Santo Dias da Silva, um camponês e operário
Uma homenagem ao operário assassinado pela ditadura militar brasileira.
Da Luta ao Luto
Santo Dias nasceu no dia 22 de fevereiro de 1942 no município de Terra Roxa, interior de São Paulo. Nessa época, ele já participava de atividades religiosas da Igreja Católica. Enquanto viveu em Terra Roxa, trabalhou como meeiro em diversas fazendas, sendo expulso com sua família de uma delas, por conta de sua participação na luta por melhores condições de trabalho e contra a exploração no campo.
Santo Dias participou da Pastoral Operária, uma pastoral social que defende os interesses dos trabalhadores, bem como a aproximação da Igreja com eles, através da evangelização e reflexão. A Pastoral Operária surgiu em um contexto de difusão das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), na qual Santo também participou.
Em 1962, Santo Dias se mudou para Santo Amaro, zona sul da capital paulista. No ano seguinte, consegue um emprego na indústria Metal Leve, e, vendo as péssimas condições de trabalho, baixos salários e falta de possibilidades de crescimento dentro da empresa, começa a sua luta dentro do movimento sindical.
Em 1969, Santo se muda para o Jardim Santa Margarida, mais ao sul de São Paulo, no atual distrito do Jardim Ângela. Lá, desenvolveu um papel importante como líder comunitário, participando de ações como o Movimento Custo de Vida, ao lado de sua esposa Ana. Esse movimento lutava contra o aumento do custo de vida, vivido na década de 70, em plena Ditadura Militar.
Santo Dias participou ativamente de muitas lutas, sobretudo a luta no Sindicato dos Metalúrgicos.
Inclusive, chegou a ser vice-presidente da chapa Oposição Sindical Metalúrgica, no ano de 1978, mas não venceu. Na época, Santo e sua chapa faziam fortes críticas ao peleguismo presente no sindicato, liderado pela chapa de Joaquim Santos Andrade. O Joaquinzão.
Durante os anos de chumbo, Participou da organização de diversas greves e foi perseguido pelo Governo da ditadura militar, por sua participação na luta pelos trabalhadores, chegando a ser demitido por empresas que conheciam suas ações.
Santo era conhecido por seu aspecto carismático e, ao mesmo tempo, combativo.
No dia 30 de outubro, durante um piquete na Fábrica Sylvania, também na Zona Sul, Santo Dias é assassinado por um policial militar, aos 37 anos. Deixou dois filhos e esposa.
Em vez de calar os operários, a morte de Santo Dias fortaleceu a voz e a força daqueles que trabalhavam no chao da fábrica e que lutam por um sindicato autônomo e independente de governos patrões.
A história de Santo dias, se confunde com a história e com a luta da classe operária, que diante das mazelas do sistema vigente, não lhes restam outra alternativa, a não ser se organizar e lutar por uma sociedade mais justa e igualitária.
Santo Dias, presente hoje e sempre.