Ministério Público vê motivação política em crime que vitimou político de Foz do Iguaçu
Procuradores discordam do inquérito policial na denúncia contra o bolsonarista Jorge Guaranho
Na tarde de quarta-feira (20), o Ministério Público do Paraná ofereceu denúncia contra o policial penal Jorge Guaranho, que assassinou a tiros o dirigente petista Marcelo Arruda, no último dia 9 de julho, em Foz do Iguaçu. Apesar de a acusação contar com dados da investigação produzida pela Polícia Civil, a acusação contrariou a conclusão do inquérito e admitiu que a motivação do crime foi “preferência político-partidária antagônica”.
O resultado foi celebrado por familiares de Arruda, além de parlamentares da oposição, preocupados com a escalada da violência insuflada pelo governo Bolsonaro.
“Decisão importante em meio a esse cenário de violência que o Bolsonarismo incita no país!”, comentou a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS).
Dias após o crime, PSOL e outros partidos, como Rede, PC do B, PSB, PV e Solidariedade, entregaram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) uma ação acusando o presidente de incitar a violência ao proferir discursos de ódio. Os partidos argumentam que as falas do presidente “configuram-se em estímulos psicológicos que vão construindo no imaginário de seus apoiadores e seguidores a desumanização do opositor”.
“Essa prática reiterada durante seus atos de pré-campanha, agendas institucionais, e aparições nas redes sociais vão reforçando no imaginário comum de seus apoiadores a prática da violência, não só ‘no sentido figurado’, mas efetivamente praticada”, diz um trecho da ação.
O crime
No dia 9 de julho, Jorge José da Rocha Guaranho matou Marcelo Arruda a tiros, após invadir sua festa de aniversário, cuja temática era dedicada a Lula e ao PT. O bolsonarista se dirigiu ao local do evento sabendo previamente o tema da festa, na intenção de provocar os presentes – tanto que, em seu carro, tocava um jingle da campanha do presidente da República.
Após altercação com o aniversariante, que jogou terra em seu veículo, Guaranho prometeu retornar. Quando voltou, estava armado. Os promotores citaram uma testemunha que relatou ter ouvido Guaranho gritar “aqui é Bolsonaro” antes de matar o petista.
Para a Polícia Civil, a ida do réu ao local teve motivação política, mas seu retorno e o crime em si, seriam resultado de uma suposta humilhação imposta por Arruda. O MP discorda.
“Nós entendemos que esse retorno se deu em razão desse mesmo motivo fútil que integra toda a conduta. Nós não podemos desmembrar a conduta do agente como fútil ou torpe e no outro momento entender que essa motivação foi por um sentimento de humilhação”, disse o promotor Tiago Lisboa Mendonça.
Também atingido por tiros, Guaranho teve alta da UTI do Hospital Ministro Costa Cavalcanti e sob escolta policial. Ele está preso preventivamente e sob escolta policial. Ele será levado a júri popular e sua pena pode chegar a 30 anos de reclusão.