Em Pernambuco, PSOL opta pelo voto crítico em Marília Arraes
Decisão à favor da chapa do Solidariedade contrapõe apoio do bolsonarismo à candidata Raquel Lyra (PSDB)
O povo pernambucano encerrou o ciclo de um governo do PSB e, embora tal partido reivindique ser do campo progressista, aos longos dos seus 16 anos, desenvolveu e demonstrou diversas contradições. Seu governo aprofundou o sucateamento na área da saúde, desvalorização do servidor público, perseguição aos sindicalistas e qualquer membro que fosse adepto da oposição. Portanto, depois de décadas à mercê de uma hierarquia familiar, o povo pernambucano disse não ao modelo de governo do PSB.
Ao estender essa visão ao âmbito nacional, tiramos algumas conclusões sobre o povo pernambucano. No macro, a região ainda é uma trincheira de resistência ao sentimento conservador que se instaurou na sociedade, apesar do crescimento do bolsonarismo, que chegou a atingir 18% dos votos dos pernambucanos, isso a nível majoritário. Em nível proporcional, tem um crescimento nas cadeiras legislativas tanto para Estadual e Federal.
Outro aspecto é a manutenção da força que Lula demonstrou no estado de Pernambuco, que culminou na eleição de sua candidata ao Senado, Teresa Leitão (PT). Até então desconhecida no cenário nacional, atingiu quase 50% dos votos ante ao bolsonarismo. É uma militante histórica da área da Educação, ocupando por diversos mandatos a cadeira de deputada, mas sem protagonismo na esfera nacional.
Ademais, para o PSOL, foi vista uma redução de votos nominais em chapas estaduais e federais. Entretanto, a sigla teve êxito na manutenção de sua cadeira, que avaliando de forma externa, foi uma vitória importante para seguir realizando o trabalho em Pernambuco. Tivemos uma renovação do mandato coletivo da codeputadas Juntas (PSOL), que não teve grande expressão, e o sintoma disso foi uma renovação por uma candidatura em que elegeram uma mulher negra e feminista que havia obtido mais de 14 mil votos em 2020: Dani Portela (PSOL), que terá uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (Alepe).
Ainda sobre a candidatura majoritária, o PSOL também sofre uma hidratação por conta da pressão. Nosso voto social migrou para a candidatura de Marília Arraes, que no imaginário popular, tem uma relação com o partido. Isso vem após inúmeros possíveis eleitores do PSOL, que se mostraram atentos com a possibilidade de não deixar que o candidato bolsonarista Anderson Ferreira (PL) fosse para o segundo turno, além de impedir que o PSB se mantivesse no poder por mais quatro anos. O voto social do PSOL migrou nas duas candidaturas que poderiam ir para o segundo turno, sendo elas Marília Arraes (Solidariedade) e Raquel Lyra (PSDB).
Neste segundo turno, as eleições de Pernambuco ganharam outro contorno. Os votos do bolsonarismo e dos apoiadores mais conservadores e reacionários subiram para o palanque da candidata Raquel Lyra, e ficou muito claro que Marília Arraes representa mais esse campo progressista. Momentos após o primeiro turno das eleições, lideranças de alguns partidos já começaram a declarar apoio à Raquel para o segundo turno. Entre eles, os prefeitos (as) Nicinha Melo (MDB), de Tabira; Gilvandro Estrela (União Brasil), de Belo Jardim; Zé Maria (União Brasil), de Cupira; Marcelo de Alberto (PSD), de Inajá; Keko do Armazém (PL), do Cabo de Santo Agostinho; e Dona Graça (PSDB) ,de Catende. Raquel Lyra também recebe apoio de cinco prefeitos do PSB de municípios do interior do Estado: Ruben Lima Barbosa, de Panelas; Orlando José, de Altinho, Josué Mendes, de Agrestina; Gustavo Adolfo, de Bonito; e Anchieta Patriota, de Carnaíba. Outros nomes de peso do cenário político local que estão apoiando Raquel Lyra são: Gilson Machado (PL), ex-Ministro do Turismo; deputado federal Daniel Coelho (PSDB); e deputado federal Mendonça Filho (União Brasil).
O PSOL-PE tomou a decisão do voto crítico em Marília Arraes, e isso é muito importante. Precisamos combater o Bolsonarismo em nosso Estado.