Detenção de Ahmed Shehada ainda carece de explicação
Presidente do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal) foi detido e interrogado na Colômbia. Agentes norte-americanos teriam participado de interrogatório
Após intensa movimentação política e diplomática, o presidente do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal), Ahmed Shehada foi deportado para o Brasil no sábado (18/03). Ele foi detido na quinta-feira (16) ao desembarcar no Aeroporto de Tocumen, para conexão com destino a Barranquilla, da conferência para a União Palestina na América Latina. Ahmed teve seu passaporte brasileiro recolhido e passou por interrogatório conduzido pela inteligência local e também por agentes norte-americanos, segundo relatos.
O presidente da Ibraspal, que tem cidadania brasileira, ficou sob custódia das autoridades locais por mais de 24 horas. Ahmed vem de uma família de mártires e é impedido de retornar à Palestina. Segundo pessoas próximas, não há justificativa – exceto perseguição política – para a detenção, já que ele não tem antecedentes ou mesmo processos contra ele.
Ainda na quinta-feira, as deputadas Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e Fernanda Melchionna (PSOL-RS) pediram ao governo brasileiro que intercedesse junto às autoridades panamenhas para garantir a pronta liberdade Ahmed. Por meio de ofícios enviados ao Itamaraty e à embaixada no Panamá, as parlamentares ainda pediram a apuração das causas da detenção.
Conluio
Ao site Middle East Monitor, o vice-presidente do Ibraspal, Sayid Marcos Tenório, declarou que “o Estado do Panamá está sob ocupação americana”, no qual cooperam serviços secretos americanos e israelitas.
“A perseguição a Shehada por este Estado é uma medida absurda que viola os seus direitos como cidadão brasileiro de origem palestina”, afirmou.
A Federação Árabe-Palestina do Brasil (FAPB) divulgou nota agradecendo ao Brasil por sua ação a respeito “sem os quais o desfecho do episódio poderia ter sido mais grave”. Já o Movimento Pelos Direitos do Povo da Palestina e pela Paz no Médio Oriente (MPPM), que tem desenvolvido acções de cooperação com o Ibraspal, manifestou solidariedade a Ahmed e expressou indignação “por esta arbitrariedade que não deverá ser dissociada da campanha que está a ser orquestrada em todo o mundo para tentar silenciar as pessoas e organizações que denunciam as acções criminosas do Estado de Israel para com o povo palestino”.