Bolsonarismo: investigar, julgar e punir
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Bolsonarismo: investigar, julgar e punir

Não se pode normalizar a barbárie, o autoritarismo, o discurso de ódio, os pedidos de golpe militar e as saudações nazistas

Luciana Genro 7 nov 2022, 15:54

Bolsonaro foi derrotado. Mesmo com toda a utilização da máquina pública a seu favor, cujo ápice foram os bloqueios da PRF no dia da eleição. Mesmo com boa parte da patronal chantageando seus empregados. Mesmo com a enxurrada de fake news. Mesmo com os púlpitos das igrejas virando palanques bolsonaristas. Tudo isso não foi suficiente. Bolsonaro foi o primeiro presidente que concorreu à reeleição e perdeu.

Mas sua derrota eleitoral não significa o fim do bolsonarismo, como mostram as patéticas manifestações golpistas dos últimos dias. A ascensão da extrema direita é um fenômeno mundial cujas múltiplas razões vão além do objeto deste artigo. O fato é que o combate a esta vertente política que defende ditadura, discriminação a negros, LGBTs e mulheres, eliminação física da esquerda e de outros grupos divergentes precisará seguir. O resultado eleitoral nos deixa em melhores condições para essa luta. A vitória de Lula expressou um movimento democrático tão importante quando a unidade para enfrentar a ditadura imposta de 1964 a 1984. 

Muitas lições para hoje podemos resgatar daquele processo. Uma das mais importantes é não repetir a impunidade. O Brasil não fez como deveria a persecução penal e a responsabilização dos políticos e agentes públicos que agiram criminosamente durante a ditadura. Este foi, sem dúvida, um dos elementos que permitiram prosperar uma extrema direita golpista, reacionária, violenta e autoritária. 

A lista dos crimes de Bolsonaro e seus seguidores é ampla: omissão deliberada e negacionista no combate à pandemia, violência política e eleitoral, escândalos de corrupção acobertados por sigilos de 100 anos, ataques ao trabalho da imprensa, a tentativa de voto de cabresto através da pressão empresarial sobre seus empregados e as mobilizações golpistas após a vitória de Lula. Jair Bolsonaro é responsável direto pelo estado de delinquência política instalado no país. É preciso investigar seus crimes e garantir que ele responda por tudo que fez. Mas não apenas ele: todos os líderes nacionais e regionais que se envolveram em crimes devem ser investigados, da política à iniciativa privada, em um esforço que envolva o conjunto da sociedade e suas organizações.  

Não se trata de revanchismo, muito menos de vingança. É sobre a defesa das liberdades democráticas e dos avanços civilizatórios que conquistamos até aqui e que são colocados em xeque pelos delinquentes políticos da extrema direita. Não se pode normalizar a barbárie, o autoritarismo, o discurso de ódio, os pedidos de golpe militar e as saudações nazistas. É preciso agir: investigar, julgar e punir. Verdade, Memória e Justiça, para que nunca mais aconteça!


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