Estudantes ocupam prédios da UFRGS em Porto Alegre e Tramandaí
Movimento demanda destituição de interventores e criação de Casa do Estudante no Litoral Norte
Um episódio histórico no movimento estudantil se desenrolou na manhã desta sexta-feira (10/03) no Rio Grande do Sul. Simultâneamente, estudantes ocuparam a reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, e o prédio da Colônia de Férias da instituição em Tramandaí, no Litoral Norte. A iniciativa foi protagonizada pelo DCE, coletivos estudantis e pelo Juntos.
Na Capital, o ato ocorreu durante reunião do Conselho Universitário (Consun), presidida pela vice-Reitora Patrícia Pranke.
‘O movimento estudantil estava do lado de fora querendo acompanhar a sessão para pressionar pelo andamento do processo de destituição, via Conselho Universitário, do reitor Carlos André Bulhões Mendes”, conta o estudante Patrick Veiga, do Juntos.
O processo de destituição foi movido em 2021, pelo ex-reitor Rui Oppermann, e pela ex-reitora Jane Tutikian. Eles formavam a chapa mais votada da lista tríplice nas eleições para a direção da universidade, mas a vitória não foi reconhecida pelo então presidente Jair Bolsonaro, que determinou a condução de Bulhões e Pranke à reitoria.
Em agosto de 2021, o Conselho Universitário aprovou o pedido de destituição dos interventores. A decisão foi encaminhada ao Ministério da Educação (MEC), mas foi negada pela gestão do Milton Ribeiro.
No litoral
Simultaneamente, um grupo de estudantes ocupou a Colônia de Férias da UFRGS em Tramandaí. O espaço foi fechado e passado pela Pró-Reitoria de Inovação, criada pela gestão interventora, e não reconhecida pela Consun. O plano seria construir no local um Centro de Inovação. Porém, o corpo discente reivindica que o espaço seja transformado em Moradia Estudantil, uma demanda antiga da comunidade do Campus Litoral.
“O alto custo de moradia aliado às dificuldades envolvendo deslocamento entre os campi torna muito complicada a permanência estudantil desses estudantes”, comentou um estudante, acrescentando que o Consun não aprovou o Centro de Inovação. “Os interventores bolsonaristas, que assumiram mesmo sem qualquer respaldo da comunidade, têm histórico de ignorar as decisões da comunidade e tomar decisões a portas fechadas, sem diálogo. Sabemos que os seus interesses estão muito mais alinhados aos abutres do capital privado”, afirma.
Em nota, o DCE da UFRGS disse querer “debater coletivamente o orçamento da UFRGS. Queremos que os interesses da comunidade acadêmica sejam a verdadeira prioridade. Não iremos recuar em nossas demandas, aconteça o que acontecer. Somente a luta coletiva radicalizada pode nos trazer a vitória”.
Encaminhamentos
Após a entrada dos estudantes na reunião do Consun, a vice-Reitora Patrícia Pranke suspendeu a reunião e chamou a Brigada Militar. O encontro dos conselheiros, porém, foi assumido pela decana Liane Loder que negociou a saída dos discentes.
A reunião do conselho foi transferida para o prédio do Centro de Educação e, ficou alinhavada uma reunião de uma comissão de estudantes com a vice-reitora para apresentar pautas como o descongelamento do valor de bolsas na UFRGS.
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A comissão ainda pretende levar as reivindicações de destituição dos reitores, carência de moradia estudantil e transparência no orçamento da UFRGS ao Ministério da Educação, com intermédio da deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS).