 35 membros do Diretório Estadual, foi aprovada a aliança com Freixo sem qualquer debate digno de nota acerca da política e do programa dessa coligação. A maioria que votou por essa posição (Insurgência, Revolução Solidária, Primavera, Subverta e Independentes) não levou em conta a possibilidade de Freixo apresentar uma fórmula que formalmente, para além do conteúdo político, inviabiliza a presença do PSOL na chapa. Acontece que Freixo nunca escondeu, até mesmo dentro do partido, que buscava uma ampliação com setores orgânicos da burguesia como estratégia eleitoral e como horizonte de governo. A queda de braço com Castro e Paes conduziu as águas para o moinho da família Maia. Assim, a fórmula Freixo-Maia, PSB na cabeça e PSDB na vice, está ganhando materialidade com declarações na imprensa do próprio Freixo afirmando que deseja Cesar Maia como vice.

Onde o PSOL fica nisso? A maioria do partido parece optar pela “arquibancada” e torcer, paradoxalmente, por Eduardo Paes, na missão de tirar o clã dos Maia da rede jogada por Freixo e, assim, as coisas voltarem ao “normal”. Evidentemente, essa posição não corresponde à estatura e responsabilidade política do PSOL no Rio de Janeiro. Pelo contrário, o imobilismo desmoraliza e torna o partido refém dos acontecimentos protagonizados por terceiros. De nossa parte, defendemos que é necessário o PSOL/RJ se posicionar diante dos fatos, adotando a posição objetiva e clara de que o Partido Socialismo e Liberdade não compõe coligação com Cesar Maia e o PSDB. Para tanto, reivindicamos que a Executiva Estadual seja convocada imediatamente, a fim de que o debate seja feito, para que o PSOL deixe claro que não fará parte de uma possível aliança Freixo-Maia. Tal movimento obriga nosso partido a uma inflexão, na qual a única opção é a candidatura própria.


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