STF mantém suspensão do piso da Enfermagem

STF mantém suspensão do piso da Enfermagem

Lei fica suspensa até governos informarem impacto financeiro.

Tatiana Py Dutra 20 set 2022, 10:48

Em julgamento realizado na quinta-feira (15/9), o Supremo Tribunal Federal (STF) manteve a suspensão da lei que criou o piso salarial dos profissionais de Enfermagem. Foram 7 votos a 4. A legislação, que fixa os valores mínimos de remuneração para enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e parteiras foi aprovada em julho pelo Congresso e sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) no mês seguinte.

A maioria da Corte  seguiu a decisão individual do ministro Luís Roberto Barroso, no início do mês, em favor de uma ação apresentada pela Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos e Serviços (CNSaúde). A entidade questiona a validade da medida e argumenta que o piso terá impactos nas contas de unidades de saúde particulares pelo país e nas contas públicas de estados e municípios.

No entendimento de Barroso, ao conceder a liminar, o Congresso Nacional e o governo federal não debateram as fontes de custeio. O ministro também viu riscos para empregabilidade no setor e eventual redução na qualidade dos serviços.

A lei estabelecia salário-base de R$ 4.750 para enfermeiros, R$ 3.325 para técnicos de enfermagem e R$ 2.375 para auxiliares e parteiras. O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e o Conselho Nacional de Saúde (CNS) consideram os valores viáveis. Estudo elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que o impacto adicional para todos os setores (público, privado e instituições filantrópicas) seria de R$ 958,3 milhões mensais, ou R$ 15,8 bilhões anuais. O incremento médio adicional anual seria de 2,08% da massa salarial do conjunto dos setores analisados, já considerando os encargos sociais.

Por outro lado, a CNSaúde, a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB) e outras entidades do setor alegam que, com os impactos da lei, as folhas de pagamento vão crescer, em média, em 60%, implicando na extinção de mais de 83 mil postos de trabalho, fechamento de mais de 20 mil leitos e aumento em 12% no valor dos planos de saúde. A também ameaça demitir um quarto dos 143,3 mil profissionais de enfermagem ligados à Estratégia de Saúde da Família pelas prefeituras, o que deixaria 35 milhões de brasileiros sem assistência.

Estados, municípios e União têm prazo de 60 dias para informar ao STF os impactos da aplicação do piso em situação financeira, empregabilidade e qualidade dos serviços para que o tema volte a ser debatido na Corte.

Mobilização da categoria

Segundo o Dieese, 56% dos enfermeiros recebem menos de R$ 4.750, enquanto 85% dos técnicos de enfermagem ganham menos que R$ 3.325, e 52% dos auxiliares de enfermagem recebem abaixo do piso de R$ 2.375. Parlamentares do PSOL argumentam que o respeito ao piso mínimo seria uma justa valorização de uma categoria que esteve na linha de frente no tratamento das vítimas da Covid-19, arriscando as próprias vidas no cuidado com os doentes.

“O lobby de grandes empresários não pode prevalecer sobre os direitos de quem sustenta a saúde no país! Contem comigo na luta pra fazer valer o que é um direito básico!”, afirma a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP).

A deputada estadual Luciana Genro (PSOL-RS) promete se unir à mobilização dos profissionais da saúde para garantir que o salário base entre em vigor.

“[O STF está] massacrando uma categoria que levou o país nas costas durante a pandemia. Mas essa luta já vem acontecendo há 30 anos, não vai ser agora que vamos parar. Os trabalhadores da saúde merecem valorização!”, diz.

‘Dinheiro, tem’

Após a decisão liminar, o ministro Barroso se reuniu com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para discutir uma saída. Segundo material divulgado pelo STF, há três possibilidades de financiamento para o piso da enfermagem: a correção da tabela do SUS, a desoneração da folha de pagamentos do setor ou a compensação da dívida dos estados com a União.

Para a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS), a fonte de custeio para garantir a remuneração pode ser outra:

“Dinheiro, tem! Basta tirar dos R$ 16 bilhões do orçamento secreto desse governo de criminosos e corruptos!”.


TV Movimento

Balanço e perspectivas da esquerda após as eleições de 2024

A Fundação Lauro Campos e Marielle Franco debate o balanço e as perspectivas da esquerda após as eleições municipais, com a presidente da FLCMF, Luciana Genro, o professor de Filosofia da USP, Vladimir Safatle, e o professor de Relações Internacionais da UFABC, Gilberto Maringoni

O Impasse Venezuelano

Debate realizado pela Revista Movimento sobre a situação política atual da Venezuela e os desafios enfrentados para a esquerda socialista, com o Luís Bonilla-Molina, militante da IV Internacional, e Pedro Eusse, dirigente do Partido Comunista da Venezuela

Emergência Climática e as lições do Rio Grande do Sul

Assista à nova aula do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento, com Michael Löwy, sociólogo e um dos formuladores do conceito de "ecossocialismo", e Roberto Robaina, vereador de Porto Alegre e fundador do PSOL.
Editorial
Israel Dutra | 21 dez 2024

Braga Netto na prisão. Está chegando a hora de Bolsonaro

A luta pela prisão de Bolsonaro está na ordem do dia em um movimento que pode se ampliar
Braga Netto na prisão. Está chegando a hora de Bolsonaro
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 54
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional

Autores

Pedro Micussi