CPI dos Atos Antidemocráticos entra em atividade em Brasília
Comissão proposta pelo PSOL e partidos de oposição a Ibaneis Rocha vai investigar omissões de autoridades públicas em atividades terroristas ocorridas entre dezembro e janeiro
Dez dias depois do 8 de janeiro, quando uma horda de bolsonaristas espalhou destruição pelos prédios da Praça dos Três Poderes, a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) promoveu reunião extraordinária. De forma unânime, os parlamentares decidiram pela instauração de uma CPI para investigar responsabilidades e conivências. Porém, as atividades da comissão só começaram ontem (7), quase um mês depois.
Segundo o deputado distrital Fabio Félix, a demora na instalação ocorreu em função da disputa pelo comando da CPI. Segundo ele, a maioria dos parlamentares da CLDF faz parte da base aliada do governador afastado, Ibaneis Rocha (MDB) e manobra para garantir para o bloco a presidência e a relatoria da comissão – mesmo que a iniciativa de instalá-la tenha partido de partidos de oposição (PT e Psol/PSB).
“A CPI dos atos golpistas já deveria estar funcionando desde a semana passada, quando nós da oposição exigimos uma divisão igualitária dos cargos dirigentes. A base não topou ceder”, contou Félix ao portal Congresso em Foco.
Conforme o deputado, o esforço da maioria em tomar o poder na CPI tende a proteger atores do governo e das forças de segurança do DF, omissas nos atos do dia 8 de janeiro e também em 12 de dezembro. No dia da diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), bolsonaristas incendiaram carros e ônibus no centro de Brasília, e ameaçaram invadir o prédio da Polícia Federal. Mesmo assim, ninguém foi preso.
“Se a própria Secretaria de Segurança Pública do DF já tinha identificado o caráter golpista e violento desses atos, por que deixou de agir?”, questiona o deputado.
Definições
Em reunião a portas fechadas, realizada na tarde desta terça-feira, enfim foram definidos os sete membros titulares da CPI dos Atos Antidemocráticos. O deputado Chico Vigilante (PT) foi eleito presidente, e a deputada Jaqueline Silva (sem partido), vice. A relatoria ficou com Hermeto (MDB), conforme indicação do presidente. Fabio Félix é o segundo nome da oposição a integrar o grupo.
“Todo mundo concedeu um pouco, e agora teremos de responder à sociedade”, avaliou o deputado. “Com uma atuação independente e firme, a comissão pode entrar para a histórica como um espaço no poder legislativo que ajudou a defender a nossa democracia”.